23 de fevereiro de 2017 - 9h00
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Segundo o horóscopo chinês, 2017 será o ano do Galo — o que no âmbito dos negócios significa evitar assuntos controversos, não assumir grandes riscos e agir com muita cautela. Se você não sabia disso, confesso que é pouco animador descobrir este fato com mais de 300 dias para terminar o ano.
Sabemos que a economia não está lá essas coisas, que as verbas dos clientes não têm uma perspectiva muito otimista e nem preciso me estender para você acreditar que, dessa vez, o horóscopo vai acertar em cheio com o tal ano do Galo.
Mas arrisco dizer: não para você que é mídia. É notável o número de oportunidades batendo à nossa porta graças ao momento atual.
Se por um lado a crise atrapalha os anunciantes, por outro, também atrapalha os veículos — o que acaba resultando em mais flexibilidade nas negociações. Condições comerciais muito atraentes têm surgido diariamente e, assim como no mercado financeiro, quem está fazendo negócio na baixa tem maior poder de negociação.
Não só as condições financeiras podem ser mais atrativas em época de crise: o cenário também acaba sendo favorável ao desenvolvimento de projetos inovadores. Afinal: antes, com o mercado em alta, não fazia sentido para veículos, produtoras e outros parceiros investirem tempo e energia para viabilizar ideias fora do padrão. Além de ser pouco rentável, a barreira para conseguir intervenções fora do padrão era enorme, já que a maior parte dos espaços estava recheada de anunciantes. Hoje, a história é outra. A capacidade de viabilizar projetos diferenciados acaba sendo essencial para qualquer player que busca conquistar ou manter um lugar ao sol.
Outra boa notícia é para quem sonha em trabalhar com as maiores propriedades do mercado. Provavelmente, assim como você, passei bons anos da minha carreira acreditando que só atuando junto aos top 10 anunciantes teria a chance de me envolver com os grandes pacotes de mídia. Com a crescente dança das cadeiras dos patrocinadores dos principais projetos, abriu-se espaço para o envolvimento de marcas que antes não seriam nem cogitadas como possíveis cotistas.
Como se já não bastassem as boas perspectivas acima, vale adicionar ao cenário a crescente sofisticação das métricas. Antes responsabilidade quase integral do anunciante, o investimento na mensuração dos resultados passou a ser tarefa também das agências e veículos. Se em tempos de crise, é cada vez mais importante mostrar a efetividade dos caminhos adotados, está aí uma rica oportunidade para evoluirmos nossas habilidades técnicas e construirmos benchmarks para o futuro.
Desvencilhando-nos, assim, de todo o sentimento pouco otimista em geral. A verdade é que nunca houve tanto espaço para um profissional mídia fazer a diferença como nos dias de hoje. A crise trouxe um boost no poder de realização para o mídia e, mais do que nunca, temos as ferramentas e parcerias necessárias para amarrar as oportunidades de maneira relevante e viável para os anunciantes.
Podemos ficar com chororô reclamando do cenário atual ou arregaçar as mangas e transformar o ano do Galo em mais uma previsão astrológica furada.
Agora é só escolher seu caminho.