Opinião
A Olimpíada mais mobile da história
Mesmo com números que comprovam o alto grau de consumo de informação e entretenimento via dispositivos móveis, marcas ainda não aproveitam esse potencial
Mesmo com números que comprovam o alto grau de consumo de informação e entretenimento via dispositivos móveis, marcas ainda não aproveitam esse potencial
30 de agosto de 2016 - 8h00
Foram 16 dias de competição intensa na Rio 2016 com 42 modalidades olímpicas e muita movimentação das torcidas, dos atletas, dos organizadores, da população local, turistas e das marcas. Esse fluxo constante em conjunto com a necessidade de se informar e socializar suas experiências tornaram a Rio 2016 os Jogos Olímpicos mais mobile da história. Esse é um fato e tanto e uma mudança de comportamento sem precedentes. No entanto, esse potencial gigantesco de interagir com as pessoas por meio de seus dispositivos móveis ainda não é devidamente explorado pelas marcas.
Para se ter uma ideia do tamanho da Rio 2016 no mobile, seis em cada dez brasileiros que acessam a internet usam o smartphone para navegar, segundo dados do Estudo Geral de Meios, realizado pela Ipsos. O índice (62%) cresceu quase sete vezes desde a Olimpíada de 2012, em Londres, quando apenas 8% dos brasileiros acima de 13 anos navegavam na internet pelo dispositivo móvel.
Outros números interessantes: a versão mobile do site das Olimpíadas Rio 2016 concentrou 56% dos acessos entre os dias 2 e 10 de agosto, com pico de 73% durante a cerimônia de abertura, segundo comunicado da Microsoft, responsável pelo portal. Esse índice já ultrapassa o recorde de Londres 2012, que registrou um total de 40% de visitas via dispositivos móveis.
Sabemos que a evolução digital contribui para esse crescimento, pois hoje temos smartwatches, smartphones conectados à rede 4G e dezenas de aplicativos sociais que não existiam na última Olímpiada. Vale lembrar que o Pokémon Go chegou ao Brasil junto com a abertura da Rio 2016. Sem contar os app de relacionamentos, puxados pelo Tinder, que foram febre entre os atletas na Vila Olímpica. Há quatro anos, eles nem sequer existiam.
Já a Samsung aproveitou a Rio 2016 para realizar uma ação por meio de seu aparelho de realidade virtual. Os usuários puderam assistir a uma série de eventos da competição, que foi desde as cerimônias de abertura e encerramento até provas de ginástica, basquete, vôlei de praia, corridas, boxe, esgrima e natação. Isso sim foi juntar sua tecnologia com a oportunidade oferecida. Pontos para a empresa coreana.
O Instagram revelou que mais de 90 milhões de pessoas interagiram com a plataforma sobre os jogos na primeira semana, entre 5 e 14 de agosto. A rede social de compartilhamento de fotos contabilizou 494 milhões de interações (postagens, comentários e curtidas) relacionados à competição no período.
A Rio 2016 também contou com uma mídia social que é 100% mobile e que em 2012 também não existia ainda: o Snapchat
Os filtros especiais, tanto de geolocalização quanto de rosto, foram muito utilizados. Sem falar do Waze, Uber, Airbnb e outros aplicativos que fazem com que o mobile derrube cada vez mais a barreira entre on e off-line.
As marcas, no entanto, têm um longo caminho a percorrer quando falamos de oportunidades versus investimentos em mídias focadas em dispositivos móveis. Segundo estudos realizados pelo eMarketer, 64 milhões de pessoas no Brasil possuem smartphones e apenas 33% dos investimentos de mídia digital são focados em dispositivos móveis, e mesmo assim poucas ações são criadas pensando no contexto mobile e nas possibilidades que os smartphones oferecem. A maioria das campanhas mobile são meras extensões de campanhas de vídeo e social pensadas e criadas para o ambien te não mobile.
A verdade é cristalina. O comportamento das pessoas mudou e a mobilidade faz parte desta nova dinâmica. Existem oportunidades de ouro para as marcas neste contexto. O desafio é pensar em estratégias desenvolvidas desde a concepção para o mobile e não adaptar outras ações para essa plataforma. Sua demanda e interação são específicas criando um ecossistema próprio e com enormes potencialidades de entretenimento, interação e serviços.
Durante a Rio 2016, esse potencial ficou escancarado. Com seu término, além da ressaca natural, especialmente para quem pode presenciar in loco o maior evento esportivo do planeta, fica a sensação de que literalmente o céu é o limite quando se fala de ativações de empresas, marcas e produtos no mobile.
Se apenas os números não o convencem, tente levar em conta nosso próprio comportamento. É muito provável que você esteja lendo esse artigo na tela de seu celular. E aí, vai ficar vendo esse filme passar sem fazer a sua parte nessa verdadeira revolução que o mobile trouxe à tona?
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