Um time de futebol para chamar de meu

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Opinião

Um time de futebol para chamar de meu

Modernização das leis e bons exemplos de administração poderão levar o Brasil ao mercado internacional dos investidores no esporte


15 de março de 2021 - 14h03

Taça da Premier League (crédito: divulgação)

Muitos torcedores sonham em ser donos do seu time de futebol do coração. Infelizmente, mesmo com todo o dinheiro do mundo, isso ainda não é possível no Brasil. Como os clubes nacionais são associações sem fins lucrativos, não há como comprá-los. Para que isso acontecesse, seriam necessárias mudanças na legislação que os transformassem em sociedades anônimas ou limitadas, tornando possível admitir investidores e comercializar ações na Bolsa de Valores.

Mas se as leis brasileiras ainda não permitem que compremos os nossos times, nada nos impede de usar nossas economias para adquirir um dos muitos clubes à venda no mercado internacional.

A indústria do futebol sobreviveu ao vírus, mas ficou bastante debilitada. Todas as principais fontes de receitas dos clubes foram afetadas negativamente. Direitos de televisão foram renegociados, patrocínios foram cancelados, e a venda de ingressos desapareceu quando proibiram a entrada de torcedores nos estádios.

Não bastasse a Covid, outra importante fonte de financiamento do futebol europeu também secou. Por decreto do governo, as empresas chinesas tiveram que parar de investir e, em muitos casos, colocar à venda os mais de vinte clubes que controlavam nas principais ligas.

Diferentemente do Brasil, onde nenhum clube quebra, por mais falido que esteja, na Europa o risco é real. Por isso, muitos nomes tradicionais não encontraram outra alternativa além de buscar investidores no mercado.

Há negócios para todos os bolsos.

Para os muito ricos, a English Premier League, continua sendo a melhor opção. Com popularidade e distribuição imbatíveis, a liga mais rica do mundo continua sendo uma máquina de fazer dinheiro. Graças aos recursos gerados pelas cotas de televisão, todos os vinte clubes da primeira divisão do futebol inglês estão entre os mais ricos da Europa. Há poucos meses, o Fundo de Investimento Soberano da Arábia Saudita tentou comprar o Newcastle United por estimados U$$ 400 milhões. A transação não ocorreu e o clube ainda está disponível, caso alguém se interesse.

Na espanhola La Liga, na francesa Ligue 1 e na italiana Serie A, há bons negócios entre US$ 100 milhões e U$$ 200 milhões, para alguns dos clubes médios. A Internacional de Milão, uma das vítimas da saída chinesa do futebol, é uma exceção à regra. Uma das grandes marcas do futebol mundial e prestes a ganhar o campeonato Italiano depois de quase uma década, pode ser vendida por mais de meio bilhão de dólares.

Em outros mercados menores ou nas divisões mais baixas desses grandes países, as oportunidades são ainda mais tentadoras. Em Portugal, na Bélgica, na Hungria e na Polônia, só para citar alguns exemplos, é possível fazer excelentes compras abaixo dos U$$ 40 milhões de dólares. Em alguns casos, onde as dívidas de curto prazo são impagáveis e o risco de falência cresce a cada dia, pode-se comprar um clube por até US$ 1 milhão de dólares.

Todos estes valores, impensáveis para a maioria de nós mortais, são surpreendentemente baixos para os investidores internacionais, particularmente os americanos. Quando comparados às franquias das ligas nos Estados Unidos, os clubes do futebol europeu são – acreditem – uma barganha.

Como referência, são necessários estimados US$ 3 bilhões para comprar um time de futebol americano, US$ 1,3 bilhão de dólares para comprar um time de basquete profissional, quase US$ 1 bilhão por um time de beisebol e cerca de US$ 300 milhões por um time de hóquei no gelo. Se o assunto for o futebol, a conta não sai por menos de US$ 200 milhões.

Com tanto dinheiro disponível para investimentos no esporte, é uma pena que os nossos clubes não possam se beneficiar também. Atrair capital para o Brasil em qualquer setor da economia não é uma tarefa fácil. No esporte, com as restrições legais, as finanças precárias e o amadorismo de muitas administrações, a batalha é ainda mais dura.

Mas as perspectivas são boas para os próximos anos. Com a potencial modernização das leis e os bons exemplos de administração, como os do Flamengo, Palmeiras e da própria CBF, temos uma grande chance de mudar esse jogo e finalmente entrar no mercado internacional dos investidores no esporte. Só depende de nós.

*Crédito da foto no topo: slavemotion/iStock

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