Rita Lee: trilha sonora de humor, sexo e liberdade
Minha primeira memória afetiva remete à música. E essa música tem uma mulher: Rita Lee.
Rita Lee: trilha sonora de humor, sexo e liberdade
BuscarMinha primeira memória afetiva remete à música. E essa música tem uma mulher: Rita Lee.
10 de maio de 2023 - 11h27
Nasci em 1970. Minha primeira memória afetiva remete à música. E essa música tem uma mulher: Rita Lee. A música: Domingo no Parque. Devia ter uns três, no máximo, quatro anos quando fui impactada por aquela obra-prima. Acho que se tivesse que escolher seria essa a canção que levaria como a única opção para ouvir numa ilha deserta.
Aquela liberdade de fazer tudo o que queria fazer sempre ditou sua trajetória. Quando eu era um pouco mais crescida, perto dos dez anos, aprendi sobre temas femininos em um programa extremamente inovador, o TV Mulher, apresentado pela jornalista Marilia Gabriela e que tinha como trilha sonora Cor de Rosa Choque. Sou filha de uma mãe de uma geração que não falava nada ligado à sexualidade, estávamos em plena ditadura militar e foi pela voz da Rita que aprendi sobre o que é ser mulher com suas letras.
Ao longo da minha adolescência e de todas as descobertas advindas dessa fase da vida, Rita era a trilha sonora de humor, sexo e liberdade. Fazia rock com os ovários e o útero numa época em que o rock só era feito por quem tinha culhões. Escancarava de uma forma leve e despojada seu amor com seu parceiro de trabalho e de vida, Roberto de Carvalho. Lidou abertamente e sem nenhuma hipocrisia com as drogas.
Em 2016, ano em que David Bowie nos deixou e de quem tirou a inspiração dos cabelos vermelhos que tanto a marcou na fase de maior sucesso da sua carreira, li sua recém-lançada autobiografia. Na época, minha filha tinha quatro anos e tratei logo de mostrar a ela quem era Rita Lee com suas músicas e clipes. Ela curtiu e adorou os muitos figurinos das suas diversas fases musicais.
Ontem quando cheguei em casa, a primeira coisa que veio me falar assim que entrei foi da morte de Rita. Uma notícia que deixa um vazio enorme, como se um pedaço de nossas vidas estivesse sendo arrancado. A forma linda e serena com que a família lidou com a doença ao longo dos dois últimos anos nos traz alento e a certeza de que não só enquanto estiver viva e cheia de graça fará um monte de gente feliz, mas eternamente!
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