Opinião

Governança e reputação: pilares em um novo horizonte

A abordagem P2P faz com que a governança seja um motor de desenvolvimento, e não apenas uma formalidade

Luiz Carlos Dutra

Presidente da Abihpec e membro do Conselho de Administração da Motiva 4 de setembro de 2025 - 14h00

A governança deixou de ser um mero controle para se consolidar como pilar estratégico da resiliência organizacional. Em um cenário de negócios complexo, o alinhamento de valores, estratégia e gestão se torna fundamental.

A força da governança reside em pilares, como: valores (base ética), estratégia (caminho para objetivos), modelo de negócio (geração de valor), capital humano (talento), cultura (comportamentos), controle e compliance (integridade). O alinhamento desses elementos permite uma resposta ágil e eficaz, tanto em crises quanto na prospecção de futuro.

Nesse contexto, a reputação é o espelho externo da governança, que se expressa, junto com os ativos tangíveis de uma empresa para o mercado, engajando seus stakeholders. A reputação é uma bússola da saúde interna e uma vantagem competitiva inestimável, especialmente em momentos de turbulência.

O desafio é a sinergia entre as duas partes: governança e gestão de reputação. A sustentabilidade exige que caminhem juntas, e o segredo reside na construção de um propósito organizacional claro, que se manifeste em credibilidade, legitimidade e singularidade da marca. Um propósito autêntico fortalece governança e reputação, principalmente na adversidade.

Na era digital, a autenticidade é primordial. Um propósito legítimo, alinhado à cultura e valores, conquista e mantém credibilidade. Essa conexão multidimensional garante que governança e reputação se retroalimentem, promovendo longevidade e impacto positivo.

A abordagem P2P – From Purpose to P&L (Do Propósito ao Resultado) – que adotei nos últimos anos, avalia como um propósito se materializa em plano executivo com resultados consistentes. É uma reflexão crítica para que a governança seja um motor de desenvolvimento, e não só uma formalidade.

No setor de Beleza e Cuidados Pessoais, que recentemente lançou um novo posicionamento voltado ao Cuidado Integral, o processo de gestão estratégica foi fundamental. O trabalho de vários meses junto aos principais players de mercado só foi possível pela governança sólida e reputação coerente do setor.

A promessa de cuidado integral está suportada pela credibilidade da toda a cadeia: inovação, capital humano, melhores práticas de inclusão e diversidade, investimento em ativos de manufatura, construção de marcas fortes e respeitadas e um profundo conhecimento do consumidor, traduzido em narrativas sustentáveis.

O posicionamento conecta-se com o dia a dia das pessoas, valorizando o bem-estar físico, mental e social como prova inequívoca da proposta de valor do Setor de Beleza e Cuidados Pessoais para a sociedade.

O mercado brasileiro de Beleza e Cuidados Pessoais ocupa a 3ª posição no ranking global, representa 2% do PIB, gera 7,1 milhões de empregos e construiu, em quase duas décadas, o maior programa estruturante de logística reversa do Brasil: Mãos pro Futuro.

A relação entre governança e reputação é decisiva: sem governança, o discurso perde substância; sem reputação, a governança não encontra eco.

A legitimidade nasce do alinhamento entre propósito, governança e reputação. Investir nessa tríade não é custo, mas condição de sobrevivência em um mercado que exige autenticidade e consistência.