O poder das narrativas na Era Digital

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Opinião

O poder das narrativas na Era Digital

A tecnologia está desaparecendo, abrindo espaço para discussões que não são sobre tecnologia-pela-tecnologia


1 de junho de 2018 - 10h42

Crédito: ChinnawatNgamsom/iStock

Passei três dias entre workshops, painéis e muitas conversas incríveis no evento C2, que acontece anualmente em Montreal, Canadá, e está na sua 7a edição. Uma espécie de mini SXSW mais intimista e frequentado pela liderança sênior de grandes empresas, CMOs, CDOs, designers, artistas e quem busca inspiração, quebra de paradigmas e fazer muitos contatos via braindates — encontros facilitados pela plataforma digital do evento. A C2 possui como fundador ninguém menos que o Cirque du Soleil.

A experiência do evento começa antes de chegar a Montreal. Ao receber a confirmação da inscrição por e-mail, você é levado ao site da plataforma digital do evento (Klik) onde pode montar uma agenda personalizada e selecionar temas. Ao baixar o aplicativo, a agenda já aparece montada e começa a mostrar pessoas para “klikar” (adicionar a sua conta), baseado no seu perfil.

Optei por me hospedar em um Airbnb e, Jason, o proprietário, me enviou um código promocional da empresa Téo, plataforma no modelo Uber composta 100% por veículos elétricos ou híbridos. Enviou também um link para baixar o app August, que é usado para acessar a fechadura eletrônica do apartamento. O setup é facílimo com login via Facebook e uma conexão direta com o Airbnb via APIs (troca de dados automática entre aplicativos).

Chegando em Montreal, chamei um Tesla modelo X pelo Téo, abri o apartamento pela fechadura eletrônica com o August, deixei as malas e fui para o evento. Lá, recebi um crachá inteligente (LEDs RGB, bluetooth e WiFi!), o qual se conecta ao app do evento e aos diversos pontos de venda do local, acessos etc. Ele pode ser usado para fazer pagamentos digitais usando o cartão associado à conta e fazer “kliks”. Ao pressionar um badge próximo ao outro, os LEDs piscam e o perfil da pessoa “klikada” aparece em seu app em tempo real permitindo conectar via LinkedIn.

Por trás de todas essas experiências digitais, existe um aparato tecnológico complexo, mas o que importa é que elas “apenas funcionam”. Vivemos até agora uma época onde a tecnologia muitas vezes era uma promessa. Começa uma nova fase, onde funciona de verdade e já estamos preparados e educados para usá-la. As experiências vão apenas “acontecer” encima de um conjunto de tecnologias complexas que agora já é commodity.

Com isso, a necessidade de criar narrativas coerentes e focadas nas pessoas se torna ainda mais importante. Esse foi um dos principais temas que vi emergindo no evento. Da organização às palestras, a tecnologia está desaparecendo, abrindo espaço para discussões que não são sobre tecnologia-pela-tecnologia.

No workshop em que participei sobre o futuro do varejo, a discussão não era sobre beacons ou aplicativos, mas o papel do comércio local e as experiências premium, de descoberta e curadoria que pode proporcionar, ou como conectar aos meios de transporte, por exemplo. Tudo isso vai exigir muita tecnologia, mas com uma narrativa de experiências bem humanas: passear, descobrir, conversar etc.

Uma das melhores apresentações do evento foi sobre a evolução do uso de dados avançados como fonte de informações para construir histórias sobre usuários de produtos na indústria da música. Uma ação apresentava para cada usuário quais estilos musicais mais ouviu, passou a informar quais bandas descobriu recentemente e, atualmente, vai muito além, contando histórias baseadas em inteligência de dados de toda a base de usuários. Por exemplo, identificaram quais eram as músicas preferidas dos canadenses quando estão viajando de carro nas férias ou que o bairro hipster de Williamsburg (NY) tem como artista mais ouvido Justin Bieber, para surpresa de todos.

Essas narrativas dão sentido à tecnologia e os vencedores digitais serão aqueles que sabem contar histórias e criar narrativas humanas.

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