W+K Brasil por trás de contratação no Palmeiras

Nathalie Ursini
8 de abril de 2012 - 2h34

A contratação do meia Wesley do Werder Bremen pelo Palmeiras parecia impossível por conta do valor pedido pela equipe alemã – 6 milhões de euros, cerca de R$ 13,8 milhões. Mas uma ação de crowdfunding inédita no futebol mobiliza a mídia esportiva e fãs do clube há alguns dias. Os torcedores alviverdes podem pela primeira vez em 98 anos de história do clube colocar de fato a mão na massa e ajudar a trazer um jogador. A Wieden+Kennedy Brasil é a agência que está por trás dessa comunicação. 

A iniciativa organizada pela MOP (My Own Player, que pode ser traduzido como Meu Próprio Jogador), tem um site onde os torcedores contribuem com verba para que o clube consiga comprar o jogador (acesse aqui). No início deste ano, outros dois grandes clubes paulistas tentaram utilizar o MOP como estratégia de contratação (São Paulo com Nilmar, do Villareal, e Corinthians, com Cristian, do Fenerbahce), mas não obtiveram sucesso.

A estratégia da Wieden+Kennedy

“Começamos com a criação de um símbolo para criar o posicionamento do Palmeiras diante dos próprios palmeirenses”, explica Ícaro Dória, diretor executivo de criação da agência. Depois, vídeos foram disparados na internet para chamar a atenção dos internautas e angariar a participação. Em um primeiro vídeo, o próprio Wesley pede a ajuda da torcida para ser contratado. Outro vídeo tem como mediador o ex-jogador e ídolo do clube, Evair (assista abaixo). Além disso, a inscrição www.wesleynoverdao.com.br foi estampada na camisa do time, gerando a curiosidade de quem não sabia sobre a iniciativa. 

Sem plano para a grande mídia, a divulgação da Wieden+Kennedy se restringe ao universo digital. Além dos vídeos, deverá haver compra de mídia em blogs relacionados ao clube. 

A iniciativa terá ainda um componente promocional, que irá recompensar os torcedores que investirem em cotas que começam em R$ 100. As contrapartidas podem variar desde o nome na camisa no jogo de estreia do jogador até viagem como convidado de honra junto à comissão técnica e os jogadores para uma partida fora de São Paulo. “O que é mais incrível é como, mesmo estando no País do futebol, ainda podemos olhar o mercado de forma diferente. O projeto amplia a possibilidade de o torcedor ter voz ativa na contratação de um jogador”, conta Dória. 

O projeto foi anunciado pelo Palmeiras em 26 de fevereiro, com um prazo de 29 dias para arrecadar R$ 21 milhões (até 25 de março, data que o Werder Bremen deu como limite para a liberação do jogador). A 17 dias do término da campanha, foram levantado R$ 475 mil, apenas 2,2% do montando estipulado. Um fator que pode ser decisivo para o sucesso da empreitada, segundo Dória, é que diferente de seus rivais, há uma situação de discórdia dos torcedores com a diretoria da equipe. “Além de torcer e apoiar, ele vai literalmente fazer algo pelo time dele. Estamos mostrando que o torcedor pode fazer algo independente da diretoria”, analisa.