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Opinião

Lidas com uma crise e te direi quem és

A boa estratégia é aquela que se adapta a curto prazo também


14 de outubro de 2019 - 15h00

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(Crédito: Thiago Nori/iStock)

Certa vez, perguntaram a um famoso banqueiro brasileiro como ele havia ficado rico com o mercado de ações. Qual era sua estratégia? “Simples”, ele disse. “Quando todo mundo compra, eu vendo; e quando todo mundo vende, eu compro”.

A estratégia, quando bem aplicada, serve a empresas ambiciosas, arrojadas, que querem crescer e ganhar market share em seus produtos.

Em situações normais de mercado — ou seja, excetuando-se os períodos de crises globais —, sempre há países em que a economia vai bem e outros em que não vai tão bem. Nos últimos anos, os principais mercados globais avançaram e o Brasil estagnou.

Empresas globais, com estratégias agressivas de crescimento, investem mais durante as crises em seus principais mercados estratégicos esperando a recuperação. Compram novas empresas, ampliam a penetração em áreas geográficas, criam produtos para diferentes segmentos e esperam a crise passar. É a vantagem de ser uma empresa global.

A maioria das empresas brasileiras, infelizmente, não tem participação expressiva nos mercados internacionais. São empresas com dificuldades enormes em entrar no mercado externo. As razões são diversas, mas o motivo principal é o desconhecimento e a falta de estratégia para se internacionalizarem.

No período de crescimento e de expansão, em vez de simplesmente aumentarem suas vendas no mercado interno, elas deveriam adaptar suas linhas e se preparar para entrar em novos países. Deveriam diversificar, não como simples e esporádicos exportadores, mas como empresas com estratégia global e com planos de se estabelecerem firmemente e a longo prazo em outros países. A mesma atitude empreendedora que seus proprietários e gestores tem para atuar no mercado nacional tem que ser utilizada para o mercado externo. Já que a maioria não faz isso, o que resta é aguentar a crise. Mesmo assim, no entanto, é possível avançar no mercado local e tomar decisões corajosas no período de crise. O que fazer?

Primeiro, nunca perder o otimismo. Não o otimismo irracional, mas aquele decorrente da confiança na estratégia de longo prazo. A boa estratégia é aquela que se adapta a curto prazo também.

Bons administradores sabem que hoje as mudanças são exponenciais, e não lineares. Há que saber preparar a empresa para essa situação e, na crise, esse é o momento ideal para se fazer isso. É a hora de rearrumar a casa! É o momento de se aperfeiçoar e até mudar a maneira de operar no mercado e cortar em muito a burocracia. Dar espaço para decisões descentralizadas e rápidas. Investir em comunicação diferenciada com o cliente e, acima de tudo, manter os funcionários confiantes, e não apenas motivados com discursos vazios. A motivação produtiva vem da confiança nos dirigentes e na estratégia adotada pela empresa.

Os funcionários também têm que entender que o papel deles muda na crise. Não adianta continuar fazendo sempre a mesma coisa. A manutenção da rotina não fará as coisas mudarem. Eles têm que se engajar nas mudanças — e só o farão se acreditarem nelas.

Nessa hora, o bom dirigente sabe com quem contar. Ele identifica e investe nas pessoas certas. Há os que concordam com tudo em público e criticam a empresa reservadamente, espalhando desconfiança. Há os que não emitem opinião alguma, não julgam e fazem apenas o que lhes é pedido, e há os que aberta e lealmente questionam decisões — esses são os bons!

Sempre gostei de trabalhar com aqueles que desafiam construtivamente o pensamento da organização e consequentemente seus dirigentes. São eles que trarão ideias de como avançar na crise e gerar oportunidades desconhecidas ou nunca testadas. São eles que contaminarão positivamente a organização e a ajudarão a avançar na crise. A necessidade traz a inovação.

Crise bem gerenciada faz bem à empresa! Crise enfrentada com medo, com restrições e cortes faz muito mal. Para o momento e, consequentemente, para o futuro.

*Crédito da foto no topo: GraPro/iStock

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