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Opinião

Clubhouse: vamos ter que reaprender a dialogar

Num diálogo, ao vivo, vai ser preciso recuperar algumas coisas tão valiosas nesse exercício que segue sendo crucial para a convivência social humana


8 de fevereiro de 2021 - 19h06

Ilustração de Luiz Telles (crédito: Luiz Telles)

Não teve jeito. Por mais que eu olhasse meio desconfiado, com aquela sensação de “não preciso de mais uma rede social”, na sexta-feira passada entrei no #Clubhouse para entender como funcionava e se tinha algo que poderia me interessar.

Hoje, segunda-feira, 8, já participei como co-host de uma sala com o título: O Business da Experiência, junto com outros líderes do Grupo Dreamers, para experimentarmos o formato, a plataforma e a aderência da audiência para as conversas que, com certa frequência, já temos entre nós sobre o mercado de experiência e como cada disciplina contribui para ele.

Como não poderia deixar de ser, houve a participação de gente tão bacana como Ronaldo Martins (A-Lab), Ana Deccache (FUN), Glaucia Montanha (Convert), Marco Antonio Vieira Souto (Grupo Dreamers), Allan Barros (Pullse), Duda Magalhães (Grupo Dreamers e Dream Factory) e Agatha Arêas (Rock in Rio). Foi muito rico. Mas não só pela companhia. Surgiram coisas importantes de registrar como reflexão.

A junção de vários temas com as características intrínsecas da própria plataforma rendeu insights muito poderosos sobre como essa nova rede pode combinar questões técnicas, de linguagem e principalmente de comportamento humano. E é isso que faz essa experiência ficar muito interessante.

São salas de áudio. Abertas para os seguidores de determinados perfis. A anfitriã ou o anfitrião pode escolher outras pessoas para falar. E qualquer pessoa que entra na sala como ouvinte pode pedir para falar e aguardar a aprovação por quem estiver liderando a conversa.

As salas são formadas por interesses e você pode pedir pra ser avisado se alguma delas abrir ou se alguém de quem você gosta entrar em uma conversa.

Pois é aí que está o ponto interessante de reflexão. São conversas, ao vivo, não gravadas. Nos últimos anos nos acostumamos em outras redes sociais com conversas escritas e, mesmo com áudio do WhatsApp, assíncronas. Postamos algo, alguém comenta e a conversa é assim feita de idas e vindas com tempos indefinidos.

Na sala a dinâmica acontece em tempo real. Como o rádio ao vivo, mas com pessoas podendo interagir e pedir para participar. Conhecemos profundamente lives, mas além exigirem uma produção mínima para aconteceram, são restritivas do ponto de vista de participação, não dão voz.

Portanto, num diálogo, ao vivo, vai ser preciso recuperar algumas coisas tão valiosas nesse exercício que segue sendo crucial para a convivência social humana e que temos esquecido em outras plataformas.

Vai ser preciso repertório. Por ser ao vivo os debates exigem conhecimento mínimo sobre os temas, não dando espaço para achismos ou opiniões sem referências ou fontes.

Vai ser preciso argumentos. Poderá a partir do que é apresentado, tentar entender a conversa sob outras óticas e colocá-las na mesa.

Vai ser preciso empatia. A força dessa nova plataforma está na construção de algo positivo, e isso só acontece quando exercitamos nos posicionar no lugar do outro.

Vai precisar escuta ativa. Sem ela não há diálogo.

Vai precisar de silêncio. Para as pausas, para que o outro possa eventualmente entrar com seu ponto de vista. (Aqui particularmente acho um desafio tremendo, pois, assim como o rádio, a tendência das pessoas é preencher o espaço o tempo todo).

Dá para falar mais sobre tudo isso, e acho que vou puxar alguns desses tópicos mais para frente, mas em resumo, como surgiu na discussão de hoje cedo, há uma oportunidade muito bonita de retomarmos essa que é uma das características mais importantes para nós seres humanos.

Vamos ter que reaprender a dialogar.

**Crédito da imagem no topo: Ajwad Creative/iStock

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