Demorou, 2018

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Opinião

Demorou, 2018

Por mais difícil que siga a vida, a poucos dias de se fecharem as cortinas para 2017, já é seguro cravar que o ambiente para negócios no País melhorou


22 de dezembro de 2017 - 15h28

Como já é tradição, a última das cinquenta edições publicadas ao longo do ano por Meio & Mensagem é dedicada a uma retrospectiva, que tem como premissa a escolha de 10 grandes destaques do mercado, sejam fatos, sejam pessoas, dentro de 10 diferentes categorias.

Desta vez, temos duas novidades: uma curadoria das melhores frases ditas pelos personagens entrevistados por nossos jornalistas nesses doze meses; e uma seleção das marcas mais criativas de 2017. Ambas são produzidas dentro das mesmas regras que as listas de Profissionais, Fatos e Polêmicas do Ano: são fruto de um levantamento feito por nossa equipe de repórteres e editores, levando em conta tudo o que foi notícia ou teve impacto nos negócios em comunicação, gerando interesse das empresas e profissionais do setor.

Já as indicadas a Campanhas do Ano foram determinadas por um júri de 98 criativos e executivos de agências com origem na área de criação, consultados pelo nosso editor-executivo Alexandre Zaghi Lemos.  Esse conteúdo especial, caro leitor, você confere em mais de vinte páginas, a partir da 24. Antes, na seção Opinião, o artigo assinado pelo CEO da Fbiz, Roberto Grosman, é um ótimo prefácio para entrar no clima da retrospectiva.

Quando o assunto é economia, por mais difícil que siga a vida neste adiantado de dezembro, a poucos dias de se fecharem as cortinas para 2017, é seguro cravar que o pior ficou para trás.

Já era hora — ou “demorou” —, após quatro longos anos de tensão no ambiente de negócios. Embora 2013 tenha registrado um crescimento de 3% do Produto Interno Bruto, os protestos urbanos lançados em junho daquele ano marcaram simbolicamente o início de tempos turbulentos para a sociedade brasileira. No campo prático, os desastrosos efeitos da nova matriz econômica implementada pela presidente Dilma Rousseff já haviam gestado o clima ideal para a tempestade perfeita que viria a seguir, nos lançando em uma espiral de aceleração da inflação, alta de juros e corte de empregos.

Melhoras nos índices de emprego, o recuo drástico da inflação, a queda nas taxas de juros e a recuperação de setores importantes mostram que a dinâmica da economia começa a se sobrepor à crise política. A possibilidade de o PIB crescer algo próximo de 3% em 2018 traz otimismo e confiança. Os níveis recordes que a Bolsa de São Paulo alcançou em setembro mostram a disposição de investidores internacionais em apostar no Brasil, ainda que nos últimos meses o mercado financeiro tenha entrado em compasso de espera, enquanto aguarda as últimas notícias relativas à reforma da Previdência e as próximas pesquisas eleitorais.

A volatilidade política, aliás, perde em parte o seu potencial para causar estragos. Qualquer desdobramento de casos sob investigação ou mesmo um novo escândalo de corrupção teriam efeitos limitados, uma vez que o governo Temer vive seus meses derradeiros.

Melhoras mais estruturais e sólidas, no entanto, somente serão vistas com a aprovação de mais reformas — além da previdenciária, é preciso atacar a tributária e a política — e quando for decidido quem governará o País a partir de 2019, uma corrida cujos reais contornos começarão a ser definidos em janeiro, com o julgamento em segunda instância do processo em que o ex-presidente Lula foi condenado a nove anos e meio de prisão, por corrupção e lavagem de dinheiro.

A médio e longo prazos, tão importante quanto esses fatores, será o legado da operação Lava-Jato para a atuação dos políticos, para a governança das empresas e nas relações entre esses atores públicos e privados, criando condições mais transparentes para a atração de investimentos, especialmente no campo da infraestrutura — que, pela robustez e até mesmo pela demanda reprimida ao longo dos últimos anos, pode ser o motor a pulsar um novo ciclo de crescimento.

Que essa jornada comece agora, sob o signo do Ano Novo.

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