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SXSW

E se juntarmos IA com computação quântica?

Com essa IA revolucionária ao nosso alcance, podemos transcender as limitações do trabalho tedioso e atingir níveis elevados de criatividade, empatia e conexão


23 de março de 2023 - 17h49

Inteligência artifical de biometria por voz

Crédito: Shutterstock

A inteligência artificial esteve entre os principais temas do SXSW 2023. Foram apresentadas diversas aplicações em que a IA tem potencial para aumentar a eficiência, produtividade e qualidade de vida das pessoas. Também foram debatidos os riscos que ela pode trazer para o nosso cotidiano pessoal e profissional. É consenso que a IA possui um potencial transformador — e que estamos no início de uma revolução que afetará muitos aspectos da nossa vida, assim como das próximas gerações. Ao mesmo tempo, os avanços nas pesquisas em computação quântica chamaram a atenção e sinalizam uma capacidade computacional ainda não experimentada e um maior entendimento sobre a modelagem e o funcionamento do universo. Assim, surge a pergunta: qual será o impacto dos avanços da computação quântica na inteligência artificial?

A IA é uma área da ciência da computação que tem como objetivo criar algoritmos e sistemas que possam simular a inteligência humana, com capacidades como raciocínio, aprendizado, percepção e tomada de decisões. No entanto, a popularização de tecnologias de IA Generativa — como o ChatGPT — tem levantado questões éticas e de transparência sobre o viés presente nessas aplicações. A principal limitação ou desafio a ser enfrentado é a reprodução de preconceitos humanos, uma vez que as IAs aprendem a partir das bases de dados nas quais são treinadas. Se essas bases não forem devidamente equilibradas e verificadas quanto à qualidade, poderá reproduzir vieses e apresentar resultados que não condizem com a realidade. Assim, a ética e a transparência por parte das empresas responsáveis pelo desenvolvimento e implementação dessas tecnologias são fundamentais para garantir a confiabilidade e o impacto positivo da IA em nossa sociedade.

Já a computação quântica — um campo promissor e em rápido crescimento dentro da ciência da computação — se baseia nos princípios e propriedades da mecânica quântica para desenvolver sistemas de processamento de informações muito mais poderosos do que os computadores clássicos. Esses computadores quânticos operam com qubits, que são unidades de informação quântica, em vez dos bits tradicionais utilizados em computadores clássicos. O ganho de performance vem da natureza quântica dos qubits, que permite que eles existam em múltiplos estados simultaneamente, resultando em um poder de processamento paralelo extraordinário. Embora a computação quântica ainda enfrente desafios na construção de hardware e na qualidade dos qubits — que são extremamente sensíveis a variações de temperatura e campos magnéticos —, ela foi apontada no SXSW como a plataforma computacional do futuro.

O ganho de escala na computação quântica revolucionará a inteligência artificial, permitindo que os modelos de aprendizado de máquina — que é como as IAs aprendem — sejam treinados muito rapidamente. Isso possibilitará que os algoritmos realizem tarefas mais complexas, uma vez que os modelos poderão contar com mais variáveis ao mesmo tempo e com lacunas de aprendizado muito pequenas, aprendendo quase em tempo real. Além disso, a computação quântica permitirá representações mais ricas de dados, tornando o registro e, consequentemente, o aprendizado mais complexo e abrangente. Contudo, o potencial transformador, quando aplicado de maneira positiva, é igualmente capaz de causar destruição se utilizado para fins mal-intencionados. Acredita-se que ocorra um potencial colapso nos sistemas de criptografia e um aumento significativo de cibercrimes e deep fakes (manipulações de imagem e vídeo altamente realistas) gerados em tempo real.

É fundamental que governos, empresas e pesquisadores trabalhem em conjunto para desenvolver políticas, regulamentações e medidas de segurança que assegurem o uso ético e responsável da inteligência artificial e da computação quântica. Essa colaboração é vital para reduzir os possíveis impactos negativos, ao mesmo tempo que nos possibilita desfrutar dos benefícios dessas tecnologias inovadoras. A integração entre IA e computação quântica tem potencial para criar uma inteligência artificial excepcional e eficiente, capaz de melhorar a própria humanidade. Ao eliminar tarefas monótonas e repetitivas, essa união tecnológica proporciona a chance de nos concentrarmos no essencial: sermos genuinamente humanos e aprimorarmos nossas relações interpessoais.

Com essa IA revolucionária ao nosso alcance, podemos transcender as limitações do trabalho tedioso e atingir níveis elevados de criatividade, empatia e conexão — construindo um futuro mais brilhante para todos. Entretanto, é igualmente crucial que nós, enquanto indivíduos, sejamos cuidadosos quanto aos dados gerados e armazenados, além de responsáveis no uso dessas tecnologias. Juntos, podemos criar um futuro mais promissor, no qual a IA e a computação quântica funcionarão como impulsionadores do avanço e da conexão humana.

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