Diversidade: 83% dos modelos em campanhas são brancos
Boletim de Raça e Gênero, do Gemaa, aponta que pessoas não brancas foram representadas em somente 17% dos anúncios veiculados entre 2018 e 2023
Diversidade: 83% dos modelos em campanhas são brancos
BuscarDiversidade: 83% dos modelos em campanhas são brancos
BuscarBoletim de Raça e Gênero, do Gemaa, aponta que pessoas não brancas foram representadas em somente 17% dos anúncios veiculados entre 2018 e 2023
Caio Fulgêncio
15 de julho de 2024 - 6h00
Pesquisa mostra que 83% dos modelos de anúncios entre 2018 e 2023 eram brancos (Crédito: Hooppe/Shutterstock)
Apesar das discussões ao redor da diversidade, equidade e inclusão (DEI) nos últimos anos, a publicidade brasileira continua predominantemente branca. Dados do Boletim de Raça e Gênero, do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa), 83% dos modelos dos anúncios veiculados entre 2018 e 2023 são brancos.
Assim, segundo o estudo, os modelos não brancos correspondem a apenas 17%, ou seja, quase cinco vezes menor. Dentro desse recorte específicos, negros e pardos são os mais representados, enquanto modelos amarelos e indígenas chegam a uma pequena parcela de 2%.
Além da questão de raça, conforme o levantamento, o percentual de gênero tem um pouco mais de equilíbrio, ainda que os homens sejam maioria (50%). As mulheres chegam a 47% nas campanhas e os outros 3% dos modelos ficaram sem identificação.
No cruzamento entre raça e gênero, o boletim aponta que a publicidade brasileira tem os homens brancos (44%) como os mais representados, seguidos pelas mulheres brancas (39%). Muito abaixo aparecem mulheres não brancas (10%) e homens não brancos (7%).
“Temos mais mulheres não brancas nos anos recentes dos que homens não brancos, é uma tendência que parece ter se invertido. Porém, é importante ressaltar a necessidade de mais representação de ambos os grupos, e apresentação de forma mais diversa”, pontua Marcelle Felix, pesquisadora do Gemaa.
No ano a ano, o percentual de brancos sofreu uma leve redução no período da pesquisa (2018-2023), indo de 88% para 65%. O de não brancos, por outro lado, teve uma curva ascendente, de 12% a 35%, com o crescimento se acentuando principalmente a partir de 2020.
A hipótese do Gemaa é que tenha sido uma resposta à repercussão do assassinato de George Floyd nos Estados Unidos e a onda de debate racial decorrente disso. Mesmo assim, o percentual de brancos nas peças publicitárias no ano passado é quase o dobro de não brancos, como mostram os dados.
Para a análise, o grupo de estudos monitorou e codificou 60 edições aleatórias da revista Veja. Ao todo, os pesquisadores estudaram 817 anúncios e 752 modelos. O grupo tem sede no Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Iesp-Uerj).
Em relação às tendências de gênero e tipos de produto, os estereótipos se perpetuam. O estudo mostra que mulheres continuam mais associadas a produtos como joias, acessórios e roupas, geralmente atrelados aos cuidados com a aparência.
Já os homens são mais relacionados a automóveis, fator que permanece recorrer no senso comum. Eles também são mais representados em campanhas de meios de comunicação e alimentos. “Isso pode se dever ao fato de celebridades homens aparecerem mais do que mulheres nos anúncios. E, no caso dos alimentos, o homem pode ser mais visto como provedor ou chefe da família”, explica a pesquisa.
Ainda no quesito tipo de produto, o Gemaa aponta que modelos não brancos seguem aparecendo muito mais em campanhas referentes à responsabilidade social. Ou seja, associação entre raça e necessidade de assistência social ou mensagem de diversidade continua presente na publicidade.
“É necessário ampliar as formas de representação e isso se mostra de maneira mais evidente nos grupos negros em peças feitas quando a marca deseja criar uma imagem positiva além do produto. Embora seja válido esse tipo de representação, a associação recorrente sem vir acompanhada de outros modos corre o risco de se aproximar do estereótipo”, salienta Marcelle.
Compartilhe
Veja também
Confiança criativa está diminuindo, indica The State of Creativity 2025
Elaborado pela Lions Advisory, relatório ressalta ela está sendo abalada pela incapacidade de desenvolver insights de qualidade e pela falta de agilidade cultural
Ana Maria Braga coloca a PPK na mesa em ação de Gino Canesten
Iniciativa é parte do movimento criado pela Droga5 para a marca estimular as mulheres a falarem abertamente sobre saúde íntima