Lucas Rangel: “não dá para fingir que nada está acontecendo”
Influenciador que já trabalhou para marcas como McDonald´s, Coca-Cola e Nestlé reforça a responsabilidade que o momento exige dos criadores
Lucas Rangel: “não dá para fingir que nada está acontecendo”
BuscarLucas Rangel: “não dá para fingir que nada está acontecendo”
BuscarInfluenciador que já trabalhou para marcas como McDonald´s, Coca-Cola e Nestlé reforça a responsabilidade que o momento exige dos criadores
Luiz Gustavo Pacete
27 de abril de 2020 - 6h00
No último sábado, 25, a influenciadora digital Gabriela Pugliesi suscitou polêmicas ao reunir amigos em sua casa para festejar em meio a uma pandemia. Entre vários comentários, muitos cobraram um posicionamento das marcas que a apoiam sobre a postura não adequada de Pugliesi em um momento que o recomendado é o isolamento social, o que levou várias marcas a romperem com a influenciadora. Situações como essas entre os criadores de conteúdo digital são comuns e despertam debates intensos sobre a responsabilidades dos influenciadores.
Em meio a uma pandemia e em um momento em que o consumo de conteúdo digital produzido por esses criadores aumentou, é ainda mais importante discutir o papel da influência. Lucas Rangel, que possui 11 milhões de seguidores no Instagram e 9,1 milhões de inscritos no YouTube compõe uma das primeiras gerações de criadores de conteúdo digital no Brasil. Foi um dos primeiros a utilizar o Vine, aplicativo que pertenceu ao Twitter mas foi desativado em 2017, e, recentemente, já cocriou com marcas como Disney, Coca-Cola, Submarino, McDonalds e Nestlé.
Rangel afirma que o momento é uma prova para diferenciar o papel, a responsabilidade e o caminho que os criadores digitais querem e devem tomar para o futuro de suas carreiras. Levantamento da plataforma Squid, publicado por Meio & Mensagem no final de março, apontou aumento de 24% na taxa de engajamento dos criadores de conteúdo e 27% no alcance do Stories, do Instagram, desde que a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou a Covid-19 como pandemia, no dia 11 de março.
Meio & Mensagem – Qual o papel e a responsabilidade de um criador de conteúdo em um momento que as pessoas estão demandando cada vez mais conteúdo digital?
Lucas Rangel – Acredito que o creator digital hoje tem uma presença muito forte e essencial na sociedade. Com a velocidade do consumo de informações, nos tornamos necessários para ajudar nessa propagação. Com isso, vem responsabilidades, e precisamos saber filtrar o que transmitimos e nomeamos de conteúdo. Acredito sim que temos que abordar temas que trazem informação, não somente entretenimento; mas também tomar cuidado com a forma que abordamos e nos informamos. De nada adianta eu falar sobre algo que não tenho conhecimento. O creator digital veio sim para ficar, e por ser uma profissão ainda muito recente, sofrerá com toda certeza muitas metamorfoses.
M&M – Como tem sido tua atuação durante a quarentena, em termos de novos formatos, parceria com marcas e outros projetos?
Rangel – Acho que todos fomos pegos de surpresa pelo momento atual que vivemos. Eu tinha um novo filme de streaming para gravar, um novo reality digital e tive que me readequar. Inicialmente procurei saber sobre o que estava acontecendo para informar meu público, até porque a maioria é criança e jovem.. Criamos algumas ações sociais também: distribuímos 5.000 fracos de álcool em gel pela cidade, divulgamos comércios locais e reunimos dinheiro para ajudar famílias. Na área do conteúdo criei quadros e principalmente um quadro para manter a galera em casa: #CozinhaDoRangel!.
M&M – Como você acha que essa pandemia (considerando o pré) vai impactar o segmento de creators?
Rangel – Estamos num momento incerto para todos. Não temos ideia do que pode acontecer, mas acredito que isso servirá como um divisor de águas. O que quero dizer é que: os influenciadores precisam ser bem cautelosos nesse momento. Não dá para fingir que nada está acontecendo, ou que sua vida segue da mesma forma. Temos que ter empatia e entender o contexto atual do mundo; e assim vamos descobrir o impacto que isso irá causar no nosso segmento. É como se no final surgissem dois lados: quem soube se colocar no lugar do próximo e mudou sua rotina de conteúdo por conta disso; e quem fingiu que nada estava acontecendo para manter sua agenda egoísta de fotos de viagem.
M&M – O que você tem percebido em termos de investimento por parte das marcas? Houve redução, realocação e mudanças?
Rangel – No momento é inevitável não acontecer um “slow down”. As marcas precisam readequar suas agendas de propaganda e consequentemente nós também. Acredito que o que mais tem acontecido é uma realocação. É um momento de replanejamento de uma agenda anual de ambos os lados: creator e marca; e mais para frente vamos entender esse impacto de modo geral. Tenho uma empresa de publicidade e conteúdo, a LR Contents, que conta com vários outros creators e todos estão reorganizando eventos e projetos.
M&M – Qual a importância de um creator ser multiplataforma neste momento e como pensar o negócio no médio e longo prazo?
Rangel – Quando falo sobre ser multiplataforma, não me refiro a criar uma conta na rede, e sim ter presença na rede. Hoje faço questão de ser ativo e ligado em todas as redes: Twitter, Instagram, YouTube e o novo TikTok. Esse é um momento que não temos ideia do que pode acontecer e isso se enquadra sim as redes sociais. Minha recomendação sempre para creators, sejam amigos meus ou de modo geral é: redes sociais vem e vão, então não se rotule com apenas uma; por que quando ela se for… você vai também! Sobre seu negócio: é a hora de criar! Temos “todo” o tempo do mundo para imaginar e inovar, sei que estamos num contexto mundial estranho e incerto, mas o creator pode usar este momento para evoluir e crescer.
Compartilhe
Veja também
Quais impactos a regulamentação de IA no Brasil terá na publicidade?
Medida aprovada pelo Senado e que segue para a Câmara dos Deputados promete transformar a indústria de comunicação e publicidade no Brasil
IAB se manifesta e critica STF por votação do Marco Civil da Internet
Entidade diz que eventual mudança no Artigo 19, com a determinação da responsabilidade objetiva dos provedores de internet, seria prejudicial à publicidade digital