PIB pode crescer mais de 2% em 2024, diz presidente do Banco Central
Em apresentação no Blue Connections, Roberto Campos Neto apresentou perspectivas do cenário macroeconômico e abordou o processo de transformação digital das operações financeiras
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Bárbara Sacchitiello
7 de fevereiro de 2024 - 18h17
Assim como em 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro poderá ter um crescimento acima das expectativas de analistas econômicos em 2024. Essa foi uma das afirmações feitas por Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil, em apresentação realizada na manhã desta quarta-feira, 7, no Blue Connections, evento de Meio & Mensagem realizado em parceria com o Blue Note.
O primeiro trimestre do ano vem dando sinais de melhoria, o que, segundo o presidente do BC, pode indicar um cenário mais promissor do que se vislumbrava anteriormente. O Boletim Focus dessa última terça-feira, 6, projetou um crescimento de 1,6% no PIB do País em 2024.
“No curto prazo, podemos dizer que está com uma cara melhor do que se imaginava anteriormente. Acho que [o PIB] pode surpreender um pouco para cima no ano. Pode ser um pouco acima de 2%”, declarou Campos Neto.
A análise foi feita a partir do comentário a respeito do PIB de 2023, cujas projeções iniciais de economistas indicavam um crescimento mais tímido do que os quase 3% de crescimento que o País deve ter alcançado no ano anterior – os dados oficiais do PIB do ano passado ainda serão divulgados pelo Banco Central.
Para que a economia repita, em 2024, a surpresa positiva de 2023, é necessária a combinação de diversas variáveis. Entre elas, Campos Neto destacou a expectativa de estabilização ou queda da inflação, em âmbito global, combinada com a queda, também em todo o mundo, da taxa de juros.
Roberto Campos Neto também falou sobre a expectativa em relação ao consumo das famílias, um dos indicadores mais importantes para o universo corporativo, cuja expansão, segundo ele, surpreendeu nos últimos trimestres.
O presidente do BC disse que é necessário equacionar a questão de como manter um consumo de famílias que seja crescente e, ao mesmo tempo, sustentável. “Quando o governo faz um programa de transferência de renda, há, obviamente, um aumento no consumo. Mas, se tivermos mais consumo, com a mesma produção, há o que chamamos de inflação”, explicou.
Para se chegar ao equilíbrio a respeito dessa questão, o líder do Banco Central destacou que é preciso ter, junto ao consumo das famílias, o crescimento espelhado dos investimentos, para que a oferta tenha capacidade de ser ampliada.
Além disso, outro ponto apontado por ele como crucial para a expansão do consumo das famílias é a inflação sob controle. “A inflação mexe muito com a confiança do consumidor. Quando se tem pouca visibilidade do processo inflacionários, se tende a consumir menos. E as empresas, tendo investimentos, também. Mas vejo um cenário positivo para o consumo das famílias e, do nosso lado, o mais importante é que esse seja um processo positivo e que seja sustentável”, completou.
Em sua apresentação, Roberto Campos Neto destacou alguns índices econômicos globais, mas dedicou boa parte do tempo a contextualizar os trabalhos de transformação digital desenvolvidos pelo Banco Central, desde a criação do Pix até a proposta do Drex, a moeda digital nacional.
Segundo Campos Neto, essa agenda integrada de transformação digital, que ainda está em curso, foi dividido em quatro pilares: o primeiro foi o Pix, que possibilitou a transição de moeda por diferentes instituições bancárias, e na qual o BC ainda trabalha na questão dos pagamentos programáveis.
Na sequência, pela apresentação de Campos Neto, está a internacionalização da moeda para pagamentos no ambiente digital, atrelada ao pilar do open finance, e, por fim, com o Drex, a moeda digital que permite a tokenização da economia.
Os próximos passos a serem trabalhados nessa esfera são a inteligência artificial no processo de integração financeira e a monetização dos dados.
“Hoje, a gente já nasce fabricando dados e faz isso até o dia em que morremos, mas ainda não ganhamos nada pelos nossos dados, que são muito importantes para as empresas”, diz. Segundo ele, o BC vem fazendo projeções de que, por meio de tokenização, seja possível, durante operações financeiras, em que a pessoa consiga, de alguma forma, lucrar com os dados que ela gerar.
Campos Neto também comentou sobre a forma como os consumidores serão impactados com o avanço da integração digital via open finance. Ele deixou claro que o Banco Central não terá um aplicativo ou site que concentrará todas as operações bancárias e que cada instituição desenvolverá sua própria plataforma, como um marketplace de finanças. As barreiras entre os dados e, sobretudo, o trânsito entre uma e outra tendem a ser mais fluidos.
“O que não achamos mais que irá acontecer, por exemplo, é quem tenha conta em quatro bancos diferentes precisar abrir um aplicativo e fechar outro para fazer operações. O open finance deveria tornar isso mais fácil. Além disso, outras coisas que achamos importante que tenham, nesses markeplaces é a comparabilidade e portabilidade. Porque, além de ver o que é melhor para mim, eu preciso ter a vantagem de fazer a portabilidade daquele serviço”, explicou.
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