Como funciona a economia circular e como as empresas aplicam o conceito?
conceito tem atraído a atenção de marcas que buscam ampliar a sustentabilidade e manter a competitividade
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Meio & Mensagem
3 de março de 2023 - 8h00
As ações sustentáveis estão ganhando força como uma forma de grandes marcas reduzirem seu impacto ambiental. Por isso, o movimento para entender como funciona a economia circular tem aumentado nos últimos anos.
Em sua essência, uma economia circular é um sistema econômico projetado para minimizar o desperdício e promover o uso eficiente de recursos.
O conceito tem atraído a atenção de marcas que buscam ampliar a sustentabilidade e manter a competitividade. Nomes como Coca-Cola, Nespresso e Apple são exemplos de empresas que já adotam estratégias dentro deste modelo.
Antes de implementar essa estratégia, é necessário entender o que é e como funciona o modelo de produção, consumo e gestão de resíduos na prática.
A economia circular é o sistema que procura um melhor aproveitamento dos recursos no processo de fabricação das empresas, priorizando a utilização de insumos duráveis e renováveis.
Este conceito visa minimizar o desperdício, promover a sustentabilidade e gerar valor a partir de elementos que, de outra forma, poderiam ser considerados subprodutos inutilizáveis.
A ideia por trás da economia circular é estender a vida útil dos recursos naturais, permitindo que as organizações minimizem sua dependência de novos materiais e diminuam os custos de energia associados à criação de produtos a partir do zero.
O sistema ganhou destaque em 1989, com o lançamento do livro “Economics of Natural Resources” – Economia dos Recursos Naturais, em português.
Na obra, David W. Pearce e R. Kerry Turner, ambientalistas e economistas ingleses, citam o termo pela primeira vez e o descrevem como um contraponto ao modelo de economia linear.
Uma economia circular visa prolongar a vida útil dos recursos, mantendo-os em uso pelo maior tempo possível. Isso pode ser alcançado por meio de práticas como reutilização, reparo, reciclagem e modelos de produto como serviço.
Neste modelo, os produtos são desenvolvidos tendo em mente o fim de sua vida útil, para que os materiais possam ser recuperados e reutilizados em novas aplicações.
Confira quais são as etapas percorridas pela economia circular no processo de fabricação:
– extração;
– transformação;
– consumo do produto;
– manutenção e reparo da mercadoria usada;
– reutilização do produto completo ou parte dos materiais;
– reciclagem ou tratamento dos materiais para descarte correto.
As etapas iniciais seguem a base da economia tradicional linear, mas com foco no uso de recursos renováveis ou reciclados, bem como no reaproveitamento de materiais.
Depois, são adicionadas etapas de tratamento e manutenção para ampliar a vida útil dos insumos, reutilizando-os sempre que possível.
Segundo a Ellen MacArthur Foundation, existem três princípios bases do modelo, que são essenciais para entender como funciona a economia circular. São eles:
– preservação e melhoria do capital natural;
– estímulo da efetividade do sistema para produzir resultados positivos a todos os interessados;
– redução do desperdício a partir da restauração e do melhor aproveitamento de rendimento dos recursos naturais.
A principal diferença entre a economia linear e circular são os processos de cada um. No modelo linear, não há a reutilização de materiais, como acontece no sistema circular.
Na economia linear, as matérias-primas são extraídas, usadas uma vez e depois descartadas como lixo.
Já o método circular é baseado em um processo cíclico, que acrescenta etapas a esse sistema com o objetivo de aproveitar ao máximo os recursos e reutilizá-los ou reciclá-los ao fim de sua vida útil.
As empresas estão buscando maneiras de aumentar a eficiência na cadeia de suprimentos, reduzindo a quantidade de materiais utilizados e adotando práticas mais eficientes relacionadas à reutilização, reparo e reciclagem.
Ao adotar essa abordagem, é possível que grandes organizações consigam reduzir o impacto ambiental enquanto ainda inovam e se mantêm competitivas no mercado.
