É sobre o tempo, ou melhor, da falta dele
E não sobre um copo de café “esquecido” na cena de umas das melhores séries já produzidas
E não sobre um copo de café “esquecido” na cena de umas das melhores séries já produzidas
22 de setembro de 2020 - 17h45
Desde que me conheço por gente, me deparo com frases e palavras parecidas com essas: “hoje, vivemos num mundo cada vez mais agitado, conectado, atribulado e o tempo parece que voa…”
Sim, e é verdade. E, hoje em dia, então, nem se fala.
Absolutamente tudo mudou. Quando pensamos em tempo, acabam vindo milhões de coisas à cabeça, muito mais do que antes, e o difícil é focar, se dedicar.
Um dos termos mais falados na atualidade, o famoso “home office”, briga com o esse tal de tempo ou a falta dele o tempo todo (olha ele novamente aí).
A busca incessante por agilidade e produções/criações instantâneas não é de hoje. Isso começou há muito tempo, lá na Revolução Industrial… Mas, convenhamos, está complexo. E, não entrarei em detalhes no que essa corrida contra o tempo pode trazer de ruim. Ansiedade, depressão, graves problemas de saúde… (vamos deixar essa parte de lado agora).
Acredito que podemos concluir que está pior.
Posto isso, aquele mundo agitado e conectado que citei triplicou com novos pontos de contato, metodologias, aplicativos, divisão de tarefas domésticas, desinfecção (de quase tudo) com álcool, protocolos, entre outras centenas de coisas. E o que já tínhamos pouco agora ficou mais escasso. O tempo de se dedicar, de fazer, de produzir, de errar, de refazer, de estudar, de se movimentar. O famoso tempo de qualidade ou, se preferir, tempo com qualidade.
Não estou falando do tempo que ganhamos com a nossa família e filhos. E sabemos que no começo foi muito difícil. E, hoje em dia, de uma certa forma, conseguimos equilibrar melhor as coisas que tangem o lado familiar e nos dedicarmos mais ao que importa (no meu caso, ainda não da forma que eu gostaria… Mas, estou no caminho).
E esse sim, na minha opinião, é o melhor tempo dedicado, esse é um tempo de qualidade. E é aqui que gostaria de deixar uma provocação: vamos buscar essa qualidade de tempo! Se estamos conseguindo até aqui, por que não para as outras coisas?
Estou falando do que sempre quisemos e miramos como objetivo dentro do nosso universo profissional, dentro do nosso negócio. Seja ele uma agência, um anunciante ou em qualquer outro segmento, não importa onde.
A pressão do momento (momento esse que está demorando a passar, eu sei), das marcas, dos consumidores e do mundo acabou nos colocando numa “sinuca de bico”.
É preciso colocar (tentar já é um começo) a bola no chão e pensar no que é qualidade de tempo para você, para tudo o que faz por seus clientes e para o target potencial deles. Para o equilíbrio da sua equipe. O viés da provocação é profissional…
Quando digo pensar, estou falando sobre o briefing que recebemos ou do que criamos juntos com o cliente. Sobre a necessidade a que precisamos atender, o KPI que precisamos percorrer, o que podemos criar. Sobre o que podemos inventar do zero, o propósito de um trabalho e de uma entrega.
Com a pandemia muita coisa mudou, sobretudo a jornada das pessoas. Veja o aumento descomunal nos ecomms (mais de 130%), nos deliveries (mais de 55%), no entretenimento em vídeos on demand (mais de 50%), no crescimento exponencial de lives. Até o quase não ouvido podcast praticamente virou uma realidade.
Temos muita coisa nova por aqui e outras por vir. Precisamos de um tempo de qualidade para surfarmos essa onda e realizarmos os melhores feitos. Sejam profissionais ou pessoais.
Já sabemos que a vida se tornou mais rápida e que, por conta disso, o tempo também mudou. Existem pesquisas que indicam que uma pessoa, hoje, sente o tempo passar de sete a dez vezes mais rápido do que antes.
Muitos gênios (inclusive da propaganda) erraram diversas vezes para chegar no melhor produto. Hoje em dia, não temos tempo nem de pensar no que podemos errar ou testar, e sim temos um tempinho para simplesmente fazer algo dentro de uma expectativa de entrega que está fugindo de todos os padrões normais (que acho que deveria ser normal). E, quando o “tiro” não atinge 100% do alvo, num piscar de olhos acaba surgindo um tempinho a mais. Todos estão sendo atropelados pelo tempo.
Não estou fazendo nenhum tipo de apologia a ser tudo mais devagar, estou falando de qualidade.
Nós somos adaptáveis a tudo. Pare e admire o que estamos vivendo e fazendo ao mesmo tempo.
Acredito que seja o momento certo de mais qualidade para isso tudo. Tenho certeza de que muitas coisas brilhantes virão por aí.
E não se esqueça: o tempo voa.
Às vezes, um “errinho” pode não comprometer o todo (praticamente 11 anos de Game of Thrones), mas, talvez, fique marcado por um bom tempo.
**Crédito da imagem no topo: Piranka/iStock
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