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Contratação de Bruno afugenta patrocinadores do Boa

Cinco marcas se opuseram à assinatura de contrato com o jogador, que em 2013 foi condenado por mais de 22 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado


13 de março de 2017 - 8h46

Atualizada às 19h07

Bruno

Atleta Bruno foi contratado pelo clube dias depois de deixar a prisão (Crédito: Reprodução)

O maior feito da história do Boa Futebol Clube, equipe fundada em 1947 com o nome de Ituiutaba, aconteceu em novembro do ano passado, quando conquistou o título da série C do Campeonato Brasileiro, garantindo a participação na Série B do Brasileirão em 2017. Apesar desse troféu, no entanto, não foi pelo que apresentou em campo que o time mineiro vem ganhando, desde a semana passada, os holofotes da imprensa e das redes sociais em todo o Brasil.

Na sexta-feira, 10, o clube anunciou a contratação de Bruno Fernandes das Dores de Souza (o goleiro Bruno), que no mês passado, conseguiu, através de uma liminar concedida pelo Ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello, recuperar a liberdade após mais de seis anos e meio na prisão. Em 2013, Bruno foi condenado a uma pena superior a 22 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado. Em 2010, o goleiro participou do sequestro e do posterior assassinato de sua ex-namorada, a modelo Eliza Samudio.

Poucos dias depois de Bruno ter sido colocado em liberdade, começaram a circular informações de que alguns clubes brasileiros estariam interessados em contratar o jogador. Os boatos se tornaram um fato confirmado no último dia, quando o Boa Esporte Clube, da cidade mineira de Varginha, anunciou um contrato de dois anos com o goleiro. De acordo com o clube, a apresentação oficial de Bruno está marcada para a próxima terça-feira, 14.

Repercussão e críticas
Assim que o anúncio da contratação foi feito, as redes sociais do Boa Esporte Clube foram inundadas por mensagens de repudio e críticas de torcedores e de pessoas de todo o País, que não se conformam com o fato de o time ter incluído, entre seus atletas, alguém cujo crime gerou comoção nacional. No Facebook, fotos de Eliza Samudio começaram a ser postadas em todas as publicações feitas pelo clube. No Twitter, as manifestações de repudio ao Boa também foram intensas por parte de usuários de todo o Brasil. Na sexta-feira, 10, poucas horas após o anúncio da contratação de Bruno, o site oficial do clube foi hackeado.

Fuga dos patrocinadores
Além das críticas despertadas em boa parte do público, a contratação do Boa Esporte Clube também já começou a ter impactos financeiros. A Nutrends Nutrition, empresa de suplementos nutricionais que, no começo do ano, havia fechado um contrato para estampar seu logo nas camisas dos jogadores ao longo de todo o ano, usou seu perfil oficial no Facebook para, na noite de sábado, 11, comunicar que estava rompendo o contrato de patrocínio com o Boa. O posicionamento da empresa Nutrends gerou muitos elogios na página. Veja a postagem:

 

Nutrends

(Crédito: Reproduçao/Facebook)

A atitude da Nutrends pode ter aberto caminho para outros para que outros patrocinadores também revejam sua ligação com o clube mineiro. De acordo com o Globoesporte.com, o Grupo Góis & Silva, patrocinador máster do Boa Esporte Clube, também confirmou o rompimento da parceria com o clube. Nessa segunda-feira, 13, a empresa declarou que, após uma reunião com a diretoria do Boa Esporte e diante da decisão do time de manter a contratação do goleiro, “o grupo Góis anuncia oficialmente que não é mais patrocinador do clube”.  No comunicado, o Grupo Góis & Silva pede a retirada de todas as suas marcas (Grupo Góis e Silva, Dengue Control e Fazenda Ouro Velho) dos uniformes, redes sociais e de todo o material relacionado ao time.

A empresa de serviços médicos Cardiocenter, localizada na cidade de Varginha e que prestava atendimento ao clube, também se posicionou contra a contratação. “A Cardiocenter não concorda com a contratação de jogadores que não representam nossos ideais, nos opomos porque consideramos que os jogadores têm que ser exemplos de atletas para as crianças e para todos os apaixonados por futebol. Já solicitamos que nosso logo seja retirado do site do Boa Esporte”, disse a empresa, em seu perfil oficial no Facebook.

