Antonio Tabet: esporte, entretenimento e humor
Ator, publicitário, roteirista, humorista e sócio da holding Ola Sports, Tabet fala sobre a pulverização dos direitos esportivos e o processo de criação multiplataforma
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Valeria Contado
2 de junho de 2025 - 6h03
Antonio Tabet fala sobre a produção de conteúdo e sua holding esportiva (Crédito: Reprodução)
Canais como Desimpedidos, Goat, Porta dos Fundos, atrações como Show do Kibe no canal TBS e mesmo a comunicação do Clube de Regatas do Flamengo têm, de fato, a assinatura de Antonio Tabet.
Ator, publicitário, roteirista, humorista e, agora, sócio da holding Ola Sports, Tabet conhece bem os diversos caminhos da produção de conteúdo nos últimos anos.
Assim, o conteúdo saiu de algo extremamente direto para uma via de mão dupla, que tem o espectador quase como parte da conversa.
Na mesma linha, portanto, o esporte ganhou novas vertentes e suas principais competições estão disponíveis em variados players, como é o caso das Séries A e B do Campeonato Brasileiro.
A segunda divisão da principal competição nacional, de fato, é um dos ativos de maior destaque da empresa proprietária de Tabet, por meio de parceria com o Desimpedidos que, recentemente, chegou aos dez milhões de inscritos.
A partida entre Remo X Amazonas, que aconteceu no sábado 2, por exemplo, foi exibida pelo canal e, assim, somou mais de 530 mil visualizações somente no YouTube.
Ao Meio e Mensagem, o executivo fala sobre a sua trajetória e o atual momento com as transmissões esportivas.
Meio & Mensagem- Além do trabalho com o humor, você investe bastante em transmissões esportivas. Foi assim com a criação do Goat, e agora como sócio da Ola Sports. Quais são as oportunidades que você enxerga nesse segmento?
Antonio Tabet – Esporte é entretenimento. E a demanda sempre foi muito maior que a oferta. Com essa demanda, aumentam também as oportunidades para profissionais envolvidos, patrocinadores e até consumidores. O público está mais exigente. Até meados dos anos 2000, o consumo de futebol, por exemplo, estava restrito, quando muito, a duas vezes por semana. Era muito pouco.
Com uma receptora no bolso de cada um, poderíamos exibir até campeonato de peteca. Há interesse. Nos últimos Jogos Olímpicos, por exemplo, em determinado momento, viramos o país do pingue-pongue. E outra: times, federações e até torcidas são audiências cativas. Hoje é muito fácil desenvolver uma emissora do zero e dar lucro na largada. É um trabalho que adoro fazer. Criei, com as pessoas certas, até hoje, quatro canais do nada. Todos bateram a meta do milhão de inscritos”.
Com a Ola Sports, vamos nesta frente: a de transmitir competições já estabelecidas e criar eventos interessantes para todos os públicos. E aí será nosso diferencial: não nos concentraremos num jeito de transmitir para o público A ou B. A ideia é aglutinar. Sermos heterogêneo para concentrar a maior quantidade de pessoas possível. É nada melhor que isso do que o esporte.
Em um cenário competitivo, você pode ser mais criativo na elaboração do seu produto, criar tendências e até, em último caso, desenvolver o próprio produto. A Kings League foi isso. Os eSports também. Se eu inventasse um campeonato de par ou ímpar, você iria assistir? Olha… dependendo da roupagem, do hype e dos competidores, tenho certeza que sim. A gente vê coisa bem menos interessantes, hoje em dia. Basta ver as dinâmicas dos reality shows.
M&M – Você é ator, publicitário, roteirista e humorista e seu trabalho transita em diversos meios, seja na internet, TV e outros. Como você enxerga a produção multiplataforma e como você trabalha as especificidades de cada um?
Tabet – Todo trabalho pode e deve ser divulgado, difundido ou pulverizado em todas as plataformas disponíveis. Temos mil janelas à nossa disposição, seja a boa e velha TV cumprindo o papel de lareira cultural na sala de casa, seja o celular no bolso de cada um.
A questão é como fazer a adaptação para estes meios. Assim, pegar um vídeo gravado na horizontal e simplesmente cortá-lo na horizontal para uma determinada rede social é preguiçoso. O usuário sente isso.
Dessa forma, a internet está há mais de duas décadas mostrando que o consumidor gosta de autenticidade, verdade e paixão. Trabalhar com capricho é tão essencial na produção de conteúdo quando numa padaria. Você pode ser a pessoa que faz o melhor croissant do bairro. Se servir ele despedaçado, ninguém volta.
A evolução do formato é a grande incógnita, portanto. Porque não depende do criador, depende de engenheiros. Há dez anos, dessa forma, ninguém sabia sobre a tiktokização dos conteúdos. Agora, porém, públicos que cresceram sob a batuta da plataforma migram para novelas no streaming. Ou seja, é uma evolução constante. O importante, na verdade, é ficar atento e não deixar de produzir com rapidez e qualidade.
M&M – Pode fazer um balanço de como foi seu trabalho no canal por esse tempo e quais aprendizados você leva desse formato? O que podemos esperar do seu trabalho, especialmente no ambiente digital, nos próximos meses?
Tabet – O Porta foi um divisor de águas na cultura brasileira quando surgiu em 2012 e foi referência nacional e internacional. Um dos aprendizados está refletido, em parte, na primeira resposta acima: trabalhar como profissional, mas com paixão de amador, na etimologia da palavra mesmo. A outra lição que fica, portanto, é que, por mais que o produto seja incrível, qualquer negócio pode ter problemas se processos não forem respeitados.
Eu e Ian estamos nos reunindo com pessoas cujos trabalhos admiramos e planejamos criar outro coletivo criativo em breve. Mas, de fato, não ficaremos restritos ao humor. Voltaremos, sim, a trabalhar com o elenco que saiu do Porta (como o Rafael Portugal, por exemplo), mas produziremos programas, filmes, séries, curtas de todos os gêneros.
Além disso, pretendo estar mais presente nos mercados de branded content – criando conteúdo taylor made em parceria com agências e clientes – eventos, como o esportivo, através da Ola Sports (que também será um divisor de águas) e do Flamengo (para onde espero voltar brevemente) e o de shows. Sempre quis investir nisso. Parece, assim, um leque de muitas possibilidades – e é! – mas isso está longe de ser um problema. A convergência de interesses nos meios digitais é uma realidade.
M&M – Recentemente você anunciou a saída do Porta dos Fundos, após 13 anos. O que motivou essa saída?
Tabet – Adoraria responder esta pergunta, mas, infelizmente, por cláusula contratual exigida por uma das partes remanescentes, não posso responder publicamente o que motivou minha saída do Porta dos Fundos. O que posso afirmar, de fato, é que eu e o Ian estamos muito felizes, tranquilos e animados com a nossa saída.
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