Neste contexto, entender como funciona a economia circular pode ser o primeiro passo para que as empresas possam observar benefícios como:
– melhor aproveitamento dos recursos naturais;
– eliminação de desperdícios na produção;
– melhoria no ESG e imagem das marcas;
– oportunidade de gerar novos negócios;
– aumento da eficiência operacional;
– redução dos impactos ambientais;
– redução nos custos de produção.
Hoje, o volume de lixo produzido no Brasil é alto, mas a destinação correta dos resíduos recicláveis ainda é baixa em algumas regiões do país.
Segundo dados do Panorama dos Resíduos Sólidos, produzido pela Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), o Brasil gerou mais de 80 milhões de toneladas de lixo em 2022.
No Norte do país, apenas 36,6% do lixo reciclável produzido teve destinação correta. No Nordeste, o índice foi de 37,2%, enquanto no Sudeste foi de 74,3%.
Essa distinção entre as regiões indica a necessidade de otimizar os processos de forma homogênea e a economia circular é uma das soluções disponíveis para alcançar esses resultados.
As ações dentro da economia circular, adotadas pelas marcas, têm um impacto ainda maior na sociedade, uma vez que a cadeia produtiva pode atingir o meio ambiente com maior amplitude.
Diante desse cenário, compreender como funciona a economia circular é um passo rumo a um processo produtivo mais sustentável, que preza pelo uso de recursos renováveis, pelo melhor aproveitamento de materiais e pela redução do descarte de resíduos.
Para implementar o sistema, as empresas devem se atentar a alguns fatores, como:
A economia linear é o sistema mais conhecido e adotado ao longo dos anos pelas empresas, por isso implementar o modelo circular implica na quebra de alguns paradigmas.
Neste contexto, começar a implementação com o fortalecimento da conscientização ambiental e explicação sobre o que é a economia circular, bem como seus benefícios para a produção e para o meio ambiente, pode fazer a diferença na mudança de mindset.
Desenvolver projetos sustentáveis que englobam diferentes etapas da vida de um produto é um dos pilares do sistema circular.
No setor da moda, por exemplo, a compra e venda de roupas usadas tem se tornado uma tendência entre os consumidores.
As opções são diversas para diferentes tipos de negócios, mas todas seguem o propósito de reciclagem e reutilização de produtos.
Ao entender como funciona a economia circular, é possível perceber como a sustentabilidade é pensada desde o início do processo até o fim do ciclo de vida do produto.
Portanto, avaliar soluções a longo prazo é um passo importante na implementação deste modelo econômico.
Além disso, as ações de hoje terão impactos nas próximas gerações, por isso é fundamental pensar no presente e no futuro ao desenvolver as soluções circulares.
A base da economia circular é o uso de materiais recicláveis e renováveis, que possam ser reutilizados após o uso ou ao fim de seu ciclo de vida.
Diante disso, as empresas que desejam implementar o modelo devem adotar insumos recicláveis e reutilizáveis como matérias-primas na fabricação de produtos.
Com isso, é possível reduzir o uso de recursos naturais, ampliar a utilização de fontes de energia renováveis e contribuir para o melhor aproveitamento dos insumos circulares.
Conhecer exemplos de empresas que aplicam esse modelo de negócio é uma forma de entender como funciona a economia circular na prática.
As ações sustentáveis vão além da reciclagem e começam desde o processo de fabricação dos produtos, se estendendo até o descarte desses artigos.
Grandes marcas já se comprometeram com essa transformação para alcançar a eficiência no sistema de economia circular. Confira alguns exemplos de empresas que implementaram esses princípios em suas operações.
A Coca-Cola adotou algumas estratégias sustentáveis dentro do modelo de economia circular. Uma das mais conhecidas é a criação das garrafas retornáveis e a reutilização dos vasilhames de vidro.
Segundo a empresa, o ciclo de vida dessas garrafas é de 25 idas e vindas. Depois desse período, a embalagem é encaminhada para a reciclagem.
Em 2009, a marca foi a primeira a comercializar uma garrafa de plástico 100% reciclável, feita com materiais renováveis de plantas, como a cana de açúcar. A embalagem recebeu o nome de PlantBottle.
