2024: o ano dos sonhos da BYD?

Buscar
Publicidade

Opinião

2024: o ano dos sonhos da BYD?

Uma conjunção de fatores levou ao sucesso da companhia no mercado chinês e já preocupa os players dos mercados norte-americano e europeu


15 de fevereiro de 2024 - 6h00

Será 2024 o ano em que os produtores chineses de veículos elétricos conquistarão definitivamente os mercados norte-americano e europeu? De fato, o conglomerado BYD vem acumulando resultados promissores globalmente – o gigante chinês oficializou os dados relativos a 2023, que fechou com mais de três milhões de veículos vendidos em todo o mundo, confirmando pelo segundo ano consecutivo a empresa como a maior fabricante global de veículos de novas energias. Do total de veículos vendidos, 1,6 milhão são elétricos e 1,4 milhão, híbridos. Boa parte desses resultados se deve às exportações. Com 242.765 unidades enviadas para mais de 70 países em seis continentes, o aumento registrado foi de 334,2%. O portfólio da BYD inclui também as marcas Yangwang, Denza e Fangchengbao.

Quando olhamos para a classificação de modelos de carros mais vendidos no mundo, segundo a CleanTechnica, em 2023 os elétricos ocuparam 18% das vendas globais de automóveis. No período de janeiro a agosto, o Tesla Model Y vendeu globalmente 772.364 unidades, seguido pelo Tesla Model 3, com 364.403 unidades. Já o terceiro e quarto lugares são ocupados por dois modelos da BYD, o Atto 3 (Yuan Plus no Brasil) e o Dolphin, respectivamente com 265.688 e 222.825 unidades vendidas. O primeiro modelo de montadoras europeias a aparecer na classificação é o ID.4, da Volkswagen, que está em 8º lugar com 120.154 unidades. No último quadrimestre de 2023, porém, algo surpreendente aconteceu: a BYD vendeu para o mercado global 526.409 veículos, contra 484.507 da Tesla, segundo dados internos das duas montadoras. Como fez a BYD para, em quatro meses, superar a Tesla em vendas de veículos elétricos?

A realidade é que a BYD oferece produtos de qualidade e tecnologicamente competitivos a preços bastante atrativos. A empresa investiu pesado no portfólio, oferecendo produtos dos segmentos mais altos aos mais populares. Além disso, está se beneficiando de uma demanda interna muito grande e dos subsídios do governo chinês, o que proporcionou um cenário industrial favorável às montadoras de veículos elétricos instaladas naquele país. Esse cenário atraiu e impulsionou também as montadoras estrangeiras que operam na China, que podem se beneficiar de cadeias de suprimentos eficientes, custos de produção bastante competitivos e de um mercado doméstico de grandes volumes.

Essa conjunção de fatores com certeza preocupa a Europa e os Estados Unidos. Nos EUA, desde 2018 o governo aplica tarifas expressivas de 27,5% sobre a importação de carros fabricados na China. Na Europa, as montadoras chinesas poderão sofrer retaliações já em 2024. Basta lembrar que, no final de 2023, a Comissão Europeia iniciou uma investigação sobre as práticas chinesas e uma análise sobre a possibilidade de impor tarifas punitivas para proteger os produtores da União Europeia contra as importações de veículos elétricos chineses mais baratos. A comissão afirma que as empresas chinesas se beneficiam de subsídios estatais, o que lhes permitiria aplicar preços bastante reduzidos nos seus modelos, quando comparados aos dos modelos equivalentes de montadoras europeias. A comissão dispõe de alguns meses para avaliar se deve ou não impor taxas acima do padrão de 9%.

Provavelmente o que vai acontecer é que nos próximos anos veremos as empresas chinesas fabricarem seus carros na Europa, não só levantando linhas de montagem, mas também criando fábricas para produção de componentes industriais, como as células das baterias. A própria BYD afirmou querer produzir 800 mil veículos por ano na Europa até 2030. Isso parece ser alcançável – o mercado europeu é bastante maduro e está de uma certa forma “cansado”. Se de um lado existe a necessidade de revitalizar o setor na região, de outro os consumidores europeus tendem a se tornar cada vez mais abertos às novidades, principalmente se os produtos oferecidos pelas marcas chinesas forem atrativos em qualidade, design, tecnologia embarcada e brand experience. BYD é um acrônimo de “Build Your Dreams”. Há muitos sonhos em jogo aqui: dos consumidores, que buscam marcas inspiradoras; da indústria automobilística, que precisa mais do que nunca se reinventar; e da grande potência chinesa.

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Cativar o consumidor

    Como os programas de fidelização podem impulsionar estratégias de negócios B2B e B2C?

  • Como os selos ambientais conferem valor e credibilidade às marcas

    Pesquisa do Instituto Quantas aponta que há a percepção de que esse tipo de certificação tem tanta relevância quanto o desempenho do produto