O que será do Rio após os Jogos?

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O que será do Rio após os Jogos?

Com o sucesso dos eventos que aumentaram a autoestima da cidade, a capital fluminense abre espaço para um novo momento em sua trajetória

Teresa Levin
20 de setembro de 2016 - 8h40

Foram anos de preparação para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 desde a escolha da capital carioca como sede dos eventos. E, se no começo o clima era de euforia, no início deste ano tomou conta o pessimismo em função da situação do País e da cidade, que não fez todas as entregas prometidas. Mas bastou os Jogos Olímpicos começarem para a situação se reverter a medida que o evento se firmava como grandioso e marcante. Na sequência, as Paralimpíadas, que se iniciaram timidamente, se transformaram na segunda maior da história, alavancando um público que no seu maior dia, o sábado, 10, chegou a 170 mil pessoas, superando inclusive o dia mais procurado os Jogos Olímpicos Rio 2016. Mas, depois de toda esta preparação e realização, como serão os próximos anos para o Rio de Janeiro? O que a cidade herdará como legado de tudo que viveu nesta quase uma década voltada para o maior evento esportivo mundial?

“Talvez nos últimos 50 anos esta tenha sido a grande mudança da cidade”, aponta Marcelo Guedes, coordenador do curso de Administração da ESPM Rio. Para ele, houve uma mudança urbana, de transportes e infraestrutura, que trouxe de volta orgulho ao carioca. “Ganhamos dois parques enormes na zona norte, mudamos a malha de transportes, criamos uma nova área que era degradada no centro da cidade, com o Boulevard Olímpico”, fala. Ele lembra que pesquisas apontam que cidades olímpicas têm impacto direto no aumento do turismo nos anos seguintes. “Isso tudo fomenta a economia criativa, com a vinda de mais pessoas”, observa. Guedes defende que tudo isso pode virar uma bola de neve, embora caiba aos gestores e empresas tirar proveito deste cenário. “Não abandonar o Boulevard Olímpico, criar uma agenda de eventos nos próximos anos, fomentar o carnaval, o Réveillon, o Rock in Rio, para tirar proveito da cidade”, fala Guedes.

Visão do mercado

Gustavo Oliveira, presidente da Abap Rio de Janeiro, ressalta que, o fato de conseguir realizar o maior evento esportivo do mundo, de maneira criativa e altamente profissional, trouxe para o Brasil como um todo, e ao Rio em especial, uma imagem muito positiva. “Além disso, os investimentos realizados em infraestrutura de transporte e turismo já colocam a cidade em um outro patamar na atração de feiras e novos eventos”, avalia. Apesar do clima positivo vivido pela cidade, ele afirma que não notou um crescimento acentuado dos investimentos em propaganda feitos pelos anunciantes das agências do Rio.  “Mas este crescimento certamente virá no médio prazo como resultado das oportunidades de negócios abertas  com a melhoria da imagem da cidade, somada à esperada retomada da  economia do País”, diz Oliveira.

Já Marco Simões, representante executivo da ABA para o Rio de Janeiro, acredita que o mercado anunciante terá um bom momento a frente por conta de uma movimentação de não patrocinadores. “Muitos decidiram diminuir investimentos porque ficariam perdidos em relação aos grandes patrocinadores. E voltam agora”, afirma. Ele ainda acrescenta que a leve retomada do país ainda ajuda este cenário. “Sabemos que este é um grande momento para posicionar sua marca e voltar a crescer, uma oportunidade para aproveitar a retomada”, diz.

 Outro lado

Com uma outra visão, Pedro Trengrouse, professor do MBA da FGV, acredita que os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, assim como a Copa do Mundo, a Jornada Mundial da Juventude e os Jogos Mundiais Militares, são grandes festas, mas não passam disso. “Não tem condições mudar nada na vida das pessoas a não ser deixar uma boa recordação, um bom momento que não tem preço”, fala. Ele diz que as obras que foram realizadas, como o VLT e a expansão do metrô, já estavam planejadas há mais de 20 anos. “Foram feitas com nosso próprio dinheiro, não podem ser consideradas legado das Olimpíadas”, cita. Em relação a imagem do Rio, ele acredita que houve uma exposição concentrada muito grande para o mundo inteiro. “O problema é que o momento que o Brasil vivia antes dos Jogos era muito difícil, com a crise econômica e política, problemas de saúde pública e isso foi exposto para o mundo inteiro”, fala. Apesar disso, a exposição positiva com Jogos alterou um pouco o noticiário anterior. “As pessoas viram que não era um bicho de sete cabeças”, conclui.

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