Hoje, a empresa comemora 100% das embalagens produzidas com fontes orgânicas ou materiais reciclados, sendo 99,6% recicláveis.
Para tornar suas cápsulas de café mais sustentáveis, a Nespresso criou uma solução para a reutilização completa dos produtos: o alumínio das cápsulas é reciclado e o pó de café é transformado em adubo.
A empresa construiu um local próprio para o processo de reciclagem, o Centro de Reciclagem Nespresso.
Pontos de entrega também foram criados para que os consumidores possam deixar as cápsulas usadas, descartando-as corretamente e sem custos adicionais.
A Ikea, empresa de móveis e decoração, se comprometeu a ser uma empresa circular até 2030. Para isso, uma das ações adotadas pela marca é o processo de recompra dos itens.
Neste sistema, os consumidores podem revender artigos originais da loja e a organização fica responsável por reformá-los.
Uma vez reformados, os produtos são colocados à venda em espaços chamados de circular hubs, destinados exclusivamente para esses itens de segunda mão.
Além disso, a empresa também busca ampliar o uso de materiais renováveis na fabricação de novas peças.
Segundo dados da Ikea, a marca alcançou 90% de conteúdo reciclado em produtos têxteis feitos de poliéster em 2020.
A C&A passou a adotar algumas estratégias de sustentabilidade no varejo de moda, dentro do modelo de economia circular, como a reciclagem de resíduos gerados após a conversão de rótulos adesivos.
Outra iniciativa da marca é a linha Ciclos, uma coleção exclusiva que apresenta roupas produzidas com algodão e outros materiais sustentáveis.
Além da coleção, a empresa também oferece um programa de coleta de roupas usadas, intitulado “Movimento ReCiclo”. As peças descartadas são recicladas ou reutilizadas.
A Apple adotou diversas ações para tornar sua produção mais sustentável nos últimos anos, como o uso de materiais reciclados e de energia renovável na fabricação de aparelhos.
Na economia circular, a empresa estimula a devolução dos aparelhos com um programa de reciclagem que faz a desmontagem do equipamento e reutiliza os materiais coletados, reduzindo o descarte indevido de resíduos eletrônicos.
A Insecta Shoes é uma marca de sapatos veganos, produzidos a partir da reutilização de materiais, como borracha, caixa de papelão e outros insumos excedentes da indústria.
Desde 2014 no mercado, a empresa desenvolve os produtos com tecidos ecológicos, feitos de garrafas PET recicladas. Os calçados também utilizam peças vintages garimpadas pela equipe e reutilizadas na fabricação.
Hoje, além dos sapatos, a Insecta Shoes oferece roupas, itens de papelaria e acessórios no seu portfólio.
Seguindo o conceito da economia circular, a CPFL, empresa de energia elétrica, também busca aplicar o uso de fontes renováveis em seu processo produtivo.
Uma das iniciativas da organização é reformar aparelhos, como transformadores, postes e cabos, para reduzir a quantidade de material descartado. Para isso, os equipamentos antigos são desmontados e reciclados.
O compromisso da empresa é reformar 40 mil equipamentos até 2024 por meio da iniciativa chamada de Reformadora.
A implementação de um modelo de economia circular traz vários benefícios, incluindo redução do impacto ambiental, aumento da eficiência e redução de custos.
Para as empresas, também é possível alcançar uma melhoria da reputação da marca e fidelidade do cliente, assim como a criação de novas oportunidades de negócios.
No entanto, o modelo também apresenta alguns desafios, como a necessidade de mudanças significativas nos processos de produção e nas cadeias de suprimentos, e falta de métricas padronizadas para medir o progresso em direção à circularidade.
Além disso, a implementação de uma economia circular requer colaboração entre organizações e partes interessadas em todos os setores para criar sistemas que possam maximizar o uso de recursos e minimizar o desperdício.
No geral, embora haja desafios a serem superados na transição para um modelo de economia circular, os benefícios devem ser considerados por empresas que buscam promover a sustentabilidade e, ao mesmo tempo, manter-se competitivas no mercado atual.
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