21 de novembro de 2018 - 13h29
Créditos: wellphoto/iStock
Depois desta recente eleição presidencial brasileira, não há mais dúvidas de que mudou radicalmente a forma como as pessoas consomem notícias. O resultado do pleito mostrou que é possível um candidato sensibilizar a opinião pública sem ocupar as emissoras de TV em entrevistas, debates e, até mesmo, propaganda eleitoral. Meses antes, a Reuters já havia publicado um estudo no qual constatou que 48% dos brasileiros afirmaram tomar conhecimento das notícias pelo WhatsApp.
Ou seja, poucas pessoas ainda mantêm o hábito de ir até uma banca de revistas e comprar qualquer tipo de mídia impressa para se manterem atualizadas. As notícias alcançam milhões de pessoas pelos links enviados por amigos e familiares e pelas redes sociais. Nos smartphones, o Google Notícias, o 3º app gratuito mais baixado dessa categoria no Brasil, antes de G1, UOL e Globo.com, endereça seis bilhões de cliques por mês para portais ao redor do mundo, segundo o blog Neil Patel.
E, quando alguém deseja alguma notícia mais específica, como saber quem acaba de ser nomeado ministro ou como foi o desfile do estilista preferido na semana de moda, é no Google que vai procurar. E aí, em meio a esse turbilhão de notícias disponíveis em diferentes plataformas, já não é mais possível distinguir onde obtivemos uma informação, se ela veio de um blog, de um portal de notícias ou até mesmo de um influenciador digital.
E tudo isso, com certeza, impactou fortemente o universo das relações públicas. Até pouco tempo, as empresas contratavam as agências de comunicação esperando uma visibilidade forte, constante e positiva na imprensa, sobretudo na mídia impressa. Mas, e agora, com a disruptura que estilhaçou o universo da mídia, como alcançar o público, transmitir mensagens e influir no mercado sem deixar de lado a qualidade do conteúdo?
Se os leitores de notícias são impactados pela informação que chega pelos dispositivos móveis, é essa a realidade com a qual o assessor de imprensa terá que lidar. Os profissionais terão que incorporar os elementos da comunicação digital, do marketing de conteúdo e do inbound marketing se quiserem alcançar os leitores para levar a mensagem dos seus clientes.
Para começar, é necessário identificar as personas envolvidas no universo de atuação da empresa que desejam alcançar com o trabalho de comunicação. Em uma segunda etapa, entender como chegam até as informações. O trabalho de relações públicas antes preocupava-se em manter os clientes expostos nas mídias de primeiro foco, ou seja, aquelas que atingiam um público interessado especificamente em um tema como tecnologia, saúde, educação e turismo. Mas, agora temos de ir mais longe: entender quais são as fontes de tráfego na web dos leitores que desejamos impactar. Com isso, iremos nos surpreender constatando, por exemplo, que um empresário do segmento de TI é leitor assíduo de um portal de notícias direcionado aos profissionais de marketing, por meio de pesquisas realizadas nos principais buscadores. Anteriormente, pressuporíamos que suas fontes de informação seriam prioritariamente publicações especializadas em tecnologia.
Entretanto, não fique assustado, colega jornalista/RP, com conceitos que surgiram dentro dos ambientes digitais, pois o conteúdo continua sendo a alma do trabalho. Sim, a qualidade da pauta continua sendo fundamental, mas agora se tornou possível entender de forma muito mais precisa quais são os principais interesses dos editores de notícias e dos próprios leitores, mapeando palavras-chave pelas ferramentas de analytics, cada vez mais utilizadas nas técnicas de SEO.
Com tudo isso, conseguimos também melhorar a forma de mensurar os resultados dos trabalhos de RP, incluindo elementos tangíveis que há décadas são uma cobrança por parte dos clientes das agências. Quem nunca ouviu um cliente questionar a matéria publicada sobre sua empresa na capa do maior jornal econômico do País, uma vez que isso não repercutiu nas vendas daquele mês? Os resultados do novo trabalho de assessoria de imprensa devem ir além da conquista de boas matérias que garantem a reputação porque pode contribuir também de forma direta (e tangível) para reforçar a estratégia de marketing e de negócios. Como? Pode ajudar a gerar tráfego em sites e blogs corporativos, melhorar a posição do cliente nas pesquisas no Google, entre outros resultados.
Enfim, não estamos diante de um cenário escuro como grande parte pressagiou. Ao contrário, temos muito trabalho pela frente para evoluir na direção de uma comunicação corporativa efetiva.