A evolução dos benefícios corporativos no Brasil
Impulsionado pelas novas necessidades dos trabalhadores, segmento de benefícios corporativos flexíveis ganha espaço do mercado de trabalho brasileiro
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Amanda Schnaider
27 de setembro de 2023 - 6h10
Com a intenção de promover uma alimentação de qualidade aos trabalhadores brasileiros, o Governo Federal instituiu, em 1976, o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) pela lei 6.321. Na prática, ela oferece diversos benefícios e incentivos fiscais para as organizações que aderirem ao programa e zelarem pela qualidade da alimentação de seus colaboradores. Atualmente, há mais de 300 mil empresas beneficiárias ativas dentro do PAT.
Nos últimos anos, a partir das novas necessidades dos trabalhadores, os benefícios flexíveis – que tem esse nome justamente porque dão mais flexibilidade para os colaboradores – passaram a emergir dentro do segmento de benefícios corporativos.
Pedro Lane, COO e cofundador da Flash, acredita que a grande abertura do mercado de benefícios se deu com a reforma trabalhista em 2017. Na sua visão, desde então, os benefícios flexíveis têm se tornado agenda prioritária na relação empresa-colaborador.
Com isso, diversas empresas de soluções e benefícios para funcionários começaram a surgir no mercado, como a própria Flash, a Swile, a Niky, e a Caju. Enquanto outras, mais consolidadas no segmento, como VR, Sodexo, Ticket e Alelo, ampliaram seu escopo de soluções e se reinventaram frente a nova e forte concorrência.
“Não acredito que o RH possa, hoje, ficar focado apenas nos tradicionais vale alimentação e refeição, porque o mercado mudou muito e as necessidades das pessoas também”, salienta o general manager da Swile Brasil, Julio Brito.
Neste período, o Conselho Administrativo da Sodexo aprovou por unanimidade o projeto que separa suas duas unidades de negócio: Sodexo Benefícios e Incentivos, e a Sodexo on-site. Depois disso, em junho deste ano, a unidade de benefícios e incentivos passou a se chamar Pluxee. “Queremos ser uma marca mais digital, mais atualizada, mais ágil”, explica Piero Melchiorre, CMO da companhia.
Além disso, em julho, a Pluxee fechou uma parceria estratégica com o Santander, na qual o banco assumiu 20% de participação na operação de benefícios do grupo francês no Brasil. O acordo prevê a distribuição exclusiva das soluções de benefícios a funcionários da Pluxee na rede Santander e a integração das operações da Ben, empresa de benefícios a funcionários do banco.
Com o objetivo de atender cada vez mais às necessidades dos trabalhadores, a fintech brasileira de benefícios flexíveis Niky se uniu a Mastercard para lançar, na sexta-feira, 15, o Niky Benefícios, seu cartão de benefícios integrados, aceito em mais de quatro milhões de estabelecimentos no Brasil. O cartão disponibiliza a colaboradores saldos para consumo de itens de alimentação, cultura, combustível, educação, mobilidade, saúde, entre outros.
Em agosto, a Alelo também havia anunciado o seu novo produto dentro do segmento: o Alelo Pod, que contempla despesas com home office, combustível, saúde e bem-estar, transporte urbano, mobilidade, farmácia, educação e entretenimento. “A lógica por trás do Alelo Pod é atender esse enorme contingente de pessoas que estão buscando um pacote de benefícios que possa ir além do cartão de alimentação e refeição”, afirmou Márcio Alencar, diretor da Alelo Brasil, em entrevista ao Meio & Mensagem, na época.
Apesar de o segmento de benefícios flexíveis estar crescendo no mercado empregatício brasileiro, ele está fora da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976, que criou o PAT e que garante incentivos fiscais às empresas que fornecem alimentação aos funcionários. Todos esses benefícios são facultativos, ou seja, as empresas não são obrigadas, por lei, a concedê-los.
Entretanto, o próprio PAT sofreu atualização para se adaptar às novas necessidade dos trabalhadores brasileiros. Em agosto deste ano, o Governo Federal publicou um decreto que efetiva a funcionalidade da portabilidade e dá liberdade ao trabalhador para escolher em qual cartão deseja receber o benefício destinado à alimentação e refeição.
Porém, a operacionalização do decreto ainda não foi regulamentada. Mesmo assim, a Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT) afirmou, em nota, que considera o decreto positivo. No entanto, a entidade frisou que ainda restam dúvidas sobre a lei, como a definição de um prazo razoável e claro para a adoção do mecanismo e a melhor delimitação dos limites impostos por essa prática.
A ABBT recomendou, ainda, que as empresas clientes do sistema de vales benefícios e os usuários aguardem por mais esclarecimentos por parte do Governo Federal. E é justamente isso que grande parte dessas companhias estão fazendo. “Aguardamos ainda algumas informações, mas certamente a VR vai se adaptar e trabalhar sempre em conformidade com todas as regulamentações”, ressalta João Altman, diretor-executivo de Pessoas, Marca e Cultura da VR.
Apesar de o mercado de benefícios corporativos estar em expansão, para Julio Brito, general manager da Swile Brasil, ainda há espaço para ampliação dos tipos de benefícios oferecidos aos colaboradores. “As necessidades das pessoas mudaram muito e temos que estar com o olhar atento para a promoção da felicidade no ambiente corporativo e ter pessoas comprometidas com o trabalho e que promovam os valores de cada empresa”.
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