Início do open banking impacta universo das finanças
Primeira etapa do compartilhamento de dados entre instituições financeiras vai permitir a comparação entre os serviços disponíveis no mercado
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Taís Farias
17 de fevereiro de 2021 - 6h00
Nesse mês, o Banco Central deu início à primeira etapa do open banking no Brasil. Na prática, o open banking nada mais é do que um conjunto de regras e tecnologias que vai permitir o compartilhamento de dados dos clientes entre bancos e instituições financeiras a partir da integração de seus sistemas. Ou seja, com a mudança, os dados bancários dos usuários não ficarão restritos apenas ao banco de que se é cliente, mas disponíveis para todo o sistema de instituições. Entretanto, isso só acontece se o usuário permitir o compartilhamento.
Para o Banco Central, o open banking é uma agenda importante porque estimula a competição e aumenta a possibilidade de ofertas para o consumidor final. No Brasil, a participação no novo sistema será obrigatória para bancos médios e grandes e facultativa para as demais instituições. Para viabilizar essa transição, o processo foi dividido em quatro etapas que vão se desenrolar ao longo do ano.
Na primeira fase, que teve início no começo do mês, ainda não serão movimentados dados dos clientes. Os bancos que participam do processo poderão trocar dados gerais próprios, como tipos de contas, empréstimos e financiamento que oferecem para os seus clientes. A segunda etapa, marcada para acontecer em julho, passa a envolver os dados dos clientes. Outras duas fases estão marcadas para agosto e dezembro de 2021.
Apesar de ainda não ter um impacto direto nos dados do consumidor final, a primeira etapa abre uma possibilidade importante de comparação entre os serviços e ofertas disponíveis no mercado. Como explica Karen Machado, gerente executiva de open banking do Banco do Brasil, “para as instituições financeiras, o benefício desse consumo reside no reconhecimento de suas posições entre os demais players (em que quesitos estão bem ou mal ‘colocados’, por exemplo) e para os clientes, fica a possibilidade de se valer de comparadores desses mesmos dados para poder identificar que instituições estão, de maneira geral, ofertando as melhores condições para seus produtos”, aponta.
Olhando mais à frente, com o uso dos dados compartilhados pelos clientes, as instituições financeiras poderão trabalhar no desenvolvimento de ofertas mais assertivas para cada público. Isso abre caminho para uma evolução no universo das fintechs. “Com a autorização dos clientes, as fintechs poderão acessar o seu histórico de transações, aumentando a competitividade por conseguir oferecer produtos e serviços melhores aos seus clientes, ampliando a sua participação no mercado e reduzindo, assim, o oligopólio dos bancos”, avalia Daniel Gomes, fundador e CEO da Nexoos, fintech de crédito para PMEs.
Mas, para além da competição, uma vez estruturado, o open banking também vai permitir a ampliação do portfólio de produtos a partir da parceria entre instituições, já que as companhias poderão comercializar dentro de suas plataformas produtos de terceiros. Seja para os grandes bancos ou para as fintechs, o momento agora é de investir na estrutura tecnológica e de dados para oferecer uma boa experiência para o cliente, fator que ganha ainda mais relevância com os players competindo de igual para igual.
“De maneira geral, os clientes querem ter suas necessidades atendidas com facilidade, comodidade e uma boa experiência. Em um contexto de ecossistemas conectados, o cliente deixa de depender de várias plataformas e passa a resolver as suas questões em apenas uma, duas, que reúnam tudo que ele precisa. Por isso, o foco deve estar em oferecer uma experiência completa para o cliente, com o mínimo de fricção possível, usando dados para prestar o melhor serviço e atender as expectativas do cliente”, avalia Gomes.
*Crédito da foto no topo: iStock
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