Primeira vez que odiei dizer: “Eu tinha razão”

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Opinião

Primeira vez que odiei dizer: “Eu tinha razão”

Com as verbas da Ancine ameaçadas, é preciso buscar a união de produções e novas fontes de financiamento para o mercado audiovisual no Brasil


18 de abril de 2019 - 15h04

Campanha “Audiovisual Brasileiro, muito mais do que você ouve por aí”, 2018 (crédito: reprodução)

Juro que não era assim que eu queria começar minha coluna aqui no Meio & Mensagem. Desde quando estive à frente dos conteúdos originais dos canais do grupo A&E (History, Lifetime e A&E) até a criação da Imprensa Mahon (canal que democratiza o acesso à informação sobre a indústria audiovisual), meu maior objetivo tem sido contribuir para o audiovisual no país ajudando os produtores menores, os iniciantes e os estudantes a brilhar em nosso competitivo mercado. Eu gosto de passar esperança, mas vivemos dias difíceis.

Desde a campanha eleitoral de 2018, eu estava temendo pelo futuro de nosso mercado e de nossa mãe Ancine, que nos deu oportunidade de fazer nossa indústria contribuir mais para o PIB nacional do que a farmacêutica e a do turismo, e de empregar indiretamente mais pessoas do que a indústria automobilística. E essa foi a primeira vez na vida que eu não gostei de dizer: “Eu tinha razão”.

Não vou entrar nos méritos técnicos e burocráticos do que está acontecendo, que tem gente muito melhor do que eu para escrever isso, mas basicamente o quiproquó pode ser resumido nos seguintes pontos:

• Há sim uma guerra pelo controle da cultura e da educação.

• Produtores, artistas e professores são vistos como inimigos.

• Quem assumiu o poder não entende muito de nada, muito menos de cultura e ainda menos de produção audiovisual.

• O arcabouço regulatório do audiovisual, de tão bom, fez o mercado crescer tanto que a estrutura da Ancine não acompanhou, e muitos, mas muitos projetos não tiveram suas prestações de contas analisadas pela Agência.

• A posição de um único ministro do TCU, embora baseada numa análise bem aprofundada dos problemas, pode ser considerada meio arbitrária. Esse um ministro não precisava ter paralisado todo um mercado.

• Tem uma briga política pelo controle da Ancine, tendo como atores figuras como Onyx, Frota e Terra.

• Estão querendo acabar com a Ancine e com a Lei do Audiovisual.

• Produtoras menores já começaram a fechar, logo começam as médias. Se continuar assim não sabemos quantas grandes vão sobreviver.

• O audiovisual brasileiro nunca correu tanto risco de regressão, nem na era Collor.

Com um cenário desse pela frente, como ter esperanças? Bom, eu não sou muito da política e muito menos futuróloga, mas de uma coisa eu sei: Juntos somos mais fortes.

Mais do que nunca é o momento de nos unirmos, de sermos generosos, de ensinarmos uns aos outros. Vamos unir as produções, buscar outras fontes de financiamento. In branded we trust!

Enquanto o mundo não acaba, vamos pegar nas nossas mãos e trabalhar juntos muito duro e ser infinitamente mais legais com as pessoas.

*Crédito da foto no topo: Reprodução

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