Como Maisa equilibra fama, negócios e impacto socioambiental

Maisa Silva é atriz, apresentadora, influenciadora digital, empresária e ativista (Crédito: Divulgação)

Maisa Silva é uma personalidade que dispensa introdução. Ela ainda hoje é lembrada como a menina que começou na televisão ainda aos três anos, quando apareceu pela primeira vez no programa do Raul Gil, mas ficou mais conhecida no SBT, ao lado de Silvio Santos. Agora, para além de seus papéis como atriz, apresentadora e influenciadora digital, também atua como empresária de impacto socioambiental.

Em 2021, sua agência de marketing de influência, a Mudah, criada no ano anterior, firmou uma parceria com a ONG Copaíba, em que para cada post publicitário publicado por intermédio da agência, uma árvore seria plantada na Mata Atlântica. Desde o começo da ação, já foram plantadas centenas de mudas, e a expectativa é que o número dobre até o final de 2026. Para além do seu compromisso ambiental, Maisa é também embaixadora da Unicef e madrinha digital do Teleton.

Nesta entrevista, a atriz fala sobre o projeto em parceria com a ONG Copaíba e seu engajamento com o ativismo, mas também reforça o compromisso e a responsabilidade dos influenciadores digitais com pautas sociais e ambientais.

Meio & Mensagem — Você começou a carreira muito jovem e hoje já transita com sucesso entre atriz, comunicadora e empresária. Como você concilia todas essas responsabilidades? 

Maisa Silva — Eu busco equilibrar todos os meus papéis, deixando a vida seguir naturalmente. Vou escolhendo trabalhos que estejam alinhados ao meu propósito e que, de alguma forma, permitam atingir as pessoas de maneira diferente. Quando um projeto consegue unir meu lado de comunicadora, empreendedora e ativista, isso me atrai ainda mais. Muitos trabalhos evoluem de formas inesperadas, como uma novela que vira filme, depois série, ou uma grande publicidade, mas, no fim, sigo o que meu coração manda. E acredito que, ao divulgar algo como atriz ou apresentadora, é possível usar estratégias de marketing para que tudo fique alinhado ao seu posicionamento e ativismo. É assim que tento conduzir meu trabalho.

M&M — Como jovem da geração Z, qual é a sua visão sobre o papel desse público na construção de uma sociedade mais sustentável e justa?

Maisa — Para mim, o mais importante é a geração Z valorizar o espaço que a gente tem e saber que a nossa voz não só está sendo ouvida, mas está gerando as mudanças que a gente busca. A geração Z já está super ingressada no mercado de trabalho, com cargos bons, ocupando espaço de relevância, principalmente por meio do digital. Acho que essa foi uma mudança que as redes sociais e o digital proporcionaram. A ideia é se apropriar desse lugar que a gente conseguiu conquistar e fazer da maneira mais justa e consciente possível. Então, se você tem acesso a muitas informações, é o seu dever contribuir para a formação de uma sociedade melhor.

M&M — Conte um pouco sobre a Mudah, sua agência de marketing de influência. Como ela surgiu e o que te motivou a criá-la?

Maisa — A Mudah nasceu de um projeto que eu já desenvolvia há anos com o Guilherme Oliveira, meu sócio, trabalhando juntos em redes sociais, YouTube e publicidade. Percebemos uma lacuna no mercado e decidimos expandir nosso modo de trabalho, aplicando tudo o que já fazíamos na minha carreira e agregando o que o Gui executava na carreira de outras personalidades e artistas com quem ele trabalhava, buscando alcançar mais pessoas e levar nosso estilo e nossa filosofia para o mercado.

Nossa comunicação é transparente e criativa, e contamos com uma equipe que atende prontamente às necessidades das marcas, sempre muito atenta e com um trabalho de curadoria incrível. Ao longo dos anos, fizemos projetos que refletem nossa identidade e mantemos parcerias duradouras com algumas marcas com as quais eu já trabalhava antes de abrir a Mudah, o que trouxe muito valor para nossa empresa. Em 2024 também abrimos um braço novo, a Moots, onde trabalhamos com alguns influenciadores, cada um com seu nicho e movimentando o mercado de maneira positiva, alcançando resultados notáveis.

M&M – Como surgiu a ideia de fazer a parceria entre a Mudah e a ONG Copaíba? 

Maisa — Hoje, somos três sócios na Mudah: eu, Maiara Garbin e o Gui. Como acreditávamos que nossa proposta precisava estar refletida na empresa, sabíamos da importância de incorporar a sustentabilidade. É um tema que eu cresci ouvindo na escola, aprendendo sobre a importância do reflorestamento, portanto, poder fazer isso por meio da empresa tem um significado ainda maior. Não se trata só de mim, mas também das marcas e personalidades que colaboram com essa iniciativa por meio das postagens.

