29 de junho de 2017 - 15h04
Estive no Festival em 2013 e foi a maior mudança de perspectiva profissional. Fui para lá esperando ver uma coisa, esperava encontrar com grandes trabalhos e mergulhar em diversas referências e peças de todos os cantos do mundo.
Chegando lá a explosão mental foi outra, me deparei com milhões de formas diferentes de se fazer comunicação. Diversas pessoas e empresas que fazem da comunicação uma indústria forte e pulsante. Em cada esquina de Cannes, em cada parte do Festival você esbarra em gente que está ligada ao mundo da comunicação e atuando das formas mais diferentes possíveis. Conversei com muita gente de Israel, Bolívia, Chile, Europa e Estados Unidos. Tinha produtora, agência de mídia, hotshop criativa, criativo de holding global, enfim, uma variedade gigantesca. Em uma semana no Festival aprendi mais que alguns anos de faculdade e tantos de agência, é muito intenso, muito conteúdo e muita troca de informação.
Em uma semana cheia de coisas disruptivas, parece fácil transformar o seu cotidiano. Parece que a magia do festival vai chegar junto com você na agência e fazer seus problemas e jobs se resolverem e virarem todos cases dignos de Cannes. Mas eles não vão. E aí que o Festival começou de verdade para mim.
Foto: Eduardo Lopes
No fim daquela semana não tinha recebido uma injeção de ânimo para fazer os jobs da agência, tinha tomado uma porrada na cara me dizendo que ou eu fazia algo que acreditasse ou sempre voltaria para Cannes lamentando por não ser aquela a minha realidade.
Cannes foi o ponto de partida para eu redesenhar as coisas que acreditava dentro do mundo da comunicação. Me fez pedir demissão do emprego, me sentir insatisfeito com muita coisa entrar no mundo do empreendedorismo na comunicação.
Cannes me fez ver o verdadeiro valor de um Leão. E um Leão não é nada de mais nas ruas da croisette, você esbarra com diversos deles durante a semana. Vi gente ganhar um monte de Leão naquele ano e não ganhar mais nada depois, teve até gente que desistiu da comunicação depois.
Para mim o que mais vale do Festival de Cannes é a possibilidade de colocar as suas crenças, valores e filosofias à prova. Rasgar tudo que você tem certeza absoluta e abrir sua cabeça para ver o novo
Bom mesmo são os caras que sistematicamente ganham Leões com bons trabalhos na rua, com clientes que acreditam na relação com eles e que vivem dentro de suas agências aquela efervescência de Cannes.
Para mim o que mais vale do Festival de Cannes é a possibilidade de colocar as suas crenças, valores e filosofias à prova. Rasgar tudo que você tem certeza absoluta e abrir sua cabeça para ver o novo. E, principalmente, depois que voltar de Cannes fazer acontecer, pelo menos alguma mudança que te coloque mais perto das melhores práticas do mundo que você viu por lá. A sorte disso tudo é que todo ano acho que é possível fazer, depois de ver quem ganhou, quem brilhou fica a certeza que sim, onde quer que você esteja você pode fazer um trabalho de alta qualidade. Só depende do seu próprio critério.
Boa ressaca de Cannes e bom ano.