A Kanxa, fornecedora de material esportivo, também se manifestou através de um comunicado, declarando que a “partir da data de hoje (13 de março), não é mais a fornecedora esportiva do Boa Esporte Clube”. De acordo com o Globoesporte.com, a Magsul, rede de clínicas especializada em ressonâncias magnéticas, que atuava como apoiadora do clube, também declarou publicamente que não mais prestará atendimento ao Boa.

O argumento do Boa Esporte
Apontada por muitas pessoas nas redes sociais como uma estratégia de marketing para alavancar e popularizar o nome do clube, a contratação do Boa Esporte não está ferindo a Lei, na opinião de Rone Moraes da Costa, presidente do time. Em uma longa mensagem postada no perfil do clube no Facebook, Costa diz que a contratação de Bruno, “antes de mais nada, legalmente, faz parte da obrigação social da empresa, da sociedade em cooperar com a recuperação de um ser humano”. Confira, abaixo, a íntegra do comunicado do clube:

O que dizer da contratação do atleta Bruno?
O Boa Esporte clube. Equipe de futebol profissional em minas gerais, clube reconhecido nacionalmente, sendo campeão Brasileiro da Série C.
Convive nos últimos dias com uma avalanche de comentários nas redes sociais após noticia da contratação do atleta Bruno.
A cidade de Varginha que é conhecida pela possível aparição de um extraterrestre (ET) convive com a notícia da contratação do atleta Bruno.
A regra legal brasileira é a que todos, inclusive os criminosos mais perigosos, sejam submetidos a um julgamento honesto, imparcial e que a lei seja o fundamento da punição. Por sua vez, quando pensamos na aplicação da lei, certo ou não, suficiente o bastante ou não, justa o suficiente para o caso ou não, o que não podemos deixar de entender é determinado pelo cumprimento da lei. As consequências do erro humano possuem fundamentos de pena corporal. A lei dos homens indica a aplicação de penas variáveis de acordo de uma série de crenças, costumes e ideologias.
No Brasil os criminosos serão apenados com a prisão e, via de regras, colocados em liberdade, deve ser orientado, acompanhado e, não menos, pelo caminho de Deus.
Com certeza um dos motivos da evolução da pena que ela não seja transferida para outras pessoas, que seja pessoal, que não seja definida pela lei do Talião (olho por olho, dente por dente).
O tão procurado estado democrático de direito, a sociedade justa e fiel, a vida em sociedade, segundo critérios civilizados indicam de longa data que o criminoso colocado em liberdade deve ter atenção do estado, atenção suficiente para que possa restabelecer uma vida em sociedade. E ninguém pode negar que não existe vida em sociedade mais digna vida no trabalho. Quem nunca ouviu: o trabalho dignifica o homem? Então o argumento seria asqueroso, nojento ou imoral (a contratação do atleta Bruno), antes de mais nada, legalmente, faz parte da obrigação social da empresa, da sociedade em cooperar com a recuperação de um ser humano. Aqui não se condena a morte ou prisão perpetua. Enquanto isso não refletir a regra legal, a regra é que o egresso, o criminoso colocado em liberdade, possa obter meios de viver em sociedade, trabalhando e procurando dignidade em sua vida.
Onde estaria a contribuição de uma empresa esportiva quando cumpre a lei? Diante desses argumentos podemos afirmar que o Boa Esporte Clube não foi o responsável pela soltura e liberdade do atleta Bruno, mas o clube e sua equipe, enquanto empresa e representada por seres humanos, dotada de justiça e legalidade, podem dizer que tentam fazer justiça ajudando um ser humano, mais, cumprem a legalidade dando trabalho a quem pretende se recuperar.
O Boa Esporte Clube não esta cometendo nenhum crime conforme a legislação Brasileira e perante a lei de Deus.
Boa Esporte Clube.
Rone Moraes da Costa
Presidente”

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