A lógica da propaganda. Só para não esquecermos
Toda a viabilidade dos avanços tecnológicos que as big techs estão hoje bancando segue sendo, na maior parte das vezes, custeada pelas receitas de propaganda
A lógica da propaganda. Só para não esquecermos
BuscarA lógica da propaganda. Só para não esquecermos
BuscarToda a viabilidade dos avanços tecnológicos que as big techs estão hoje bancando segue sendo, na maior parte das vezes, custeada pelas receitas de propaganda
“Algumas vezes nos esquecemos que bilhões de pessoas no Planeta ganham de graça acesso a entretenimento ilimitado, chamadas de voz e vídeo, mapas, reviews de restaurantes e viagens, notícias diárias, enciclopédias e conhecimento irrestrito, correio, mensagens, acesso a redes sociais só porque 1-2% de nós clica de vez em quando numa propaganda.”
Aaron Levie
Nada como começar o ano voltando ao básico, para não termos dúvida do que estamos fazendo aqui.
A citação do Aaron Levie me veio à mente porque li um tweet dele no final do ano e me pareceu tão óbvio, e ao mesmo tempo tão vital, que entendi fazer sentido reproduzi-lo aqui e tecer algumas reflexões, tão básicas quanto o post dele, sobre a nossa atividade.
O Levie é um pensador da indústria, colaborador do The Washington Post, CNN.com, Los Angeles Times, Fortune, Forbes, ZDNet e da Fast Company, além de fundador da Box, empresa de computação em nuvem que fez IPO anos atrás e que vale hoje uns US$ 4 bilhões. Só para você saber quem ele é.
Mas, independentemente de quem ele seja, o que ele nos lembra, faz enorme sentido, viesse de quem viesse.
Aos itens que ele citou, poderíamos, eventualmente, acrescentar, entre outras coisas, toda a viabilidade dos avanços tecnológicos que as big techs estão hoje bancando (e parte relevante das conquistas de Inteligência Artificial, por exemplo, fazem parte dessa família), segue sendo, na maior parte das vezes, custeada pelas receitas de propaganda dessas companhias. É a propaganda que paga essa conta, não outra fonte de receita qualquer.
E daí? Daí tudo.
Embora eu tenha sido possivelmente uma das vozes mais críticas aos modelos de negócio da nossa indústria, à letargia atávica das agências em perceberem que o mundo estava mudando (demoraram 20 anos para perceber isso e agora correm atrás), a idêntica letargia dos veículos e à soberba de muitas lideranças de marketing, que também não souberam entender os sinais que os mercados e a evolução do consumo estavam emitindo, sempre fiz isso com um claro, determinado e inequívoco objetivo: contribuir para o avanço e desenvolvimento desta indústria e radicalmente contra a sua (desnecessária, a meu ver) obsolescência.
É por isso que volto ao básico aqui.
A propaganda é e seguirá sendo (em seus novos formatos, em suas novas plataformas e em suas novas dinâmicas, é bem verdade), o pilar de todas as atividades que são hoje tão vitais na vida de bilhões de pessoas mundo afora. Até na China ela é hoje altamente relevante.
Solidificar essa certeza, deixar claro para todas as instâncias das sociedades essa indiscutível premissa, além de alertar – como estou fazendo aqui – que, sem propaganda, simplesmente uma parte relevante da cultura contemporânea e das atividades das pessoas no mundo de hoje (independentemente do consumo, nem toquei nesse ponto ainda) seria inviável. Aliás, nem existiria. Como nos aponta o Levie.
Entendo vital que as instâncias desta indústria, cientes todas elas dessa máxima tão óbvia, mas como disse, tão vital, estejam alinhadas para que nossa indústria seja mais e mais sustentável, além de mais e mais relevante, não só para ela mesma, mas como para as sociedades nas quais tem a relevância que tem.
Indispensável lembrar sempre que esta, como todas as demais, é uma indústria composta por uma cadeia de elos interligados e interdependentes. Zelar por essa interrelação, respeitando-se o papel de cada trecho da corrente, é vital para a sobrevivência do todo. Se os elos mais fracos quebrarem, quebra a cadeia inteira. Isso nem sempre está claro para muitas lideranças em nosso mercado.
Fui óbvio? Ufa! Que bom! Era exatamente isso que eu pretendia neste meu primeiro artigo do ano aqui no Meio & Mensagem.
Porque sem o básico, não se faz nada. E isso muda tudo.
*Crédito da foto no topo: Ajwad Creative/iStock
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