Mídia

Podpah investe R$ 9 milhões para virar TV digital

Nova sede do grupo, em Sâo Paulo, terá 7 estúdios e espaços com naming rights para marcas

i 19 de agosto de 2025 - 5h40

Igão, Victor Assis e Mítico na nova sede do Podpah

Igão, Victor Assis e Mítico na nova sede do Podpah (Crédito: Divulgação)

Em 2020, em meio à pandemia, Igor Cavalari e Thiago Marques, mais conhecidos como Igão e Mítico, lançaram o Podpah Podcast.

O que começou como um projeto entre amigos se tornou o podcast mais ouvido do Spotify e do YouTube no Brasil. Dois anos depois, o programa evoluiu para um hub digital de entretenimento.

Agora, o grupo dá um novo salto: vai se transformar em uma TV digital.

O complexo audiovisual recém-anunciado terá 6.500 m², dez vezes maior que o atual, e ficará na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo.

O investimento de cerca de R$ 9 milhões é dos sócios fundadores e de Victor Assis, também sócio e CEO.

“Somos uma empresa independente, o que nos permite agir rápido. É um capital nosso pensado no presente e na marca para o futuro”, afirma Assis.

Com a iniciativa, a projeção é ultrapassar R$ 100 milhões em faturamento em 2026. Para 2025, a expectativa é repetir o desempenho de 2024, quando registrou crescimento de 30%.

Diversificação dos negócios e capacidade de produção

O novo espaço concentrará todas as frentes do grupo: Podpah Produções, responsável pela criação de programas e conteúdos como podcasts e roteiros para séries e filmes; Podpah Records, dedicada à produção musical; Podpah Store, com linha de produtos e colaborações; MadHouse TV, criada para transmissões de e-sports, com planos de expansão para outros esportes; e a agência black&yellow, voltada para desenvolver estratégias para marcas internacionais que desejam entrar ou expandir sua presença no mercado brasileiro.

A inauguração da sede está prevista para setembro, mês em que o canal completa cinco anos.

O local contará com sete estúdios: um exclusivo para o Podpah Podcast, dois voltados à música, um para gravações de videoclipes e três híbridos, com capacidade para até nove programas simultâneos.

“Quando estávamos no primeiro estúdio, numa sala pequena com cinco pessoas, não imaginávamos chegar a este ponto. Agora vamos elevar o nível mais uma vez”, diz Mítico.

Igão completa: “Olhar para trás é gratificante, mas o que queremos é seguir criando. É um novo momento e estamos prontos para ele”.

O prédio também abrigará 200 estações de trabalho, lounge de descompressão, área verde, refeitório, nove camarins e ambientes para eventos.

Entre os espaços, haverá ainda uma galeria de arte em parceria com a Intro, com exposições periódicas de curadores de arte urbana.

A reforma e o design de interiores são assinados pela Labra Arquitetos.

Parcerias estratégicas

A estratégia prevê a oferta de naming rights para ambientes da sede. Cerca de 200 marcas já trabalharam com o Podpah, sendo que 22 atualmente têm contratos fixos e exclusividade.

Segundo os entrevistados, é uma oportunidade para as marcas se conectarem à creator economy e à cultura jovem.

A Oakley, por exemplo, terá uma sala de brainstorming ambientada com a identidade visual da marca, voltada para reuniões e criações com influenciadores e artistas.

A parceria já rendeu dois drops de óculos em collab, e uma nova colaboração, que incluirá também um tênis, está em desenvolvimento, assim como uma collab com o time da NFL Miami Dolphins, em que atuam como embaixadores no Brasil, e outra com a Levi’s.

A expansão também reposiciona a estratégia comercial. Até agora, o grupo se consolidou no branded content, mas a operação passará a incluir formatos tradicionais de mídia, além de inserções em diferentes pontos da programação.

Com isso, eles buscam atrair marcas interessadas em parcerias de médio e longo prazo, capazes de potencializar sua visão criativa por meio de narrativas que dialoguem com a diversidade dos programas da TV digital.

Conteúdo e novos formatos

O Podpah Podcast segue como carro-chefe, embora com frequência reduzida.

Igão e Mítico afirmam que não pensam em encerrar o projeto, reconhecendo que ele é o coração da empresa e a alma da comunidade que construíram.

Segundo os apresentadores, eles querem mostrar que é possível criar algo grande, independente e duradouro, testando novos formatos e novos nomes.

A grade atual inclui os programas Rango Brabo, Quebrada F.C., Podpah Visita, Batalha da Aldeia (BDA) e Podpaquera.

Para o segundo semestre, o grupo prepara novidades: o Programa do Brino, apresentado pelo streamer Brino e com plateia, e a Liga X1, formato proprietário que reúne nomes da internet em disputas de futebol para descobrir quem é o melhor jogador do YouTube.

Além disso, estão previstos programas musicais com foco em artistas periféricos, conteúdos voltados ao público feminino e projetos que ampliem a presença no Norte e no Nordeste, reforçando a meta de alcançar cada vez mais essa audiência.

“É no Norte e no Nordeste que nós mais sentimos brasilidade. Queremos dar palco para talentos que brilhem do jeito deles, com sua música e sotaque, sem necessariamente trazê-los para São Paulo”, acrescenta os apresentadores.

Já durante a Copa do Mundo de 2026, que acontece entre junho e julho no Canadá, Estados Unidos e México, toda a programação será adaptada ao tema, com conteúdos especiais em diversos formatos.

Cultura interna e diversidade

Atualmente, o Grupo Podpah tem cerca de 60 funcionários, e planeja chegar a 200 até 2026, de forma gradual para preservar a cultura interna.

“Pessoas vêm antes do negócio. Nosso olhar está no potencial e na sintonia com os valores da empresa, mais do que no currículo formal”, explica o CEO.

Casos como o de Thaizoca, que começou como produtora e se tornou apresentadora, e de Luana, ex-atendimento que hoje é diretora de marketing, exemplificam a aposta no desenvolvimento interno.

A política também privilegia diversidade, com presença de mulheres, pessoas negras, periféricas, LGBTQIA+ e de diferentes religiões em cargos de liderança.

Na área de impacto social, os próximos passos incluem o lançamento do Podpah Pro, uma plataforma em desenvolvimento para a capacitação gratuita de jovens, com cursos assinados por grandes instituições de ensino como forma de retribuição à audiência.