Acredito que, quando movimentamos marcas e transformamos cada post em uma árvore, o trabalho se torna muito mais vivo e contínuo, porque estamos postando bastante, ainda bem. Recentemente, fizemos uma ativação na Copaíba para ver, pela primeira vez, todo o reflorestamento que estávamos promovendo ao longo dos anos. Foi um momento emblemático para nossa equipe, permitindo que eles valorizassem o próprio trabalho e que nós víssemos com nossos próprios olhos as sementes que estamos plantando para o presente e para o futuro.

M&M – Você acredita que iniciativas como essa podem se tornar uma referência para o mercado de marketing digital?

Para nós, todas as empresas de marketing digital, principalmente aquelas com grande poder aquisitivo e atuação no mercado, que têm poder de mudança, também devem olhar para a sustentabilidade. Que elas olhem para o nosso planeta e o legado que querem deixar no mundo, que não se resume apenas a resultados, dinheiro ou conversão de vendas, mas também em cuidado com nossa casa, o planeta.

M&M – De que maneira criadores de conteúdo podem integrar impacto positivo em suas iniciativas? Qual a importância de trazer esse olhar de responsabilidade social e ambiental para o marketing de influência?

Maisa — Acredito que os influenciadores podem impactar positivamente por meio da informação e da verdade, alinhadas ao propósito de cada um. Se eles têm consciência do que está acontecendo no mundo ou representam algum nicho, acredito que devam reconhecer a importância de falar sobre isso com responsabilidade e cuidado com seu público. Eles inspiram escolhas de estilo de vida, viagens, produtos, alimentos, lazer e passeios, mas também têm um impacto muito mais significativo quando abordam temas importantes, como impacto social e ambiental. Por isso, buscamos conversar com nossos influenciadores e escolher campanhas que possam mostrar esse lado deles, sempre de forma espontânea. Quando a mensagem é feita apenas para chocar ou gerar views, acreditamos que não será recebida da melhor maneira pelo público. É fundamental que tudo esteja alinhado com o influenciador e que ele assuma total responsabilidade e cuidado ao se manifestar sobre aquilo em que acredita.

M&M – Por que a Mata Atlântica e o reflorestamento são causas importantes para você?

Maisa — Falando sobre a Mudah, nosso escritório fica em São Paulo, um estado que abriga a Mata Atlântica, e acreditamos muito que fazer a diferença deve começar por onde você está. Hoje, estamos contribuindo com a Mata Atlântica e, quem sabe, daqui a alguns anos, poderemos contribuir com outros biomas, como a Amazônia. Então, é isso: comece a mudança perto de onde você mora. Você não precisa ir muito longe para fazer a diferença.

M&M – Você é madrinha digital do Teleton. Como essa função contribui para ampliar seu engajamento social?

Maisa — Meu encontro com o Teleton aconteceu quando eu tinha 5 anos. Fui ao SBT e me encantei com o projeto, conheci a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e vi a diferença que a instituição faz na vida de milhares de famílias todos os anos. São muitas próteses produzidas e distribuídas pelo Brasil anualmente, e esse trabalho acontece muito por causa do Teleton. A AACD realmente precisa e conta com essas doações, e desde cedo aprendi a importância de doar e contribuir. Uma vez que você pisa na AACD, é impossível não sentir a urgência de fazer a diferença, porque o impacto na qualidade de vida das famílias é incontestável.

Como madrinha digital, título que recebi anos depois de já ser engajada na causa, fazer parte do Teleton só confirmou a minha vontade de continuar contribuindo e de mobilizar as pessoas que me acompanham para entenderem a seriedade do projeto.

M&M – Como seu papel como embaixadora do Unicef contribui para sua carreira?

Maisa – Sempre ouvi falar do trabalho gigante que eles realizavam. Há muitos anos, pude visitar a ONU e participei de um painel com jovens de diferentes países, cada grupo defendendo mudanças e oferecendo soluções para melhorar a sociedade e o meio ambiente onde viviam. Fiquei muito impressionada e já sabia que queria me envolver com a ONU ou o Unicef, que trabalha com crianças e adolescentes, meu público durante grande parte da minha vida e que ainda acompanha projetos que realizei quando mais nova. Sempre foi uma causa que me mobilizou muito. O Unicef garante que os direitos de crianças e adolescentes sejam respeitados e preservados, atuando em parceria com prefeituras e outras instituições.

Este ano, em 2025, fiz minha primeira viagem com eles para Pernambuco, um estado muito importante para mim com o qual tenho laços fortes. Pude visitar e conhecer algumas cidades e projetos dos NUCAS (Núcleos da Criança e do Adolescente), conversar com cada criança e adolescente e entender o que podemos continuar fazendo para melhorar a qualidade de vida deles. Foi uma experiência muito transformadora, que sempre vou guardar no coração, lembrando do motivo pelo qual estou combinando minha voz e somando forças ao Unicef para fazer a diferença. Se temos a possibilidade de gerar impacto social, que isso seja feito por meio de um projeto tão grande, responsável e competente como o Unicef.