Empreender nasce da coragem
Como propósito, resiliência e vulnerabilidade moldam a trajetória de quem escolhe empreender todos os dias
Coragem para tomar risco, para aceitar que existem coisas inerentes ao negócio que ninguém controla, e para seguir mesmo assim — porque existe um sonho maior que qualquer incerteza.
Propósito, para mim, não é slogan: é bússola. Quem tem bússola não navega em águas rasas. Sabe aquela história de que peixes grandes nadam em águas profundas, onde a pressão é maior, o frio é mais duro e o risco é real? Pois é ali que está o tamanho da conquista.
Também acho simplista quando dizem que “é sorte”. Sorte é o nome que se dá quando não se conhece o caminho.
O caminho de qualquer empreendedor é feito de mais erros do que acertos. Eu costumo brincar que é “sangue, suor e lágrima”, além, claro, das noites viradas, os projetos “voos de galinha”, que não levam a empresa para lugar nenhum, mas direcionam para inovação, decisões difíceis de reestruturação, planos recalculados, recomeços – é daí que se cria uma resiliência que não se aprende em livros.
Lidar com o fracasso quando você é empreendedora é controlar a mente para seguir em frente e não levar para o pessoal, caso contrário o emocional fica abalado. Confesso que é muito difícil não levar para o pessoal. Afinal, você mesma criou aquele movimento. Por essa razão que a resiliência não se aprende livremente, se aprende na jornada.
Tem uma outra verdade, que quase ninguém assume, que é a adrenalina – o vício – de ter um negócio. As conquistas injetam dopamina, reacendem o fogo, o ímpeto criativo, a faísca que faz a gente pensar “para onde vamos desta vez?”.
Vários fatores podem tornar o objetivo inalcançável – empreender não é atingir, é construir.
Construir dia após dia, sem descanso, sem atalhos, sem plateia e com time. Time engajado, que acredita no seu propósito e que tem cumplicidade
É tijolo sobre tijolo, coragem sobre coragem, erro sobre aprendizado, criatividade e serenidade para resolver o caos.
Isso a Globo não mostra: não são poucas as vezes que me vejo acordando às 5h30 da manhã, com insights para soluções que meu cérebro estava me desafiando a desenvolver e como num passe de mágica já estou eu lá, de novo, em frente ao computador com a mente fluida, leve e cheia de estratégias. É fato! A seco, sem paixão, ninguém topa uma rotina dessas. É o sonho, o propósito e o impulso criativo que seguram a gente de pé e fazem tudo acontecer.
De novo, no final, não é sobre sorte. É sobre um propósito maior, é sobre impacto social.
É sobre gerar empregabilidade e renda, aumentar o poder de consumo da população. É sobre impacto social. É sobre através de um negócio reduzir as desigualdades e a violência por um mundo mais justo.
É essa capacidade de nadar mais fundo que a maioria não está disposta. É sobre insistir até que o impossível deixe de ser impossível e vire realidade construída com coragem, criatividade e as próprias mãos.
Por isso, no mês do Empreendedorismo Feminino, dedico este texto a todas as mulheres empreendedoras que estão nessa jornada e em especial aquelas que me inspiram e me fortalecem. São elas: Dilma Campos, Egnalda Cortes, Fernanda Pacheco, Gil Viana, Marta Poit e Mônica Granzo