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Remuneração, transparência e equidade de gêneros no ambiente de trabalho esquentam debates sobre a indústria da comunicação no Brasil e nos EUA


3 de outubro de 2016 - 12h13

A semana foi marcada por intensos debates sobre o presente e o futuro da indústria da comunicação, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Em São Paulo, o Grupo Meio & Mensagem organizou a edição de 30 anos do MaxiMídia, maior evento nacional a reunir agências, anunciantes, veículos e, cada vez mais, empresas de tecnologia, consultorias… Paralelamente, em Nova York, foi realizada pelo 13o ano a Advertising Week. Polêmicas e desafios comuns aos dois mercados provocaram discussões acaloradas tanto cá, no Sul do continente, quanto lá, ao Norte das Américas.

Duas das maiores autoridades globais, quando o assunto é equidade entre gêneros no ambiente de trabalho, especialmente no universo da publicidade, Mercedes Erra (fundadora da BETC e presidente executiva da Havas Worldwide) e Madonna Badger (sócia e cofundadora da Badger & Winters) subiram ao palco para compartilhar opiniões, estatísticas e projeções, em auditórios no hotel Unique e no coração da Times Square, respectivamente.

Apoiada em dados e experiência própria, Mercedes foi contundente ao defender as vias que acredita serem as mais eficientes para diminuir a lacuna a separar as oportunidades e o reconhecimento profissional concedidos a homens e mulheres.

“Cerca de 75% de todo o trabalho não remunerado no mundo é feito por mulheres. Os homens, inconscientemente, não se enxergam com essa responsabilidade. Sobra pouco tempo para a mulher se planejar para ser presidente de uma empresa”, criticou, referindo-se à distribuição desproporcional da execução de tarefas domésticas e ligadas aos cuidados com a família e a criação dos filhos. Oradora determinada, a fundadora da BETC ainda citou Martin Sorrell para reforçar seu posicionamento. “Tenho certeza de que trabalho o dobro que o CEO do grupo WPP, que falou aqui no evento mais cedo. Porque, além de todas as tarefas da agência, também tenho as responsabilidades de minha casa e dos meus cinco filhos.”

Pesquisa divulgada pela She Runs It (nova denominação da organização que atua em defesa das mulheres que trabalham na indústria da publicidade em Nova York), durante a Advertising Week, endossa a comparação proposta por Mercedes. Os resultados do estudo conduzido pelo LinkedIn e EY com base em informações de mais de quatro mil companhias levaram em conta análises das carreiras de homens e mulheres em disciplinas ligadas à mídia e ao marketing, incluindo agências, publishers e empresas de tecnologia. Enquanto dentre os profissionais em início da carreira 41% das posições nessas áreas são ocupadas por mulheres, apenas 25% dos cargos de alta liderança estão sob responsabilidade delas. E é justamente na transição de patamar para se tornar um executivo que a disparidade numérica entre os gêneros fica mais acentuada.

O tema remuneração também esteve em alta simultaneamente nos dois hemisférios. No MaxiMídia, o assunto foi destacado em diversos painéis ao longo da programação. Embora não haja um consenso quanto à necessidade ou não de um novo modelo para o mercado, ficou claro que ambos os lados consideram inevitável que sejam ampliadas as varíaveis no cálculo de uma equação não tão exata assim, pela própria natureza.

As agências almejam uma conta que contemple toda a cadeia de valor gerada pelo serviço prestado para as marcas, do caixa dos clientes ao coração dos consumidores; já os anunciantes buscam associar a relevância dessa entrega a indicadores de performance de alcance e conversão.

Nesse campo, a temperatura está mais alta, no momento, nos Estados Unidos — tanto que, para não colocar mais lenha na fogueira, a Associação Americana de Agências de Publicidade (4As) desistiu de mandar representante para participar da sessão que discutiu a transparência envolvendo compra e métricas relacionadas à mídia. Seja pelas ideias amplificadas ao microfone no palco do Unique, seja pelas conversas ao pé de ouvido nos intervalos entre as palestras, parece uma questão de tempo para que esse assunto volte a esquentar por aqui.

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