Paula Puppi, chefe de transformação do WPP, deixa a holding
Em mais de uma década na companhia, ela foi peça-chave no desenvolvimento de novas estruturas, como a WMS, na fusão de agências e na ascensão de outras mulheres à liderança de empresas do grupo

Paula Puppi quer, agora, ampliar sua atuação em conselhos de administração de empresas (Crédito: Arthur Nobre)
Atual chief transformation officer da holding no Brasil, Paula Puppi está de saída do WPP. Ela pretende ampliar sua atuação em conselhos de administração de empresas e de instituições e se dedicar a novos projetos nas áreas de tecnologia, comunicação e impacto social. “Sou apaixonada por transformação de negócios e dediquei a última década da minha vida a isso. Quero dar uma contribuição a companhias que buscam se adaptar e aproveitar as oportunidades que as mudanças tecnológicas e o mundo digital estão propiciando”, diz ela, que já atua nos conselhos de empresas, como a Eletromidia, e de entidades, como o IAB Brasil; e é investidora em negócios como Fanatee (games), NeuralMed (triagem otimizada por IA) e Ages Bioactive Compounds (compostos bioativos).
Paula Puppi entrou para o WPP em 2014, quando a holding comprou a Blinks, sua agência especializada em mídia digital. Desde 2020, ocupava o cargo de chief transformation officer do WPP no Brasil, assumindo a posição de segunda executiva mais importante da holding no País, onde a companhia é comandada pelo country manager Stefano Zunino.
Na função, ela foi peça-chave em movimentos importantes na holding, como a criação da WPP Media Service (WMS), a fusão da Mirum com a Fbiz e a incorporação da i-Cherry à WMS. Além disso, atuou na escolha de pelo menos três das lideranças femininas atuais das agências do WPP no Brasil: Carol Buzetto na WMS, Karina Ribeiro na VML e Fernanda Tedde na Fbiz.
Em 2017, Paula Puppi foi uma das homenageadas no Woman to Watch. Em 2023, venceu o prêmio Caboré de Profissional de Inovação.
Sua saída ocorre no momento em que o WPP concretiza um de seus maiores projetos no Brasil. Nas próximas semanas, será inaugurada a WPP Vila, nova sede da holding no País, instalada na Vila Leopoldina, em São Paulo, que irá abrigar todas as empresas do grupo.
Em entrevista ao Meio & Mensagem no ano passado, ela falou sobre a importância de unir todas as empresas do WPP em um mesmo campus e também defendeu a missão de sua função na holdng: “A transformação nunca é fácil. Ela sempre dói, mas, ao mesmo tempo, você está vendo lá na frente e evitando que se destrua valor no caminho”.
Em junho deste ano, a profissional foi uma das debatedoras no ProXXIma 2025, quando defendeu o modelo de relação entre agências e anunciantes preservado no Brasil: “Somos o único mercado onde o cliente tem visão 100% clara do quanto está pagando no inventário de mídia. Então, eu sou grande admiradora do nosso modelo”.
Holdings reconfiguradas
A saída de Paula Puppi do WPP é mais um ato, no Brasil, da reconfiguração de lideranças nas maiores holdings da indústria de comunicação. Nesta semana ocorreu a troca de CEO global no WPP, com Cindy Rose, ex-chief operating officer da Microsoft, assumindo o posto ocupado nos últimos sete anos por Mark Read. A passagem de bastão ocorre em um momento desfavorável para a holding: após começar o ano prevendo uma queda de 2% em seu crescimento orgânico, o grupo piorou a previsão, estimando que poderá ficar nos 5% negativos. Além disso, no fechamento de 2024, o WPP perdeu sua hegemonia de 16 anos para um novo líder global: Accenture Song.
Coincidentemente, também nesta semana, houve troca de comando na Accenture Song: Ndidi Oteh, ex-head para as Américas, assumiu o posto de CEO global, em substituição a David Droga, que ficou apenas quatro anos no cargo e permanece na companhia como vice-chair da Accenture.
Entretanto, a principal transformação no cenário das holdings virá com a incorporação do IPG ao Omnicom, aguardada para se efetivar até o final de 2025. A fusão criará um novo gigante global: a receita somada das duas holdings norte-americanas atingiria US$ 26,3 bilhões, se considerados os números do ano passado. Isso faria do Omnicom o novo líder isolado da publicidade global, à frente de Accenture Song (US$ 19 bilhões), WPP (US$ 18,8 bilhões) e Publicis Groupe (US$ 17,3 bilhões).
Não bastasse ter perdido a liderança para a Accenture Song, o WPP pode ser ultrapassado também pelo Publicis Groupe, que é a rede que apresenta melhores resultados nos últimos tempos. Se isso se concretizar, o WPP, num curto espaço de dois anos, poderá cair da primeira para a quarta posição no ranking global.
A dança das cadeiras também atinge o mercado local, que sofre antecipadamente os efeitos da incorporação do IPG pelo Omnicom. Sócio, com 5% de participação na agência, Hugo Rodrigues deixa o cargo de chairman da WMcCann, posto que deixa de existir. No mês passado, o IPG promoveu a incorporação da FCB ao grupo de marcas administrado no Brasil pela Mediabrands, o que acarretou na saída de Paulo Fogaça, que foi CEO da FCB por um ano e meio.