A personalização revela mais sobre quem somos do que imaginamos
E quando a inteligência artificial entende o que queremos antes de nós mesmos, quem cria o impulso e o desejo de comprar?
A personalização vive uma nova era. Já não depende de cliques declarados, formulários ou cookies. Agora, a experiência de compra já é moldada no instante em que acontece, guiada por padrões de comportamento, contexto de uso, geolocalização. A vitrine muda sem que ninguém precise dizer nada, basta você parar por um segundo a mais ou passar reto sem nem se interessar. A tecnologia observa, aprende e devolve ao consumidor uma versão refinada de seus próprios desejos.
Esse é o ponto em que a inteligência deixa de ser reativa e passa a se antecipar. Ao invés de testar produtos, compreende sinais, compara comportamentos. Funciona como um espelho que revela fragmentos da identidade de cada pessoa, traduzindo hábitos em narrativas personalizadas. E é exatamente isso que torna essa experiência poderosa! Basicamente, abra seu perfil do TikTok e te direi quem és e do que gostas, e muito melhor do que se você mesmo me disser. O usuário deixa de fazer parte de um cluster para ter a sua própria jornada, que é única.
Lembra de quando a gente fazia marketing clusterizando clientes em grupos? O cliente que teve filho e virou pai. A partir daí, as campanhas, comunicações e produtos, eram “personalizados” para todos que tiveram filhos e ficavam ali por meses a fio e com a mesma comunicação padrão. Mas será que todos os pais são iguais e querem as mesmas coisas da mesma forma? E os outros interesses? E as formas de se comunicar? As outras facetas dessa pessoa, que tem diferentes desejos, vontades e comportamento de compra, eram ignoradas.
O avanço da inteligência artificial (IA) deu para esse movimento ainda mais relevância e escala para a personalização nos mínimos detalhes. Você pode imaginar como isso funciona no e-commerce internacional. São pessoas comprando de diversos países do mundo, com hábitos diferentes, e centenas de milhões de produtos. Como mostrar o produto certo para a pessoa certa e no momento certo? O que aparece na tela não é aleatório, mas reflete comportamentos, interesses e contextos de navegação em tempo real. A escolha deixa de ser apenas do consumidor e passa a ser compartilhada com a inteligência que o acompanha.
A personalização preditiva traz eficiência e conveniência sem precedentes e o dado deixa de ser somente informação e entra no território das emoções, levantando uma questão essencial. Quando a IA entende o que queremos antes de nós mesmos, quem cria o impulso e o desejo de comprar?
Para um mercado que caminha para o pós-cookie, esse modelo abre uma avenida de possibilidades. Um relatório da Deloitte mostrou que cerca de 85% dos usuários de internet já utilizam navegadores ou extensões que bloqueiam cookies. Essa realidade força as empresas a abandonar a dependência de dados de terceiros e a construir uma nova estratégia.
Em um mundo em que 73% dos brasileiros se frustram com experiências genéricas e 68% dos consumidores globais esperam interações mais inteligentes, marcas que entenderem esse novo fluxo entre dados e desejo estarão um passo à frente. Não é sobre clusterizar. É sobre entender melhor.