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De 7 a 15 de março de 2025 I Austin - EUA
SXSW

Tamo FUD…

Somos a Geração T. Ou seja, a geração em transição do mundo que vivemos, para o mundo que rapidamente vem chegando


12 de março de 2024 - 14h46

Na edição de 2024 do SXSW o tema da Inteligência Artificial (IA) é constante e não poderia ser diferente. Mas o que me intriga é que nos corredores e nas conversas muito se fala do que tem de novo vindo em termos de tecnologia, mas pouco se discute sobre o que nós vamos fazer, como nós vamos atuar de forma responsável com esse novo ferramental que vai transformar nossa vida toda. E esse texto tem essa ambição. Provocar em nós o sentimento de responsabilidade de participar na criação dessa nova forma de viver e se relacionar que está sendo dada.

Como a incrível Amy Webb pontuou, somos a Geração T. Ou seja, a geração em transição do mundo que vivemos, para o mundo que rapidamente vem chegando. E esse estágio de transformação deixa a gente – FUD. Ou seja, com fear, uncertainty and doubt. (medo, insegurança e dúvida). Eu claramente me sinto assim, mas uma avenida se abre na minha cabeça quando a própria Amy Webb relembra, a um auditório lotado, que o mundo que está chegando é um mundo que nós estamos construindo. Que temos escolha, que temos mais poder do que imaginamos. E nos convida a trabalhar por essa transformação. Segundo ela, a gente pode sim deixar a humanidade em um lugar melhor. Mas isso vai exigir de todos nós trabalho e principalmente responsabilidade.

Porque a tecnologia é incrível, mas ela faz sentido quando ela liberta a gente e não quando aprisiona. No ano passado, Amy abriu a palestra falando das imagens de CEO que as ferramentas de geração de imagem entregam quando se faz esse prompt. A resposta foi invariavelmente homens brancos de meia idade. E depois de um ano completo, vemos que a IA evoluiu muito, mas não evoluiu em nada nessa frente. O que me faz questionar, qual o KPI que estamos colocando para esse grande projeto de mundo? Porque se o nosso único KPI for dinheiro para poucas empresas que concentram esse poder, isso não me parece vantajoso para maioria esmagadora do mundo.

Acho que todos nós devemos sim estar atentos às transformações e as incríveis evoluções da tecnologia aqui no festival, mas não deveríamos nunca perder de vista temas fundamentais para nossa existência como ética, proteção de dados, segurança da informação, combate a desigualdade e responsabilização das big techs sobre suas ações no mundo.

E não acho que isso seja simples, e nem que eu tenho a resposta de como. Mas me parece que o primeiro passo é estarmos conectados com essa necessidade e que o KPI da evolução da tecnologia e a larga utilização dela na nossa rotina seja a garantia de uma vida melhor para a maioria. E não apenas de mais produtividade.

E deixo aqui uma frase da sempre inspiradora Esther Perel que foi dita aqui no festival. “A qualidade de sua vida está diretamente ligada à qualidade de seus relacionamentos”. Trocando em miúdos, que a tecnologia nos leve a lugares melhores, mas que não seja uma inviabilizadora do fortalecimento das nossas relações, porque esse caminho, seria fatal.

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