Opinião
Tendências para 2020 no RH 4.0
Toda a jornada do colaborador passa a ser guiada de modo mais fluido, unificado e consistente
Toda a jornada do colaborador passa a ser guiada de modo mais fluido, unificado e consistente
23 de janeiro de 2020 - 14h57
O que esperar do futuro do trabalho em 2020? Hoje, as áreas humanas deixaram de ser limitadas a contratar, treinar, manter (gerir) e desligar pessoas. A 4º Revolução, a revolução tecnológica, ampliou os horizontes, dando ao RH a chance de exercer um papel muito mais “humano”.
Sim! Sejamos sinceros: em muitas empresas, a humanidade está perdida, pois os profissionais foram moldados para atender aos requisitos da era industrial. Primordialmente orientados por processos, políticas, burocracias e programados como máquinas, as soluções eram criadas de forma quase mecânica, uma espécie de linha de produção.
Portanto, o RH 4.0 vem à tona para redirecionar olhares e esforços para a real essência da área que é cuidar de gente. Mais do que nunca, o novo papel do RH é conectar, inspirar, potencializar e encantar pessoas, através de experiências e com propósito.
O RH 4.0 mudou a forma como consumimos, interagimos e como trabalhamos, passando pela tecnologia como meio, e não como fim. A tecnologia passou a ser um dos principais elementos dessa transformação, inclusive para tornar os profissionais mais humanos. É vital usar toda essa inovação tecnológica para entender, personificar, aprofundar, analisar e extrair, a partir disso tudo, conhecimento que retroalimenta esse ciclo de experiências e, o que é melhor, tudo isso guiado pelo propósito.
Isso resume a maior influência que essa revolução exerce sobre o RH, permitindo que seu papel seja redesenhado e que seu mote seja construir, manter e evoluir as experiências contidas em todo o ciclo de vida do colaborador. Tudo isso a partir de um propósito claro, real e genuíno, de modo que contribua de forma significativa para a cultura de alta performance, que, por si só, alavanca resultados individuais e coletivos e beneficia tanto pessoas quanto negócios.
E como o RH deve se comportar perante essas tendências? Com o futuro do trabalho batendo à porta, é necessário pensar e agir pelo propósito e, acreditem, isso muda tudo! Significados e valores compartilhados, alinhados a um objetivo relevante para elas e para os negócios é a conexão que une esses dois pontos. Quem construirá essa conexão? Os profissionais das áreas de gente! Para isso, a rotina do novo RH está toda voltada a construir experiências, e não processos, considerar o “sentir”, e não o ser ou estar, e isso implica em usar a tecnologia para retomar o que somos: humanos. Por isso, as funções tradicionais do RH serão cada vez mais automatizadas, minimizando níveis operacionais costumeiramente desgastantes.
Assim, com fluxos, processos e dados criados e gerenciados por máquinas, nos restará a parte mais nobre e interessante: criar e recriar, inovar e desenvolver com pessoas, para pessoas. Tudo isso afeta diretamente a forma como os talentos serão atraídos, desenvolvidos e retidos. São desafios novos de multigerações, diversidade, identificação e o famoso “matching”.
Employer branding e employee experience incorporam-se à rotina dos RHs, que agora atuam para construir uma marca empregadora que torne sua empresa “objeto de desejo” dos candidatos e o ciclo de vida do colaborador, desde o momento em que ele “conhece” a marca empregadora até o momento em que dela se despede para se dedicar a novos voos. Com isso, toda a jornada do colaborador passa a ser guiada de modo mais fluido, unificado e consistente. A transformação inclui transitar de processos engessados para múltiplas opções, alto nível de personificação, ações baseadas em informação e muito mais.
O instinto e a percepção desses profissionais dão lugar à análise semântica, algoritmos e outros elementos que analisam comportamentos, preferências, desejos e escolhas dos colaboradores, compilando e transformando tudo isso em análise de dados para tomada de decisão, um processo muito mais assertivo. A gestão do conhecimento deixa de ser técnica e passa a ser experiencial.
As pessoas não querem só aprender, querem viver, experimentar, testar e aplicar o que aprendem. O desejo de autodesenvolvimento ganha mais força do que nunca e isso cria um divisor de águas: as pessoas não se contentam com o conhecimento obsoleto e a pergunta que as rondará é: o que realmente podem fazer com todo esse conhecimento?
A flexibilização das formas de trabalho, seja no ponto de vista prático (como local de trabalho, foco na entrega, trabalhar a qualquer hora e de qualquer lugar, comunidades independentes de talentos dentro da mesma organização), ou de aspectos mais burocráticos (contratação dessas pessoas, legislação e remuneração) já são, por si só, uma grande disrupção, talvez a maior das vistas nos últimos 20 anos.
Sejamos otimistas ou não com essa projeção, o fato é que a vida humana nunca foi tão explorada no ambiente corporativo como agora e coisas como inteligência emocional e social já fazem parte de nossas agendas, todas traduzidas sob a ótica da experiência e do propósito para as empresas e, fundamentalmente, para as pessoas.
*Crédito da imagem no topo: Slavemotion/iStock
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