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Opinião

Entendendo os “superpoderes” das (web)celebridades

Estudos, listas e pesquisas mostram que há muito a se descobrir sobre elas


1 de dezembro de 2016 - 9h49

Foto: Reprodução

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Há um entendimento generalizado de que, na atual sociedade, de essência midiatizada e totalmente ancorada no estímulo ao consumo, produtos são divulgados e comercializados como extensões de pessoas célebres: as celebridades contemporâneas. Ou seja, muitos produtos são centrados em personalidades que ocupam a mídia, que também são tratadas como marcas, e apresentam as mesmas características, típicas de produtos do contemporâneo, como efemeridade e perecibilidade.

Prova disso é o estudo, divulgado recentemente, sobre os “influenciadores digitais” mais relevantes no Brasil. Segundo a empresa realizadora da pesquisa, tais influenciadores se tornaram pessoas “fundamentais dentro das estratégias de marketing de marcas que desejam engajar milhões de clientes em potencial.” Esse tipo de esforço, para engajar tantos clientes, ganha uma amplitude sem precedentes no ambiente virtual, com força para promover e estimular a mobilização social, a troca de informações e conteúdo de toda natureza, a criação coletiva ou ainda ações em torno do próprio consumo.

O estudo, portanto, suscita a reflexão de que os influenciadores, na maior parte dos casos, são pessoas comuns que ganharam fama e notoriedade sem a chancela institucional dos grandes conglomerados de comunicação. Eles fizeram a si próprios no mundo online. Conquistaram muito mais do que fama: conquistaram prestígio e passaram a influenciar “seguidores”, que antes eram categorizados apenas como “fãs”.

Essas celebridades influenciadoras da web, ou webcelebridades, têm oferecido muito mais do que entretenimento, elas conferem algum significado para pelo menos um grupo relevante de pessoas, em termos numéricos (são milhões de seguidores). Elas promovem o engajamento com ideias, opiniões, causas, estilos de vida. São seguidas, adoradas, admiradas (mesmo que, igualmente, consigam até serem “odiadas” por outro grupo de “seguidores às avessas”, os haters).

Nesse sentido, precisamos alargar a quantificação e “ranquear” as posições que ocupam: as webcelebridades precisam ser estudadas e compreendidas. Estamos, atualmente, com este firme propósito já que, em estudos anteriores, problematizamos a exposição e a aumento das celebridades na mídia, principalmente porque a nossa sociedade parece estar carente de ídolos e heróis

Ora, se no passado, as marcas ambicionavam alcançar a consciência das pessoas em busca da “futura compra” do produto ou serviço anunciado; hoje buscam descobrir caminhos que promovam o envolvimento emocional. O tão falado “engajamento”. Principalmente numa conjuntura na qual a maioria das pessoas “só espreita” e não comenta quase nada na internet (já que, em termos comparativos, na internet, a grande maioria, chamada de lookers, é silenciosa e apenas consome o conteúdo sem se pronunciar).

Justamente por isso, os influenciadores são bastante oportunos e eficientes na promoção do engajamento. Para além de meras celebridades temporais, como na maioria dos casos, eles promovem a aproximação com a mente, com o coração, com o cotidiano da vida – já que usam exatamente esse cotidiano, tão comum, tão familiar, para influenciar e angariar muitos, muitos seguidores.

Nesse sentido, precisamos alargar a quantificação e “ranquear” as posições que ocupam: as webcelebridades precisam ser estudadas e compreendidas. Estamos, atualmente, com este firme propósito já que, em estudos anteriores, problematizamos a exposição e a aumento das celebridades na mídia, principalmente porque a nossa sociedade parece estar carente de ídolos e heróis.

Descobrimos que a atenção voltada às celebridades – que vão consolidando suas imagens no pêndulo entre o talento profissional e a vida privada – se reconfigurou a partir da tríade hipercompetência midiática, identificação com o público e interesses comerciais. Hoje, tal atenção se estrutura num limiar que, à primeira vista, parece ambíguo e que é quadrangulado por “informação versus entretenimento” e “realidade versus ficção”.

Acredito que estamos no caminho certo. Se quiser trilhá-lo conosco fique à vontade, pois há muita coisa interessante e importante para descobrirmos sobre os superpoderes das celebridades (ou das webcelebridades) brasileiras para envolver, motivar, influenciar e engajar os nossos mais distintos consumidores em potencial.

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