Assinar

Exemplo e ação

Buscar
Publicidade
Opinião

Exemplo e ação

Não dá para esperar que apenas inspirações pessoais de boas lideranças abram caminhos para mudanças em práticas viciadas e não inclusivas. É preciso agir — e as Women to Watch estão fazendo isso


15 de setembro de 2020 - 12h32

(Crédito: Nadzeya Dzivakova/istock)

Realizado pela primeira vez nos Estados Unidos, em 1997, o Women to Watch nasceu como um relatório anual para destacar mulheres que ajudam a tornar o mercado rico e criativo no presente e impulsioná-lo ao futuro — nas palavras da época do AdAge, autor da iniciativa. Vinte e três anos depois, o projeto cresceu, se internacionalizou e ganhou conotações distintas em mercados como o Brasil, onde chegou em 2013, por iniciativa de Meio & Mensagem. O propósito e a dimensão atuais do Women to Watch Brasil tornam aquela definição original do fi m dos anos 1990 demasiadamente simplista.

Com as homenageadas de 2020, o projeto soma 52 mulheres contempladas no País e é muito mais que uma lista anual. Nos últimos sete anos, o crescimento da iniciativa no Brasil ocorreu paralelamente ao período de maior atenção da indústria às questões de inclusão, não apenas das mulheres, mas também às distorções raciais e sociais nas composições das equipes de comunicação, marketing e mídia. Nesse sentido, do ponto de vista interno, esses movimentos impactaram profundamente o conteúdo de Meio & Mensagem, que, não sem cometer erros, tem aprofundado as abordagens e ampliado os espaços de expressão e questionamentos sobre os temas.

Neste ano, o assunto da liderança feminina não saiu da pauta, com reportagens, entrevistas e artigos. Além disso, o Women to Watch incrementou sua produção de conteúdo multiplataforma, sob coordenação da editora Bárbara Sacchitiello.

O projeto foi lançado em março, no Dia Internacional da Mulher, e vai até o final de setembro. Contempla, neste período, uma série de seis podcasts já publicados, que abordam temas como maternidade, criatividade, liderança, inovação, influenciadores e empreendedorismo, com participações de 12 executivas. E terá, ainda, a série Next Generation, de quatro episódios semanais em vídeo, que estreia nesta terça-feira, 15 de setembro, durante o evento anual de homenagens, que, por causa da pandemia, será transmitido on-line, a partir das 16h, com entrevistas e debates.

Entretanto, é fora das linhas do projeto que as Women to Watch têm contribuído mais, ao impulsionarem mudanças reais no mercado, agindo isoladamente, com apoio de suas companhias ou, ainda mais importante, juntando forças umas com as outras. O Brasil é, provavelmente, o país onde há maior engajamento entre as homenageadas, que somando suas influências formam uma rede de apoio e conseguem aglutinar outras mulheres e homens na luta pela inclusão, representatividade e diversidade. Aqui, a placa entregue pelo projeto ganhou um peso que não tem em outros locais, e leva junto uma responsabilidade não só de inspirar e melhorar o ambiente para gerações futuras, mas de agir agora. Os discursos das selecionadas este ano deixam claro que não dá para esperar que apenas seus exemplos pessoais de boas lideranças abram caminhos para mudanças em práticas estruturais viciadas e não inclusivas.

As histórias pessoais e entrevistas com as sete homenageadas de 2020, publicadas nas páginas 10 a 17, confirmam um dos grupos mais diversos já contemplados, com atuações em áreas como startups, finanças, telecomunicações, bens de consumo, influência, consultoria e criatividade; e se aprofundam em temas, por vezes incômodos, como o das metas e cotas de equidade nas empresas, da discrepância salarial entre os gêneros, da comunicação estereotipada, da necessidade de os grupos minorizados imporem suas pautas e da falta de apoio dos tomadores de decisões — apesar dos discursos. Como o momento desafiador da pandemia fez esquentar ainda mais as discussões sobre inclusão, essa é uma boa hora não só para falar mais, mas, especialmente, para fazer mais e aproximar a ação do discurso.

*Crédito da foto no topo: JBKdviweXI/ Unsplash 

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Quando menos é muito mais

    As agências independentes provam que escala não é sinônimo de relevância

  • Quando a publicidade vai parar de usar o regionalismo como cota?

    Não é só colocar um chimarrão na mão e um chapéu de couro na cabeça para fazer regionalismo