DE 08 A 16 DE MARÇO DE 2024 | AUSTIN - EUA

SXSW

O poder da escrita de roteiro feminina

Roteiristas construíram uma carreira ao longo dos últimos dez anos e agora tem grande influência sobre a nova geração de criadoras para audiovisual


14 de março de 2023 - 10h13

Crédito: GSPhotography/ Shutterstock

No último dia 12, o festival SXSW realizou uma conversa interessantíssima com mulheres roteiristas e produtoras de séries fomentadas e distribuídas por grandes estúdios. São elas: Samantha Shear ( produtora, escritora e vice-presidente de desenvolvimento da Zoic Pictures), Karyn Smith-Forge (presidente da This Radicle Act), Dara Resnik (produtora, escritora e diretora) e Stephanie K. Smith (roteirista).

Essas são mulheres que estão há bastante tempo na indústria cinematográfica. A partir disso, as profissionais contaram sobre a evolução e os grandes desafios que enfrentam ainda hoje para escreverem e lançarem no ar personagens femininas porretas (uma tradução livre de “badass” em inglês).

Séries como: Jane, a virgem, Demolidor (Netflix); Carnival Row (Prime); Genius, Pushing Daisies, Louis e Clark, não coincidentemente têm grandes protagonistas e personagens femininos. Essas roteiristas construíram uma carreira ao longo dos últimos dez anos e agora tem grande influência sobre a nova geração de criadoras para audiovisual. Todas concordam que as coisas vêm evoluindo e mudando para melhor na indústria. Principalmente depois do movimento feminista contra assédio sexual e agressão sexual “Me too”.

Apesar dos avanços, o assédio ainda acontece no meio artístico e, por isso, é importante a aliança com homens neste processo. “Aliados homens numa sala, são importantes para amplificar as vozes femininas. Só assim mudamos as coisas.” comentou Stephanie K. Smith. Para Karyn, é necessário aprender a confiar na sua própria intuição. Ela conta que foi a única mulher preta em sua sala de aula e acredita que a indústria tem muito a melhorar.

Dara atribui à criatividade o poder de protagonizar mais personagens mulheres nesse universo. “As pessoas virão por causa dos personagens, não por causa do mundo fictício que criamos. Essa é a oportunidade que temos como mulheres: criar personagens poderosas.”

Uma outra mudança importante discutida foi sobre a versatilidade. Antigamente, roteiristas tinham uma especialidade temática e de formato – Tv ou cinema. Hoje, apesar de alguns produtores anacrônicos insistirem em encaixar as roteiristas em “caixinhas”, essas profissionais estimulam todas a experimentarem de tudo.

Em depoimento de uma experiência que dificilmente aconteceria com um homem, Dara contou que logo depois de ter filho, tentou escrever somente para cinema por ter uma rotina mais previsível que permitiria com que ela pudesse equilibrar a equação roteirista / mãe. No entanto, teve que voltar para TV, pois isso aconteceu num momento de crise na produção cinematográfica. Uma decisão difícil.

Um painel inspirador para todos, mas em especial para as jovens e criativas roteiristas que encheram a sala. Novas e poderosas histórias de mulheres chegarão por aí em breve.

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