Empoderamento feminino não é tema pontual para a Nike
Narrado por Serena Williams, filme "Dream Crazier" catalisou debates, mas não é a primeira incursão da marca no assunto

Serena Williams narra a campanha criada pela Wieden+Kennedy (Crédito: reprodução)
“Se mostrarmos emoção, somos chamadas de dramáticas. Se queremos jogar contra os homens, somos loucas. E se sonharmos com oportunidades iguais, estamos iludidas”, assim começa o texto (quase um manifesto) do filme da Nike “Dream Crazier”, que estreou no último dia 24 de fevereiro, domingo, no intervalo do Oscar na televisão americana. Protagonizada pela tenista Serena Williams, a campanha criada pela Wieden+Kennedy evidencia como as mulheres são julgadas e taxadas como loucas e em alguns casos perseguidas por fazerem escolhas que parte da sociedade censura.
Em cena, o vídeo exibe mulheres de outras modalidadas em momentos decisivos e de extrema tensão, como Becky Hammon, ex-jogadora de basquete e a primeira assistente técnica principal da história da NBA, Kathrine Switzer, a primeira mulher a correr a Maratona de Boston e Ibtihaj Muhammad, esgrimista que se tornou a primeira a usar um hijab durante uma competição olimpica. De acordo com a equipe de comunicação da Nike, a nova campanha é uma “celebração das mulheres no esporte” às vesperas da Copa do Mundo Feminina, que será disputada em junho deste ano, na França.
Assim como aconteceu com o anúncio estrelado pelo jogador de futebol americano, Colin Kaepernick, em 2018, a marca conseguiu catalisar novamente um debate sobre uma causa urgente e virou assunto global nos últimos dias. Além de toda a mídia espontânea em alguns dos principais veículos de imprensa do mundo, e também nas redes sociais, o vídeo original, publicado na plataforma da marca, já conta com mais de setes milhõs de visualizações. Os brasileiros Andre Gustavo, Isabela Albero, Stephanie Campbell e Luiza Prata Carvalho estão na ficha técnica do trabalho.
Vale observar que, enquanto grande parte das companhias continua reativa a posicionamentos contundentes, a Nike tem escolhido temas pontiagudos para suas campanhas. Especificamente sobre empoderamento feminino, a marca tem um vasto histórico de abordagens, desde os anos 90, como, por exemplo, a icônica campanha ‘If you let me play’. Já nos anos 2000, filmes clássicos como ‘Voices’ e ‘Da da ding’ ajudaram a empresa a sedimentar o caminho neste propósito. Para além do discurso, entre as mais diversas iniciativas, a Nike criou o primeiro hijab de performance para atletas mulçumanas e vem aumentando o patrocínio de mulheres ao longo dos anos.
Abaixo, algumas campanhas da empresa que ao longo da história conversam com os propósitos de equidade de gênero e empoderamento feminino.
If you let me play (1995)
Com narrativa potente e dados estatísticos, que comprovam os benefícios do esporte para o corpo e a mente, incluindo a autoestima, o filme mostra como a prática de atividades esportivas pode ajudar as meninas a reduzir os riscos de desenvolver problemas como depressão ou câncer de mama, por exemplo.
Voices (2012)
O filme, que também conta com a narração das mulheres, foi criado para o 40º aniversário do “Title IX”, a legislação dos Estados Unidos que abriu as portas para as atletas femininas perseguirem seus sonhos por meio do esporte.
Da Da Ding (2016)
Com uma sequência rápida de imagens e uma trilha sonora de hip-hop, o filme relembra a trajetória da atriz indiana (e ex-jogadora de badminton), Deepika Padukone. O objetivo é evidenciar como o esporte fortaleceu a autoestima, o controle e a saúde da artista ao longo de sua vida.
What will they say about you? (2017)
Na Rússia, Turquia ou no Oriente Médio… O filme mostra como as mulheres lidam com a questão das barreiras do esporte nos mais variados lugares do mundo. O filme questiona: ‘o que eles dizem sobre você?’ E responde: ‘talvez eles digam que você mostrou a eles que era possível’.