O futuro (presente) do trabalho

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Opinião

O futuro (presente) do trabalho

Estamos tentando manter vínculos e com o exercício de dar valor para o que realmente importa


9 de junho de 2020 - 9h32

(Crédito: Iankogal/ iStock)

Em janeiro deste ano, foi lançada uma plataforma online e publicado um estudo que idealizei sobre o Futuro do Trabalho e as Gerações para o Meio & Mensagem, com patrocínio do Twitter. O objetivo do estudo era ouvir as impressões das diferentes gerações sobre como seria o futuro do trabalho daqui a dez, 20 anos. Quais são as maiores expectativas? Medos? Para onde as lideranças e organizações deveriam caminhar? Imaginando que estes resultados recentes já tivessem perdido o sentido devido à pandemia que estamos vivendo, decidi revisitá-los. Abaixo, quatro questões levantadas no final de 2019 em relação ao futuro:

1. Trabalho remoto
Uma das mudanças mais óbvias previstas para daqui a dez anos ou mais, para 80% dos entrevistados, era o fato de que poderíamos todos trabalhar remotamente — de onde bem desejássemos — e que a fronteira entre trabalho e lazer seria muito mais estreita. Bingo. A Covid-19 acertou em cheio. Só que, diferentemente do imaginado, onde teríamos flexibilidade de escolha de nossos ambientes de trabalho, da noite para o dia passamos a trocar salas de reuniões e cafés nos corredores para plataformas como Zoom, Teams, Google etc. E as interrupções nas reuniões, antes feitas por nossos celulares, passaram a ser feitas por nossos filhos, cachorros, maridos ou mulheres. “Onde está mesmo o limite entre trabalho e lazer?

2. Preocupação com isolamento social
O desejo de ganhar liberdade para trabalharmos dentro das nossas próprias casas trazia no estudo um alerta cuidadoso dos entrevistados mais jovens: “Não podemos deixar que o isolamento social seja a nova regra. Lidar com a solidão já é, e será, um dos maiores desafios do futuro do trabalho, temos que nos preparar para isso”. Eles não imaginaram, e tenho certeza de que nenhum de nós, que estávamos acelerando e que este muro do isolamento estaria logo ali. O conceito de “learning agility” nunca fez tanto sentido quanto agora.

3. Atenção ao tema saúde mental
Esta mesma geração mais jovem apontou a saúde mental como um tema que ganharia muito protagonismo daqui a dez anos. Olha o “fast foward” aí de novo. Uma pesquisa do Instituto Mind Share Partners, publicada em janeiro de 2020, já apontava também um alerta em relação à geração Z: 73% deles declararam já ter saído de um emprego por questões que envolviam sua saúde mental, tais como depressão e burnout. No contexto atual, este tema ganhou palco e, com certeza, as estatísticas avançaram.

4. Por onde andam esses super-heróis?
Uma parte curiosa do estudo realizado em dezembro foi o desafio que fizemos para que os entrevistados imaginassem uma pessoa e/ou celebridade que teria características de um profissional de sucesso neste complexo futuro do trabalho. A geração X não pensou duas vezes, a maioria trouxe como referência Ayrton Senna. Ele dominava a máquina, sabia construir e liderar um time, tinha a habilidade de lidar em um contexto totalmente imprevisível. Habilidades essenciais para um líder no futuro do trabalho (ou seria hoje?).

Os mais jovens, temerosos do que estaria por vir, concordaram que só mesmo um super-herói para lidar com tamanha complexidade. Trouxeram como referência Peter Park, mais conhecido como Homem-Aranha, pelas habilidades de equilíbrio (físico e mental) para lidar com situações-limite, além da personagem mulher elástico, dos Incríveis. Sem flexibilidade e alta capacidade de adaptação, na visão deles, não daria nem para pensar em trabalhar no futuro.

Enfim, aqui estamos nós, em pleno 2020, sem todos esses superpoderes. Tendo que encarar do jeito que conseguirmos este futuro do trabalho no tempo presente. Estamos acertando num dia e errando no outro. De frente para a tecnologia, tentando manter nossos vínculos e com o exercício de dar valor para o que realmente importa. Com muito mais senso do coletivo e um olhar mais atento para o papel social das organizações. Mas, mais do que qualquer coisa, estamos com pressa. Pressa de que esse tal futuro do trabalho passe logo e possamos, com serenidade, viver no presente.

*Crédito da foto no topo: Novendi Dian Prasetya/ iStock

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