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Opinião

Como a cultura corporativa resistirá ao terremoto home office?

Não basta recauchutar a velha pesquisa de clima; mais importantes são as questões metodológicas e a sincera determinação de entender as dores que virão dos times e fazer algo a respeito


17 de junho de 2021 - 12h03

“É necessário fazer uma pesquisa para entender que as pessoas na nova situação possam estar se sentindo sobrecarregadas, sozinhas, com medo”.

Um temor novo tem aparecido nas conversas com nossos clientes: como lidar com os funcionários em meio a uma pandemia que já se arrasta há mais de um ano e promete ir ainda mais longe? Como manter o moral da tropa elevado, como não perder talentos para a concorrência ou para uma vida com menos entregas e ambição, privilegiando o lado pessoal?

O biênio 2020-21 vai entrar para a história também pelo que está causando nas relações de trabalho — entre times e líderes, no âmbito das equipes e entre as corporações e seus funcionários. Que cultura corporativa vai resistir ao terremoto do home office? Como evoluir para o novo tempo? Essa é a pergunta de um milhão de dólares, para usar um chavão.

A comunicação, com suas técnicas e ferramentas, pode cumprir um papel essencial na adequação a esse novo cenário. E, quando falo em comunicação, falo de todo o processo comunicacional, que, muita gente esquece, inclui ouvir. Ouvir deveria ser 50% da comunicação, mas as empresas e organizações no Brasil costumam esquecer desse componente e jogam toda sua energia em divulgar, e quase sempre falando apenas de si próprias.

Hora de pesquisa

Não pensem que vão ouvir sem perguntar. E é preciso perguntar direito. Não basta recauchutar aquela velha pesquisa de clima. O cenário mudou e quem puder deve pautar especialistas para escutar seu público interno. O mais indicado é buscar profissionais da área de pesquisa que estejam estudando o momento que vivemos, porque é preciso fazer as perguntas certas para chegar a respostas válidas.

Existem muitas ferramentas digitais para viabilizar essa tomada de temperatura dos funcionários. Mais importantes são as questões metodológicas e a sincera determinação de entender as dores que certamente virão dos times e fazer algo a respeito. Porque o momento pede não uma iniciativa isolada e bissexta, mas o início de um processo contínuo, que seja incorporado às práticas da empresa.

Mas, mesmo antes de perguntar às pessoas, tabular e interpretar as respostas, o bom senso já indica alguns temas importantes que devem ser foco de palestras e cursos ministrados por gente especializada. Coisas simples: ergonomia e uma rotina de exercícios para fazer em casa; como extrair o máximo das ferramentas digitais, como conciliar o trabalho com a nova rotina, e até dicas práticas para preparar o próprio almoço sem comprometer um tempo para descanso e, por que não?, para algum lazer.

Também não é necessário fazer uma pesquisa para entender que as pessoas na nova situação possam estar se sentindo sobrecarregadas, sozinhas, com medo – em que pese as vantagens de economizar horas no trânsito todos os dias para ir e vir do trabalho. Faz falta a piada no escritório, a hora do cafezinho, a relação humana próxima, enfim. O que acontece é um verdadeiro teste de estresse para a cultura empresarial.

Promover a troca de informações

Um dos primeiros passos é a consolidação de um canal com capacidade de também cumprir as funções de centro de convivência, de troca de informações. Sabe aquela intranet chapa branca, sem engajamento, que o profissional de comunicação não sabe mais o que fazer para trazer à vida? A hora é agora. Todo mundo está obrigatoriamente conectado e precisando mais do que nunca de serviços, informações, ferramentas que tornem a vida mais prática e acolhedora.

Mas apenas um bom canal digital não basta. As lideranças devem assumir um protagonismo genuíno nesse novo momento colocar-se como embaixadores da cultura empresarial. Ouvir e falar, capacidade de mostrar empatia, transparência e vontade de aprender serão vitais para atravessar a tempestade e, vacinação em massa feita, entender os novos tempos. É hora de mais comunicação.

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