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Mulheres, identidades e a importância de se posicionar

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Blog da Regina

Mulheres, identidades e a importância de se posicionar

Reflexões sobre a noite da premiação do Caboré: num momento tão complexo da sociedade, a indústria da comunicação tem diante de si algumas responsabilidades


5 de dezembro de 2023 - 11h52

Raquel Virgínia, da Nhaí, e Paula Puppi, da WMS, na noite da premiação do Caboré 2023: discursos verdadeiros que chamaram a atenção por reforçarem suas origens (Crédito: Eduardo Lopes/Imagem Paulista)

Como ocorre todos os anos, a noite da premiação do Caboré catalisa e celebra trajetórias, mas também é um retrato do momento atual da nossa indústria e do espírito do nosso tempo. Na edição de 2023, ocorrida nesta segunda-feira, 4 dezembro, Dia Mundial da Propaganda, não foi diferente. E todos os vencedores estão de parabéns! Quero registrar e destacar, contudo, a força das mulheres que subiram ao palco este ano: Marina Daineze (Vivo) como Profissional de Marketing; Keka Morelle (Ogilvy), como Profissional de Criação; Chiara Martini (Coca-Cola), como Profissional de Estratégia; Raquel Virgínia (Nhaí), como Profissional de Atendimento e Negócios; Paula Marsilli (Natura &Co), como Profissional de Mídia; e Paula Puppi (WMS), como Profissional de Inovação.

Dessas, duas escolheram como discursos verdadeiros manifestos para reforçaram suas origens e, exatamente por isso, chamaram a atenção. Paula Puppi leu um discurso emocionado, cheio de citações à cultura judaica, compartilhando como sua vida e toda a construção que a trouxe até aqui caíram por terra desde 7 de outubro, quando os ataques terroristas do Hamas sobre o Estado de Israel desencadearam a guerra que estamos assistindo há dois meses no Oriente Médio.

“Eu duvidei dos meus pais e dos meus avós quando eles diziam que o antissemitismo ainda era vivo, mesmo que envergonhado. Só que desde 7 de outubro, eu descobri que ele não é só vivo, ele é despido de qualquer vergonha. Ele é institucionalizado e permitido. Eu sempre duvidei que num mundo tão conectado como o nosso, isso aconteceria”, disse Paula em trecho de seu discurso.

Na sequência, Raquel Virgínia subiu ao placo e abriu seu discurso contando que em determinada ocasião entrou em uma reunião de negócios após ter levado um murro na cara devido a um ato de transfobia. Mas, não tinha a opção de não fazer aquela reunião, pois precisa tocar um negócio como empreendedora mulher, trans e negra. A insegurança de pegar um taxi, andar nas ruas e de simplesmente ser quem é atravessa sua existência.

“Todos os meus clientes desde o início da Nhaí foram e são mulheres. E não acho que isso ocorra por acaso. Este é um lugar onde o mercado está reunido. Um mercado masculino, branco e heteronormativo. Se estou aqui hoje é porque vocês enxergam o que isso significa para esse mercado”, disse em trecho de seu discurso, que fez com que a plateia do Clube Monte Líbano a aplaudisse de pé.

Há muitas camadas de reflexão e aprendizados nestes dois discursos. Mas o principal deles é que somos fruto de nossas identidades e num momento tão complexo da sociedade, a indústria da comunicação tem diante de si a responsabilidade de fazer com que essas várias identidades floresçam, sejam ouvidas e possam influenciar decisões.

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