19 de dezembro de 2017 - 14h11
(Crédito: Reprodução)
O futuro chegou. A frase mais batida dos últimos tempos é também uma das mais verdadeiras. As mudanças estão cada vez mais aceleradas, e, se antes a tecnologia era encarada apenas como um fator facilitador para os negócios, hoje ela é um fator de existência e sobrevivência, ou seja, Darwin para bytes.
Na luta pela relevância, tornou-se impossível existir à margem das mudanças tecnológicas, e integrar diferentes competências se tornou vital para a entrega de um bom trabalho. É o processo de seleção natural corporativa – não basta mais especializar-se em uma única tarefa, é preciso ampliar a visão dos negócios e ser capaz de entregar soluções para as mais diferentes necessidades.
Nesse contexto, aliar os serviços de uma agência de comunicação aos de uma consultoria faz todo sentido. A questão é como operar esse novo organismo.
Promover a integração de dois mundos tão diversos é um processo no mínimo desafiador. A diferença entre o universo da consultoria e o da comunicação já começa pelo “layout” – é cultural. Publicitários e consultores se vestem e se portam de modo diferente. Usam suas próprias linguagens e metodologias de trabalho.
Respeitar essa diversidade é o primeiro passo para aproveitar o melhor dos dois mundos. Em seguida, tão importante quanto o respeito às diferenças, vem o processo de conhecer o outro lado e saber o que o outro universo tem a oferecer.
A integração entre consultorias e agências traz novas habilidades para transformar negócios, marcas e a vida das pessoas através do uso criativo da tecnologia digital
É impossível criar soluções em conjunto sem ter conhecimento prévio da natureza do trabalho de seu parceiro. Quais são as competências mais importantes para uma agência de comunicação? Como um consultor se prepara para apresentar um plano de negócios para seu cliente? Uma das estratégias para aparar essas e outras arestas é promover uma espécie de “polinização cruzada” (termo já emprestado de um amigo consultor), onde todas as expertises e ensinamentos da consultoria são levadas para dentro da agência e vice-versa.
Do lado das agências, o modelo de negócios praticamente parou no tempo e ainda toma como base uma estrutura fordista: profissionais hipersegmentados, cumprindo funções específicas, sem uma visão estratégica do todo. É um funcionamento muito diferente de uma consultoria, que costuma ter uma abordagem mais holística do trabalho, com profissionais acostumados a desempenhar vários papéis de natureza diferentes.
Outro aspecto que tem causado estranhamento entre as duas áreas é a busca de novos projetos de trabalho. O mercado publicitário ainda está muito baseado no modelo de concorrência, no qual uma proposta é desenvolvida seguindo parâmetros já definidos pelo potencial cliente. As agências de comunicação elaboram projetos completos na expectativa de serem escolhidas, oferecendo boa parte do trabalho e expondo suas ideias inovadoras já no momento de prospecção.
Já para os consultores, dificilmente há uma etapa de concorrência, o cliente decide se contratará esta ou aquela empresa levando em conta principalmente a reputação da consultoria e o preço cobrado pelo serviço. Integrar esses dois universos passa por alinhar expectativas de ambos os lados e desapegar-se de verdades escritas em pedra.
A integração entre consultorias e agências traz novas habilidades para transformar negócios, marcas e a vida das pessoas através do uso criativo da tecnologia digital e o aprendizado obtido com a convivência entre dois mundos tão distintos está apenas começando. Quais serão as próximas “dores de crescimento” que esse novo modelo irá enfrentar só o tempo irá dizer.