Responsabilidade, do verbo equilibrar

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Opinião

Responsabilidade, do verbo equilibrar

É melhor vender nove cervejas para nove pessoas do que nove cervejas para apenas uma pessoa; isso é crescer de forma sustentável e com impacto positivo


15 de outubro de 2019 - 11h22

(Crédito: Rashid Khreiss/ Unsplash)

Sexta-feira. Fim do expediente. Vem a pergunta: bora tomar uma? Alguém responde: vou tomar só uma e ir pra casa. Preciso descansar. Três horas depois e esse mesmo alguém está abrindo a oitava ou nona lata, já sem hora pra parar. Quantos de nós já não nos deparamos com situações como essa? Começo essa conversa fazendo uma provocação. Todas as vezes que você bebeu foi porque quis ou por influência dos amigos? Quantas vezes acabou aceitando mais um copo, mais uma dose, só para não ouvir as piadinhas da galera?

De acordo com a pesquisa Vigitel do Ministério da Saúde (2019), 23% dos jovens entre 18 e 24 anos no Brasil consomem bebidas alcoólicas de forma excessiva. Isso significa que, ainda que não bebam com frequência, quando o fazem, os jovens exageram e acabam mandando uma dosagem muito alta de álcool para o sangue.

Nessa faixa etária, em que se está deixando a adolescência e entrando na fase adulta, beber pode representar um rito de passagem e se tornar sinônimo de liberdade, expressão de autenticidade, alguma forma de status e até mesmo a “solução” momentânea de dilemas internos. A pressão do coletivo é um fenômeno amplamente conhecido. Nessa idade, beber pode significar ser mais aceito pelo grupo.

Diante desse cenário, mais do que trazer a conversa, convido a todos, principalmente profissionais da indústria de bebidas, para uma reflexão sobre a importância de liderar diálogos e iniciativas que contribuam, efetivamente, para a mudança de comportamentos nocivos por atitudes equilibradas seguras. Será que as campanhas publicitárias e as ativações de marca, além de posicionar os produtos, estão fazendo as pessoas refletirem sobre seus hábitos?

Protagonizar ações e conversas de impacto é, sim, papel da indústria. Segundo o estudo Earned Brand 2018, da agência de relações públicas Edelman, 59% dos brasileiros acreditam que as marcas têm ideias melhores do que o governo para resolver questões sociais. A pesquisa também mostra que 60% entendem que o posicionamento das marcas sobre temas que os impactam diretamente é importante inclusive no momento da compra. Temos um potencial enorme para ser uma força efetiva de mudança, o que não significa vender ou lucrar menos. Pelo contrário. É melhor vender, por exemplo, nove cervejas para nove pessoas do que nove cervejas para apenas uma pessoa. Isso é crescer de forma sustentável e com impacto positivo.

Chegou a hora de desafiar o status quo e ir além do disclaimer “beba com moderação”. A mensagem é fundamental, inclusive está prevista na legislação brasileira, mas acredito que é por meio do conhecimento, no sentido mais amplo da palavra, que a mudança realmente acontece. Todos nós, e não apenas os jovens, precisamos conhecer nosso corpo, as consequências do excesso e, principalmente, os gatilhos que nos levam a beber muito além do necessário para viver momentos de celebração que não se apagam da memória. Em suma, precisamos de mais informação e autoconhecimento.

Falando como um líder empresarial, acredito que é preciso ampliar o discurso e falar aberta e francamente de temas sobre os quais a sociedade precisa ser encorajada a discutir também. Se estou aqui comentando sobre a importância do consumo equilibrado é porque o desequilíbrio também existe e a indústria não pode se abster desse problema. Agora, falando como pai de dois jovens, de 20 e 22 anos, sinto a urgência de um tema presente em todos os lugares e classes sociais. Educar sobre os benefícios da relação equilíbrio versus diversão contribui para uma cultura mais segura, respeitosa e saudável.

Se divertir com equilíbrio é cool. É uma mudança de atitude que veio para ficar!

*Crédito da foto no topo: Reprodução 

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