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Entidades brasileiras pedem diálogo após taxação

Associações defendem a continuidade das negociações para isentar outros produtos, como café e carne

i 31 de julho de 2025 - 12h35

Entidades brasileiras

Café não está entre os produtos isentos da taxa; associação defende continuidade do diálogo (Crédito: Shutterstock)

Após a confirmação de que o governo dos Estados Unidos irá aplicar uma taxa de 50% aos produtos importados do Brasil, entidades da indústria e de diferentes setores de produção manifestaram-se para destacar as possíveis consequências da medida, que impacta diretamente a relação comercial entre os dois países.

Sob justificativa de “emergência nacional extraordinária”, o presidente Donald Trump assinou decreto nessa quarta-feira, 30, confirmando a taxação adicional de 40% sobre os produtos brasileiros que ingressarem no país a partir do próximo dia 6. Como os Estados Unidos já haviam, em abril, anunciado a taxação de 10% aos produtos importados do País, a nova taxa, portanto, chegará a 50%.

Apesar de o comunicado da Casa Branca ter citado que a taxação é motivada por “políticas e ações incomuns e extraordinárias do Governo do Brasil, que prejudicam empresas americanas”, mais de 500 diferentes produtos foram excluídos da nova taxação. Entre os principais, do ponto de vista das negociações comerciais, estão minério de ferro, artigos de aeronaves, alumínio, cobre e suco de laranja.

A medida do governo gerou reações por parte de entidades e setores da indústria do Brasil. De forma geral, as associações destacam a importância da continuidade do diálogo para que os efeitos econômicos das taxações não pesem de forma tão negativa na economia do País.

Confederação Nacional da Indústria

A Confederação Nacional da Indústria declarou que o decreto oficializou a tarifa de 50% aos produtos brasileiros “causa grande preocupação, pois compromete cadeias produtivas, reduz a produção, ameaça empregos e investimentos e contratos de longo prazo”.

A entidade, no entanto, destaca que o Brasil deve aplicar qualquer tipo de retaliação e defende o diálogo. “A confirmação da aplicação da sobretaxa sobre os produtos brasileiros, ainda que com exceções, penaliza de forma significativa a indústria nacional, com impactos diretos sobre a competitividade. Não há justificativa técnica ou econômica para o aumento das tarifas, mas acreditamos que não é hora de retaliar. Seguimos defendendo a negociação como forma de convencer o governo americano que essa medida é uma relação de perde-perde para os dois países, não apenas para o Brasil”, diz o presidente da CNI, Ricardo Alban.

Câmara Americana de Comércio

A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) também manifestou preocupação em relação às tarifas que serão aplicadas aos produtos brasileiros.

“Trata-se de medida que fragiliza as relações econômicas e comerciais entre os dois países, afetando negativamente a competitividade de suas empresas, o emprego de seus trabalhadores e o poder de compra de seus consumidores”.

A Câmara, ainda, defende que “divergências comerciais sejam resolvidas pela intensificação do diálogo construtivo em alto nível, com o objetivo de preservar e ampliar a parceria e a cooperação econômicas”.

Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC)

A carne bovina não faz parte da lista das isenções publicadas pela Casa Branca. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), portanto, diz que segue em diálogo com importadores norte-americanos e colabora com o Governo Federal na busca de uma solução negociada.

“Somada à alíquota atual de 26,4%, a carga tributária total ultrapassaria 76%, comprometendo a viabilidade econômica das exportações ao mercado norte-americano, que importou 229 mil toneladas em 2024. Para 2025, a previsão era atingir 400 mil toneladas”, destaca a ABIEC.

A empresa finaliza afirmando segue atuando “forma propositiva, em parceria com o setor público e os importadores, para preservar a competitividade da carne bovina brasileira, assegurar previsibilidade aos exportadores e contribuir com o equilíbrio do comércio internacional e da segurança alimentar global.”

Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC)

Para a ABIC, o fato de o governo dos Estados Unidos ter adiado a entrada em vigor das novas tarifas para 6 de agosto (o prazo dito anteriormente era 1 de agosto). “Em uma mesa de negociação, todo tempo é válido”, diz a ABIC.

A entidade segue dizendo que o café ainda não está na lista de exceções e as negociações estão longe de ser finalizadas e seguem em curso. “Obviamente sabemos da importância do mercado norte-americano para o Brasil, mas, também, temos plena consciência da relevância do café para a economia dos EUA. Os cafés brasileiros representam, aproximadamente, 34% do mercado cafeeiro norte-americano, e 76% dos americanos são consumidores de café. Tanto atores nacionais – ministros, senadores, Itamaraty, setor produtivo – mas, também, contrapartes americanas, seguirão negociando firmemente”, afirma a ABIC.

Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan)

A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro reiterou sua “grave preocupação” com as tarifas.

“As tarifas anunciadas impactam diretamente a pauta exportadora do estado do Rio de Janeiro, salvo produtos presentes em listas de exceção, como óleos brutos de petróleo. A indústria de Petróleo e Gás compõe aproximadamente 60% das exportações fluminenses para os EUA, sendo o principal item na pauta exportadora e representando 40 mil empregos diretos no estado.

A Federação também defendeu a urgência da “intensificação da atuação diplomática e paradiplomática em diversos níveis para construção de uma solução negociada e célere para mitigação dos impactos econômicos e sociais das novas tarifas anunciadas.”