Streamings em 2020 e o declínio da TV paga

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Opinião

Streamings em 2020 e o declínio da TV paga

Estima-se que 800 novas séries vêm sendo produzidas, o que, para um consumidor médio assistir, levaria cerca de cinco anos


9 de janeiro de 2020 - 13h09

(Crédito: Simpson33/ iStock)

O sucesso do lançamento da Disney+ no mercado de streaming americano, com dez milhões de assinantes já no primeiro dia e uma meta de 60 a 90 milhões de assinantes em todo mundo até 2024, demonstra o grande potencial de crescimento desse mercado mundialmente. Sim, é claro que estamos falando de um estúdio que tem nada menos do que Marvel e Pixel em seu portfólio, é dono da Fox e da ESPN, e investiu US$ 100 milhões para o lançamento com a série The Mandalorian, do núcleo Star Wars.

Embora a Disney+ só pretenda chegar à América Latina em 2021, é fato que a empresa marca uma explosão de conteúdo desse tipo para o mundo. Somando Disney+, Apple TV+, Amazon Prime Video e Netflix, estima-se que 800 novas séries de streaming vêm sendo produzidas para 2020. Basicamente, estamos falando de uma quantidade de conteúdo que, para um consumidor médio assistir, levaria cerca de cinco anos. E, nessa conta, nem estamos falando de HBO Max, Peacock da NBCU, Warner, Universal, BBC, Sony, Paramount+ e muitos outros.

O que está por traz desse excesso de conteúdo é algo muito simples. O streaming é o futuro. Até as grandes TVs já perceberam que não há mais saída e que o streaming é parecido com os aplicativos de táxi. O vídeo on demand veio para ficar! Não há como regredir. A TV tradicional está realmente fadada a ser alocada para eventos esportivos ao vivo e grandes desastres. O streaming será o principal serviço em 2020 na mente da maioria dos consumidores.

Enquanto isso, as TVs pagas tradicionais vivenciam uma escalada decrescente com seus consumidores cancelando suas assinaturas e aderindo aos streamings. Os maiores provedores de TVs pagas nos Estados Unidos — os que representam cerca de 95% do mercado — perderam cerca de 2,8 milhões de assinantes líquidos de vídeo em 2018, um reflexo de uma pausa na aquisição de novos usuários e um aumento de cancelamentos de inscrição. A Digital TV Research espera que o número de assinantes tradicionais de TV paga decline para 81 milhões em 2024, contra 91 milhões em 2018 e 105 milhões em 2010.

No Brasil, infelizmente, não temos dados de pesquisa para entender melhor os movimentos do mercado local. O que podemos considerar são indícios. A principal rede brasileira, a Globo, está investindo fortemente em anúncios de seu streaming, o Globoplay. Além deles, a Record criou o Play Plus, o SBT anunciou para 2020 o SBT Play e houve uma explosão de streaming de música, os conteúdos sob demanda em áudio, os podcasts. Tivemos a entrada de empresas como Folha e Globo em podcasts, além de incontáveis novos players. Todas as mídias que, de alguma forma, já produzem conteúdo, estão criando suas plataformas de áudio e vídeo sob demanda e tornando isso um produto comercial.

Na prática, o que está acontecendo é que o espaço de streaming de vídeo está se tornando cada vez mais lotado, oferecendo aos consumidores mais opções do que nunca e dificultando a diferenciação das ofertas no mercado. Estamos certamente vivenciando um momento único, a explosão das empresas OTTs (over-the-top), ou seja, de streamings de vídeos.

Alguns dados do mercado confirmam essa explosão. Segundo o eMarketer, por 2022, o número de assinaturas OTT nos EUA e usuários do serviço de streaming chegará a 197,7 milhões. O mercado global de OTT deve chegar a US$ 332,5 bilhões até 2025 (estudo da Allied Market Research) e a projeção de streaming de vídeo (SVoD) é de US$ 24,7 bilhões em 2019 (dados da Statista).

Bom, todas essas pesquisas foram feitas antes da entrada da Disney+ no mercado. Dá para imaginar como serão os estudos e indicadores do ano que vem em streaming. Certamente estamos diante de um redesenho desse mercado, um novo mapa de grandes, médios e pequenos players de streaming devem surgir.

Para estar à frente, será necessário ter uma plataforma que ofereça performance, segurança da informação e, ainda, capacidade de personalizar a experiência do usuário. O desafio principal está na consolidação de entrega dos conteúdos em marketplaces. Será necessário ter parcerias e acordos para que os players ofereçam pacotes completos, os bundles, de conteúdo. A marca que oferecer conteúdo mais relevante e de diferentes players na mesma plataforma terá mais chances de conquistar os consumidores em 2020.

*Crédito da foto no topo: Lysenko Alexander/ iStock

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