A “beleza” digital

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Opinião

A “beleza” digital

O impacto dos filtros das redes sociais na sociedade


15 de dezembro de 2023 - 10h41

Recentemente, ao acompanhar a entrevista dada pela Sandy para a apresentadora Angélica – na qual a cantora afirmou que não consegue sair de casa sem maquiagem e nem postar fotos sem filtros em suas redes sociais – como executiva da indústria da beleza refleti sobre como durante décadas fomos bombardeados por anúncios e campanhas publicitárias que exaltavam padrões de beleza inatingíveis, idealizados pela mídia e pelas grandes empresas. No entanto, ao ouvir as palavras de Sandy, ficou claro como esses padrões estão enraizados profundamente na sociedade, ressaltando a ideia de que a perfeição digital é a norma. E é primordial questionarmos esses padrões e considerarmos como eles afetam a sociedade em geral.

Vocês devem se lembrar da época em que era comum as pessoas carregarem pequenos espelhos nas bolsas para se verem com praticidade. Percebo nos dias de hoje que esse acessório foi substituído pela câmera frontal do smartphone que vem com um plus: o acesso aos diversos filtros que modificam desde cores até o formato do rosto.

Diante disso, uma pesquisa realizada pela Offerwise, em 2022, chamou minha atenção por conta das descobertas avassaladoras. O estudo lançou luz sobre a influência poderosa das redes sociais em nossa visão pessoal de beleza. Os dados revelam que estamos vivendo em uma era onde as redes sociais exercem um grande papel sobre a percepção que as pessoas têm de si mesmas, onde 98% delas acreditam que as imagens compartilhadas nas redes sociais representam uma versão mais bonita da realidade.

Essa percepção distorcida cria um terreno fértil para a insegurança e a busca incessante por padrões de beleza que, na realidade, são tão ilusórios quanto os filtros que os promovem. O uso exagerado de filtros contribui para um fenômeno recorrente quando se fala sobre beleza: o aumento do nível de cobrança estética. A pesquisa apontou que 93% dos entrevistados concordam que essas expectativas atingiram um ponto irreal, criando uma pressão constante para atender a um ideal completamente inalcançável. A verdade é que, ao nos esforçarmos para atender a essas expectativas irreais, comprometemos nossa própria identidade.

Particularmente, é angustiante saber que 63% dos entrevistados conhecem ou ouviram falar de alguém que evitou sair de casa ou participar de encontros sociais por receio de ser visto na “vida real”, sem os filtros digitais. Esse isolamento social é um sintoma claro da pressão psicológica que resulta da comparação constante com imagens filtradas e retocadas, e também um reflexo contundente de como a sociedade contemporânea está imersa na era digital, onde a imagem deformada é considerada mais “bela” que a real.

Diante desse cenário, surge a necessidade urgente de repensar nossos padrões de beleza e promover uma cultura que celebre a autenticidade de cada indivíduo. Devemos encorajar uma abordagem mais realista e inclusiva da beleza, onde cada ruga, cada imperfeição, seja considerada uma expressão única de quem somos. A verdadeira beleza não é uma fachada digitalmente aprimorada, mas sim a autenticidade que reside em nossa singularidade. Ao promover essa mensagem, não apenas revitalizamos a indústria de beleza, mas também contribuímos para a saúde e o bem-estar mental de todos. Cabe a nós liderar o movimento em direção a uma era em que a beleza seja definida por quem somos, não pelos filtros que escolhemos aplicar.

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