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Como a geração Z consome notícias? 

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Como a geração Z consome notícias? 

Especialistas comentam como o avanço das redes sociais transformou a forma que as notícias chegam até os jovens


2 de novembro de 2022 - 20h30

Segundo dados do Google, 40% da geração Z prefere fazer suas pesquisas no TikTok ou Instagram ao invés do buscador. O dado revela que o grupo vem mudando não só a forma de criar conteúdo nas redes, mas também a de consumir e buscar. Para debater como a geração Z consome notícias, o Web Summit 2022 trouxe a jornalista Ann Curry, a repórter política Judith Nwandu, do The Shade Room, e a head global de News, programming e development da Vice, Subrata De.  

Com relação ao Tiktok, Curry comenta que a circulação de notícia nas redes se dá pela geração não confiar nos modelos atuais, mas, ao mesmo tempo, confiar nas pessoas que conhecem e falam a mesma linguagem. “Os jovens da Gen Z consomem notícias uns dos outros, seja pelo TikTok ou outras redes, porque eles sentem que podem confiar. E eles não confiam nas pessoas da minha geração e da mídia no geral”, aponta.

Já olhando do lado de veículos que estão se adaptando a plataforma, Subrata De comenta que a Vice entrou no TikTok no mesmo período em que a Rússia entrou em guerra com a Ucrânia. E, diante disso, foi possível observar dois milhões de pessoas interagindo com o conteúdo e buscando formas de ajudar a população. “Os dados nos mostraram que a maioria das pessoas que estavam se importando eram menores de 25 anos. A plataforma ainda tem algumas questões, mas eu vejo como um lugar de movimentação e afirmação, além de empoderar histórias”, diz.

O impacto das redes no consumo de notícias  

Nwandu comenta que o crescimento das redes sociais como meio de veiculação de notícias é algo positivo, pois ajuda na democratização e abre espaço a novas vozes, uma vez que não precisa dos mesmos investimentos financeiros que um veículo tradicional para começar. O The Shade Room, veículo no qual ela trabalha, surgiu como uma página na rede social para a produção de conteúdo sobre negritude e celebridades e, hoje, acumula mais de 27 milhões de seguidores.

A especialista comenta que diante desses novos formatos, geração Z cresceu consumindo notícias através do Instagram. E isso adiciona uma nova camada à forma de produzir notícias: os comentários. Se antes o telespectador recebia a notícia direto do jornalista e absorvia, agora outros elementos também importam.

“O importante para eles não é somente ler as notícias, mas ler também os comentários do post, ver a opinião das pessoas sobre a notícia. E isso adiciona novas camadas ao jornalismo, pois não somente sobre se informar, mas sobre saber como meus amigos se sentem sobre a notícia”, diz.

Segundo ela, é importante ter um movimento de checar os fatos comentados, mas faz parte da nova dinâmica marcar outras pessoas nos posts, responder e curtir comentários etc. Desenvolvendo assim um novo lado do jornalismo.

Como ter os jovens como audiência?  

Diante de uma nova forma de consumir as notícias, Subrata De ressalta a importância de prestar atenção no público para identificar onde ele está. Porém, tomar o cuidado de não se posicionar acima da audiência, não ter preconceitos e não tirar conclusões sem conhecer o público e as plataformas.  

“Algumas pessoas olham para a Twicth, por exemplo, e falam: ‘só adolescentes estão na plataforma’, de forma pejorativa. Mas é ótimo, adolescentes precisam de informações também, nós entramos na Twitch e isso nos conectou com um novo público. Eu não acredito que exista só um tipo de pessoa que quer consumir notícias”, indaga.  

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