Qual será o papel dos robôs humanoides na sociedade?
Uso comercial dos humanoides deve começar nos próximos anos e CEO da Apptronik acredita que robôs serão indispensáveis no futuro
Uso comercial dos humanoides deve começar nos próximos anos e CEO da Apptronik acredita que robôs serão indispensáveis no futuro
Taís Farias
14 de março de 2024 - 17h40
No início do ano, Elon Musk gerou burburinho nas redes sociais ao mostrar o Optimus, robô humanoide da Tesla, dobrando roupas em um laboratório. Robôs humanoides são robôs, cuja aparência e funcionalidades simulam o corpo humano. O Optimus, ou Tesla Bot, foi anunciado pela companhia ainda em meados de 2021.
https://twitter.com/elonmusk/status/1746964887949934958
Ele foi o primeiro protótipo da empresa capaz de andar e carregar objetos. Segundo Musk, o projeto estará pronto para receber encomendas entre 2025 e 2027. Até agora, o preço estimado pelo executivo é de US$ 20 mil, o equivalente a cerca de R$ 100 mil. Mas a Tesla não é a única empresa investindo nessa área.
No ano passado, a Apptronik apresentou seu próprio humanoide, o Apollo. A Apptronik e o projeto do robô nasceram em 2016 na Universidade do Texas. Posteriormente, a companhia foi contratada para desenvolver robôs para a Nasa.
Apollo e o cofundador e CEO da Apptronik, Jeff Cardenas, estiveram no South by Southwest 2024. Questionado sobre os seus objetivos com o robô humanoide, o executivo defendeu que, hoje, o recurso mais valioso para as pessoas é o tempo. E que os robôs poderiam ajudar nesse sentido, permitindo que os homens façam mais o que desejam fazer e menos o que tem que fazer.
“Meu sonho é que o Apollo cuide de mim quando eu estiver mais velho, que ajude a cuidar dos meus pais. Que ele também nos ajude a explorar Marte e a Lua”, dividiu Cardenas, ressaltando que o momento atual é apenas o início do desenvolvimento dessa área.
O CEO reconheceu que existe muito medo e insegurança com relação aos robôs, mas outras tecnologias também teriam passado por esse processo, como a eletricidade, os trens ou os computadores. “É muito fácil assustar as pessoas, mas muito difícil inspirá-las”, acrescentou Yemi Alade, multiartista e empreendedor, que conduziu o painel.
Algumas economias, como os Estados Unidos, têm sofrido com a falta de mão de obra. Nesse sentido, o CEO da Apptronik defende que os robôs podem ser uma alternativa. “Daqui a dez, vinte anos, vai ser difícil imaginar nossa vida sem essas máquinas”, afirmou. Ainda assim, a justificativa de Cardenas é de que não se trata de uma substituição da força humana pelos robôs.
As máquinas seriam responsáveis por assumir os trabalhos repetitivos ou com menor valor agregado, para que os humanos possam usar sua capacidade em tarefas complexas. “Ele não vai necessariamente ser uma enfermeira, mas vai auxiliar uma enfermeira”, exemplificou.
O avanço da IA também é motivo de comemoração na indústria da robótica. Segundo Cardenas, agora, seria possível acessar todos os componentes necessários para generalizar um robô e torná-lo acessível. Por acessível, o objetivo da Apptronik é vender o Apollo a um preço comparável ao de um carro. No palco, o CEO citou cerca de US$ 50 mil, o que seriam R$ 250 mil.
Apesar de toda a empolgação envolvendo a possibilidade de robôs exercendo tarefas domésticas, a aplicação inicial de Apollo será em tarefas comerciais com foco na cadeia logística. Depois disso, ele deve escalar para outras indústrias. Parte disso se dá porque movimentos refinados são mais difíceis para a máquina.
O executivo também afirmou que não acredita que todos os robôs se tornarão humanoides, mas que essa provavelmente será sua forma mais versátil. “O mundo é desenhado para os humanos. Todas as ferramentas que conhecemos foram feitas para eles. Então, se você quer um robô que possa trabalhar conosco ou ao nosso entorno com as mesmas ferramentas, o humanoide provavelmente será a melhor opção”, apostou.
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