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Geração Alfa: quem guia o foguete na era da IA?

O desafio não é banir a tecnologia, mas educar a mente crítica que a utiliza

Isabela Castilho

CEO da Rocketseat 23 de outubro de 2025 - 11h24

(Crédito: Shutterstock)

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Não há como falar de futuro sem falar de tecnologia. Especialmente de inteligência artificial, que já está na ponta dos dedos dos nossos jovens. A conexão entre a juventude e a tecnologia nunca foi tão intensa. E eu vejo isso com um misto de grande otimismo e profunda responsabilidade. É um universo de oportunidades gigantescas, mas que vem com uma série de desafios que não podemos ignorar. 

Lendo uma pesquisa recente da Kaspersky, vejo que o interesse das crianças por ferramentas de IA está crescendo de forma exponencial. Isso me enche de esperança. Elas não estão apenas consumindo TikTok; querem interagir com o que está por trás da tela. Esse entusiasmo é a prova de que temos a semente de uma nova geração de criadores e inovadores.  

Também acompanho o quanto a tecnologia se tornou uma aliada poderosa na educação. O debate sobre o uso de ferramentas digitais nas escolas, cada vez mais frequente, intenso e importante, só reforça o que acredito: a tecnologia, quando bem direcionada, pode personalizar o aprendizado e desenvolver habilidades cruciais, como o pensamento crítico. 

No entanto, o uso intenso, e muitas vezes desassistido, levanta um grande sinal de alerta. Nós estamos vendo também o crescimento do uso de companheiros de IA por adolescentes, algo que, nos Estados Unidos, tem preocupado pesquisadores. Isso mostra que os jovens estão buscando interação digital, e pode ser um substituto perigoso para as conexões sociais reais.

Como mãe e CEO, essa é uma preocupação que levo para casa e para a empresa: como garantir que a ponte entre a juventude e a tecnologia seja segura e construtiva? 

Para mim, o desafio não está em tentar proibir a tecnologia — isso é ingênuo e contraproducente —, mas em abraçar a alfabetização digital. Não basta apenas usar um chatbot, é preciso entender como ele funciona, quais são seus vieses e limites. É aí que a nossa responsabilidade entra. 

A tecnologia, e a IA em particular, é uma ferramenta de poder inigualável. Para que a próxima geração a utilize para construir um futuro melhor, e não apenas se perca em seus feeds e algoritmos, precisamos focar em duas coisas para transformar a preocupação legítima em orientação prática e eficiente: 

– Estimular a criação, e incentivar o interesse em como a IA é programada. Precisamos transformar o consumo em produção; 
– Educar para a consciência, promovendo o debate aberto sobre os riscos, à privacidade, a ética e o impacto social dessas ferramentas.

E o “Mês das Crianças” é mais uma oportunidade de ouro para reforçar que a juventude é o combustível para nosso foguete. Mas, para decolar, eles precisam de um plano de voo seguro e das habilidades para pilotar essa máquina.

Investir em educação tecnológica, ética e crítica é o melhor presente que podemos dar. Porque, no final das contas, o futuro não é só o que a tecnologia pode fazer; é o que os nossos filhos farão com ela.

E, assim como eu, você, e todos nós — pais, formadores de talentos, tomadores de decisões –, temos responsabilidade total perante a isso.