Colisões de empatia e tecnologia
C2 se trata exatamente de olhar para a necessidade do outro e a construção de laços humanos
C2 se trata exatamente de olhar para a necessidade do outro e a construção de laços humanos
Para um designer aficionado por tecnologia, desenvolvedor e usuário convicto da realidade virtual, AI e IoT, chegar ao C2 Montreal foi uma espécie de colisão, como aquela quando duas pessoas conectadas ao celular e com a cabeça baixa se trombam, erguem a cabeça e então encontram o olhar uma da outra. Se o momento que cheguei ao C2 pudesse ser definido em um encontro, seria assim: a esquina do mundo onde tecnologia e empatia se esbarraram. O evento de criatividade e negócios, que aconteceu entre os dias 23 e 25 de maio no Canadá, consegue aproximar a tecnologia das relações entre as pessoas.
A experiência começou muito antes da abertura do evento. A Câmara de Comércio Brasil Canada, juntamente com a Abedesign, iniciou o contato com o C2, que logo se conectou com todos participantes da primeira delegação brasileira. Emma era quem se correspondia com todos. Ela podia ser uma pessoa, um avatar ou um simples bot. Ainda não podíamos ter certeza. Depois desse primeiro contato, iniciamos nossa experiência real na cidade, vivendo um pouco a cultura. Tivemos algumas reuniões marcadas pela delegação e fomos até a organização do Cite Memoire, uma plataforma tecnológica de resgate histórico que acredito que toda cidade precisa ter.
Passeios, experiências em culturas diferentes. Até então, tudo estava dentro do combinado. Estávamos dentro de um hotel, interconectados com Réso, o maior complexo urbano subterrâneo do mundo. É quase outra cidade debaixo de Montreal, com mais de 32 quilômetros de túneis e corredores para você se mover de um lugar ao outro sem sair na rua e passar frio. Então, em uma parada para reagrupar a delegação uma mulher sorridente diz: “Vocês chegaram!”. Sim, chamou pelo nome todos do grupo que ela nunca tinha visto. Era a Emma, o nosso (pelo menos o meu) pseudo bot. Ela se apresentou, entregou as credenciais e eu olhei para a cara de espanto do Paulo de Castro e comentei: Não sabia que íamos encontrar ela antes.
Ele respondeu: Nem eu! Explicando a surpresa: Emma é a filha do fundador do C2.
É assim que acontecem as colisões no C2. Pegam de surpresa. Todo mundo se sente único, apesar do evento ser para mais de seis mil pessoas. Um dos pontos altos, logo de cara, é o dispositivo que está dentro do crachá. Basta você aproximá-lo de outra pessoa e o match é feito. Os contatos de ambos vão diretamente para nossas agendas virtuais.
São muitos laboratórios, workshops e apresentações, altamente tecnológicas, mas que conseguem trazer a sensibilidade e emoção humana em momentos como a sonorização, transmitida por computadores, mas compostas na hora, por corações que sentem a vibração daquele momento. Em alguns workshops, você não sabe o cargo, a importância e até o nome da outra pessoa. É a relação mais transparente possível, sem personagens e interesses, mas com empatia e humanidade.
Na fila de um desses laboratórios, estava no sol, e minha pele já estava mudando da cor branca para a vermelha. Então, chega alguém desconhecido e me oferece protetor solar, já visivelmente preocupado comigo. O C2 se trata exatamente disso, olhar para a necessidade do outro, e a compreensão de que a tecnologia, se bem utilizada, pode melhorar ainda mais esse entendimento e a construção de laços humanos.
*Crédito da imagem no topo: Evgeny-Gromov/iStock
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